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Reflexões Sobre A Crise Internacional Mundial -2014

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Por:   •  6/10/2014  •  663 Palavras (3 Páginas)  •  375 Visualizações

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Nos anos anteriores à atual crise não faltavam interpretações de que assistíamos a um "novo paradigma da economia mundial". "Desta vez era diferente", argumentava-se. Acreditava-se que as autoridades econômicas de todos os países haviam dominado a tecnologia de extinguir os ciclos econômicos. Não somente os fatos passados apagavam-se rapidamente da memória das pessoas, como crescia a crença de que o mundo vinha passando por mudanças tais que fora criado um novo padrão que garantia crescimento acelerado praticamente sem riscos. Em segundo lugar, a inteligência levou à criação de técnicas sofisticadas, porém herméticas. O sistema bancário não mais conservava os empréstimos no ativo de seu balanço até o vencimento, distribuindo-os através de "veículos especiais". Julgava que com isso passaria adiante o risco, mas esquecia-se que eram eles mesmos que financiavam as posições alavancadas desses ativos nos balanços de terceiros e, mesmo cobrindo-se dos riscos com "swaps de default de crédito", não poderiam fugir do risco de uma queda generalizada de preços dos ativos.

Neste novo mundo, acreditava-se que não havia a necessidade de que a totalidade das instituições financeiras fosse submetida à supervisão prudencial. Primeiro, porque os riscos econômicos haviam caído. Segundo, porque o mercado seria perfeitamente capaz de se autorregular. Terceiro, porque a maior liberdade de ação induziria ao florescimento de "inovações financeiras" que estimulariam mais e mais o crescimento econômico. Criou-se assim um sistema bancário paralelo, fortemente alavancado, que supostamente era visto como o grande responsável pela viabilização dos investimentos das corporações, subjacentes ao crescimento mundial acelerado. A ilusão de que os riscos haviam desaparecido convidava ao aumento da alavancagem, multiplicando os lucros, o que era excelente enquanto cresciam os preços dos ativos.

Naquele admirável mundo novo, os EUA adquiriram o papel do "grande consumidor mundial", com o crescimento do valor de mercado da riqueza das famílias, gerado pela bolha nos preços dos ativos, trazendo suas poupanças praticamente a zero e elevando os déficits nas contas correntes a proporções inéditas. Mas isto não seria um problema, porque a China continuaria perseguindo o modelo do crescimento voltado para as exportações, mantendo o yuan subvalorizado e gerando enormes superávits nas contas correntes, com os quais compravam títulos do tesouro dos EUA financiando os déficits destes nas contas correntes. Mais do que isto, o yuan subvalorizado fazia com que a China exportasse deflação para os EUA, o que abria o espaço para que o Federal Reserve mantivesse a taxa de juros permanentemente baixa, sustentando o crescimento do consumo. Caminhávamos para um mundo "sinocêntrico", ou o que alguns críticos de língua inglesa chamaram jocosamente de "Chimerica", no qual se acreditava que havia um círculo virtuoso, com elevado crescimento econômico e baixa volatilidade dos preços dos ativos.

Mas uma coisa são riscos e outra, diferente, são as incertezas. Os riscos são mensuráveis e os mercados podem proteger-se deles de várias formas. A incerteza é algo muito diferente, e deriva da imprevisibilidade de eventos, como mostrou Frank Knight ainda em 1923. E é a incerteza que levou Keynes a lançar advertências

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