Resenha Critica
Por: Neo Santos • 22/10/2016 • Relatório de pesquisa • 1.443 Palavras (6 Páginas) • 457 Visualizações
Era dos Extremos: A Era da Guerra Total
Eric Hobsbawn
Por que Hobsbawn refere-se à Primeira e a Segunda Guerra Mundial como uma única Guerra ou Era da Guerra Total?
Não há como compreender o Século XX sem entender o contexto de guerra e seus desdobramentos, a análise que Hobsbawn faz sobre esse período é bastante interessante e ele aponta detalhes pontuais que fazem sentido ao compreendermos os acontecidos sob a sua ótica.
Ele vai dizer que o que aconteceu foi uma única Guerra com um breve intervalo chamado de “entreguerras”. Muitas coisas estão relacionadas além de estipular um início e um fim para os conflitos que aconteceram, justamente é o que Hobsbawn vai apresentar, todo o contexto e circunstância que giravam em torno dos conflitos é que de fato serão denominados como Guerra Total. Os interesses dos países envolvidos são a base para o confronto.
A Primeira Guerra trouxe uma ruptura quando inaugurou a “Era do Massacre”. Basicamente era como se antes após 1914 não houvesse sentido em um tempo denominado “Paz”, não havia uma continuidade com o passado, era um novo tempo, o maior conflito de guerra após um século sem guerras, ainda mais um conflito tão grande que envolvesse todas as grandes potências mundiais. As batalhas em campo, deslocaram pessoas de vários lugares do mundo, batalhas navais também fizeram parte significativamente desse período.
A Alemanha luta em duas frentes, com o objetivo de liquidar a França no Ocidente a Rússia no Oriente. A “Frente Ocidental” de combate da Alemanha, se deu com o avanço sobre a França que estava resguardada com o apoio Belga e Britânico.
As lutas nesse contexto duraram cerca de três anos e meio, os soldados se enfrentavam em trincheiras sob as condições mais degradantes, viviam como ratos pelas trincheiras entre incessantes bombardeios. A memória daqueles que lutaram nessa primeira parte da Guerra foi grandemente marcada pelos horrores que vivenciaram, naquilo que chamam de “Grande Guerra”, o número de mortos e baixas entre os soldados, fora os que retornaram mutilados e desfigurados eram absurdamente altos. A França perdeu cerca de 20% dos seus homens em idade militar, a Grã-Bretanha perderam uma geração inteira, cerca de meio milhão de homens com menos de 30 anos, isso como diz Hobsbawn, demonstra a natureza assassina da Frente Ocidental de batalha, ele também vai dizer que os horrores desse período trouxe consequências notórias em vários setores: “Sem dúvida, a própria experiência ajudou a brutalizar tanto a guerra como a política: se uma podia ser feita sem contar os custos humanos, ou quaisquer outros, por que a outra não?”.
Confrontos esses que não eram mais motivados por um cunho ideário ou ideológico, mas sim por uma gana excessiva de conquistas de território, poder e ampliação de influências. Essas questões presentes na Primeira Guerra Mundial vão inaugurar o que ele chama de “Era do Massacre” , a quantidade absurda de mortos em combate não se comparam à nenhum outro momento na História do Mundo, além do que, nunca antes houve um conflito onde todas as grandes potências mundiais estivessem envolvidas por completo.
Uma grande maioria dos soldados que serviram nesses combates saíram inimigos convictos da Guerra, por vivenciarem de perto os absurdos da linha de frente, já outros saíram da guerra aprendendo a partilhar da morte e coragem como sentimento de superioridade, esses formariam a linha de frente do pensamento de extrema direita no pós-guerra , exemplo Disso: Adolf Hitler, que vai entender e aplicar na prática essa ideia que a guerra e a política poderiam ser levadas a qualquer custo. Esse é um dos outros pontos que Hobsbawn vai apontar como exemplificando Hitler como o grande articulador e responsável pela Segunda Guerra Mundial.
A Guerra ilimitada atingia frentes e não exigia escrúpulos para tal, vemos como uma das estratégias adotadas os ataques a suprimentos transportados pelo mar, com o intuito de desestabilizar a estrutura econômica e atingir a população civil como objetivos em situação de guerra, e por isso, Hobsbawn chama de Guerra Ilimitada, não era mais uma questão de defesa ideológica, Grã-Bretanha e França possuíam objetivos muito diferentes de conquistas. A Grã-Bretanha lutava para manter eu poderio e aumentar sua atuação comercial marítima a França queria conter o possível crescimento demográfico da Alemanha, ou seja, enquanto os Britânicos defendiam uma questão comercial os Franceses defendiam um posicionamento demográficos maior, obviamente se depararam com um inimigo em comum, a Alemanha, que queria tanto a liderança comercial quanto a expansão territorial, e para isso não veria limites em travar uma Guerra que tivesse como prêmio a satisfação de seus objetivos.
Por esse fato, Hobsbawn vai dizer que nessas circunstâncias, um acordo para satisfazer os lados era quase impossível, por que não se tratava de uma satisfação de conessões, mas sim uma conquista independente de ser uma ou outra, tudo ou nada.
Como disse, não era uma luta por ideais e sim uma questão de tudo ou nada, ou se ganha tudo ou se perde tudo, a Primeira Guerra trouxe consigo também o elemento da Guerra Ilimitada, vale de tudo para se conseguir tudo ou então sai-se da Guerra sem nada. Nesse contexto, não há humanidade.
Nesse contexto Imperialista, os objetivos só seriam satisfeitos se obtidos a qualquer custo, aspirações de dominação e superioridade estavam presentes, não havia possibilidade de acordo, era a chamada Vitória Total.
A Primeira Guerra Total, levou vencedores e vencidos a completa exaustão e prejuízos não só econômicos, como também sociais irremediáveis. A Fragilidade em que se encontravam pós-guerra foi crucial , Hitler aproveitou-se dessa brecha para conseguir por em prática seus planos logo no início da Segunda Guerra.
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