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Resenha Critica Na Idade Média: Tempo da Igreja e Tempo do Mercador

Por:   •  5/6/2018  •  Resenha  •  563 Palavras (3 Páginas)  •  1.236 Visualizações

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Resenha Crítica

LE GOFF, Jacques. “Na Idade Média: Tempo da Igreja e Tempo do Mercador”. In: Para um novo conceito de Idade Média. Lisboa: Editorial Estampa. 1980. p.43-60.

O livro “Para Um Novo Conceito de Idade Média”, de Jacques Le Goff, historiador francês, foi membro da terceira geração da escola dos Annales, especialista em história da Idade Média, cuja edição original ocorreu em 1977 com o título “Pour Um Outre Moyen Age”, reúne artigos do autor sobre a cultura, o tempo e o trabalho no ocidente. 

Um dos temas que Jacques aborda no primeiro capítulo é: O Tempo da Igreja e o Tempo do mercador, com a expressão “tempo”, Jacques refere-se à forma de pensar, pois no referido tempo da igreja, havia muita limitação e no tempo dos mercadores essa limitação foi deixada de lado, possibilitando a exploração do espaço através das rotas comerciais.

A ideia central do texto é o antagonismo presente nas concepções de tempo, principalmente de “venda de tempo”, para a classe mercante e para a Igreja. A primeira vê o preço do tempo como a exploração do espaço através de rotas comerciais, pois, nesse ato, a duração essencial passou a ser de um percurso, e com a demora das navegações, se exigiu um controle sobre o tempo; já para a segunda, o tempo era sagrado e divino, não tinha caráter humano, e não podia ser comercializado, fazendo tal ato, um sacrilégio.

O autor formula uma hipótese e faz do seu texto um jogo de argumentação e contextualização da formulação e comprovação de sua hipótese. Le Goff tem como objetivo mostrar uma Idade Média diferente, uma Idade Média que envolve a história do cotidiano, nos seus costumes e suas crenças, nos seus comportamentos e mentalidades.

Outras ideias apresentadas pelo historiador são as divisões da sociedade, uma sociedade dividida em três diferentes ordens: “oratores. bellatores e laboratores”, sistema que atendia às aspirações de meios leigos e clericais, de consolidar mais tarde, a formação de monarquias nacionais. Essa sociedade conseguiu promover a consagração ideológica do camponês, que se afirma na atividade econômica com uma valorização de caráter ambíguo, pois o triunfo de seu trabalho visa essencialmente o aumento do rendimento e a resignação dos trabalhadores. Essa valorização, por outro lado, reflete a pressão da massa trabalhadora na mentalidade da época. Por fim, examina o trabalhador agrícola como personagem totalmente ausente da literatura da Alta Idade Média, cuja doutrina não favoreceu o trabalhador singelo. O camponês é considerado um monstro, sendo apresentado pelas camadas mais altas da sociedade, um objeto de perigo. Tornando-se um vilão, e permanecendo na literatura como um adicto, analfabeto e perigoso. Também cita um possível encontro dessas duas temporalidades, ficando como responsabilidade da igreja através do pensamento crítico, difundido nas universidades medievais europeias, permitindo ao mercador unir seu tempo prático de trabalho ao tempo de espiritualidade cristã.

Por fim, o francês afirma que o tempo usado na prática do ofício profissional, por parte do indivíduo, não era o mesmo no qual dedicava à vida religiosa, e no que tange o Tempo da Igreja e o Tempo do Mercador, é a noção de eventos sucessivos determinados pela necessidade de Deus, onde ocorre uma explicação justificada das atividades do mercador. As conquistas profissionais/pessoais passam a serem vistas como dádivas, se estabelecendo uma relação entre Conquista e Salvação, relação intrínseca principalmente no trabalhador protestante. Também consegue despadronizar a visão da Era Medieval, estudando-a por múltiplas visões e complementares.

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