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Resenha Mídia E Política

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Por:   •  7/2/2014  •  1.670 Palavras (7 Páginas)  •  276 Visualizações

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Universidade Federal de São João Del Rei

Aluna: Camila da Silva Lacerda Curso: História Período: 7º

Disciplina: Mídia e História Professora: Cássia Rita Louro Palha

Resenha

“Tornou-se lugar-comum dizer que, em nossas sociedades, a mídia é quase onipresente. Somos bombardeados por ela. Só nos últimos 30 anos, a humanidade produziu mais informações do que nos cinco milênios precedentes. Os meios de comunicação alteram nossa maneira de ver o mundo que nos cerca (...)” (MIGUEL, 2000, pg. 192)

Existe também a instrumentalização da mídia pelo poder, como por exemplo, a DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda) durante o Estado Novo não foi algo secundário na formação do regime. Foi fundamental para legitimar e dar estabilidade ao governo; e muito mais, está na raiz do mito criado em torno de Getúlio Vargas, que permaneceu atuante depois da redemocratização. Mais notável ainda é a atuação da mídia, em principal a Rede Globo de Televisão, durante o regime militar, suas telenovelas desempenharam um papel importante na difusão do mito do milagre brasileiro. Símbolo “vivo” da prosperidade doméstica, o televisor passou a estar presente em milhares de lares brasileiros, e mostrava constantemente a prosperidade nacional.

Um exemplo de manipulação do telespectador mais notável foi à cobertura feita pelo JN sobre a campanha por eleições diretas para presidente da República, a foi denominada a Campanha das Diretas Já, de 1984. No texto escrito por Eugênio Bucci, ele fala que a globo tapeou o telespectador. E ainda fala que o que o motivou a escrever esse artigo foi discutir de modo sereno a relação dos brasileiros com sua própria memória. Esta relação passou a ser uma memória mediada muitas vezes pela televisão.

Ele relata que a cobertura feita pelo JN no dia 25 de janeiro, adotou um tom diverso, dando a entender que a manifestação da Sé era apenas mais uma das solenidades que comemoravam o 430º aniversário da cidade de São Paulo, cuja a data coincidiu com o “Comício das Diretas”.

Bucci faz um contra ponto a um artigo de um repórter (Ali Kamel) que o contradiz, dizendo que a globo não tapeou o telespectador. Kamel cita que o Jornal Nacional noticiou adequadamente o comício, dando-lhe o significado político que ele realmente teve. E para fundamentar seu argumento ele transcreve a fala do repórter do JN.

“Na fala, aparece a menção ao pedido de eleições diretas e, se existe a menção, a noticia teria sido corretamente levada ao público. Bem, a conclusão não procede. Apesar da menção às diretas, a fala do repórter, segundo a versão agora apresentada, só faz comprovar a distorção deliberada praticada pelo Jornal Nacional com o objetivo de revestir o ato da praça da sé de um caráter mais artístico, festivo e comemorativo do que político.” (Bucci,2004, pg.192)

A Rede Globo boicotou em todos os seus telejornais o movimento das massas, no período de 1983 e 1984, o povo foi às ruas pedindo eleições diretas, “a globo foi recuando, recuando, até se render completamente na reta final” (Bucci,2004, pg.193).O comício do Rio de Janeiro, que ocorreu na Candelária, no dia 12 de abril de 1984, segundo o autor, mereceu uma cobertura sem restrições do Jornal Nacional.

“Sem o apoio do regime militar, que elegeu a Globo como favorita, talvez não tivéssemos no Brasil o ‘padrão Globo de qualidade’.” (Bucci,2004, pg.229)

No artigo “Televisão e política: o mito Tancredo Neves entre a morte, o legado e a redenção”, a autora aborda sobre programas da Rede Globo de Televisão em mais específico o programa Globo Repórter onde mostra e homenageia Tancredo Neves, existe também uma construção de um mito pelo programa e ainda o relaciona a Tiradentes.

“Embora toda imagem política mitificada seja constantemente reatualizada na arena da disputa simbólica sob a forma de múltiplas ressonâncias e significações – basta lembrar como a imagem de Getúlio Vargas é utilizada pelas mais divergentes correntes partidárias possíveis -, é plausível dizer que as construções em seu entorno obedecem a uma arquitetura narrativa cujos traços se fundamentam numa ordenação praticamente orgânica.” (PALHA,2011, pg.217)

No mesmo ano que se comemora o centenário da morte de Tiradentes e também o 25º da morte de Tancredo, o texto aborda as construções simbólicas em torno de sua imagem transmitida pela mídia nacional.

Como a RGT seguiu em apoio ao processo eleitoral indireto urdindo sentidos em torno da imagem e posteriormente da mitificação política de Tancredo Neves, mediando pelas telas o espaço mais imediato de contato entre sociedade política e sociedade civil. A televisão era um espaço privilegiado de formação da opinião pública em suas muitas trocas e também ressignificações simbólicas, de produção de determinada memória nacional, num país que se habituava cada vez mais, ao que Palha chama de se re-conhecer pela televisão.

Foram exibidos 5 programas direcionados a figura de Tancredo entre o período de 17 de janeiro a 15 de agosto do ano de 1985, o primeiro programa do Globo Repórter foi ao ar em abril de 1973, programas que foram patrocinados pela empresa Shell, porém como o programa mensal foi um sucesso para o público, a empresa decidiu dar continuidade ao programa, com uma equipe de vários cineastas renomados da época. E mesmo com toda censura interna e externa da época o Globo Repórter conseguiu um tom diferenciado frente ao telejornalismo da emissora. E após vários desgastes entre a Central Globo de Jornalismo e a direção do programa e sua equipe o Globo Repórter se modificou, tomando a forma de um modelo americano de ‘jornalismo espetáculo’.

O programa exibido pelo GR logo após a morte de Tancredo Neves (Tancredo Especial, de 24 de abril de 1985) foi fundamental para a construção do perfil do ex. presidente e ainda torna-lo memorável para a historia, e ainda foi associado à memória de Tiradentes.

Já na abertura do programa o repórter começa dizendo:

Esta noite, quando a histórica São João del-Rei enterrou o seu presidente, reuniu num só destino dois filhos ilustres de seu chão. Tancredo de Almeida Neves e

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