Resenha critica
Por: Gabriela Bertin • 22/10/2015 • Resenha • 3.150 Palavras (13 Páginas) • 470 Visualizações
Aluna: Gabriela Cristina Bertin
1°Ano - Diurno - HIST.
RESENHA CRÍTICA
GONÇALVES, Ana Teresa Marques. A Noção de Propaganda e sua Aplicação nos Estudos Clássicos: O Caso dos Imperadores Romanos Septímio Severo e Caracala/Ana Teresa Marques Gonçalves. Jundiaí, Paco Editorial: 2013. 284 p.
1. APRESENTAÇÃO DA AUTORA
Ana Teresa Marques Gonçalves é bacharel licenciada em História pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1991), Mestre em História Social (1997) e Doutora em História Econômica (2002) pela Universidade de São Paulo. Leciona História Antiga na Universidade Federal de Goiás.
2. APRESENTAÇÃO DE ESTRUTURA E CONTEÚDO DA OBRA
O livro é dividido em Apresentação, Prefácio, 3 capítulos e Considerações Finais.
Em sua Apresentação, a autora expõe os principais assuntos tratados no texto, discute sobre a imagem pública, explica a razão de estudarmos os períodos de Septímio Severo e de seus filhos, Geta e Caracala neste contexto e compara a arena política romana a um palco de espetáculos e a atuação dos homens públicos com aquela fornecida pelos atores.
O Prefácio, escrito por Norberto Luiz Guarinello, orientador de doutorado da autora, serve como um pequeno comentário introdutório sobre o livro, Guarinello apresentando o estilo de escrever da autora, evidencia os méritos do livro, como a diversidade de documentação utilizada, e deixa clara sua opinião pessoal de grande satisfação ao apresentar o livro ao leitor.
Em seu primeiro capítulo, Imagem e Propaganda no Estudo do Inicio do Período Severiano (193 a 217 d.C.), a autora estabelece, inicialmente, um balanço historiográfico sobre o conceito de Monarquia Militar que é associado ao período dos Severos, por ter sido um momento histórico marcado por vários conflitos bélicos. Septímio teve que disputar o poder sucessivamente com Dídio Juliano, Pescênio Nigro e posteriormente com Clódio Albino para se estabelecer como chefe único do Império romano. Ainda depois de sua morte, seus filhos, Geta e Caracala manifestam claramente sua rivalidade, Caracala ordena a Morte de Geta pelos seus centuriões, buscando apoio dos Pretorianos, mas alguns anos depois é assassinado por Macrino, seu prefeito do Pretório.
Com diversas citações importantes de grandes autores, Ana Teresa mostra como as condições de chegada ao poder de Septímio, impuseram a ele, a necessidade de se apoiar no exército para garantir segurança do futuro para a duração de uma nova dinastia. Porem, a autora, em palavras próprias, expõe muitos argumentos contra a ideia dos Severos serem uma Monarquia Militar, ela apresenta outras possibilidades para o estudo dos governos dos primeiros Severos, diz que de modo algum Septímio Severo foi hostil ao Senado, devido à tradição familiar e sua formação, o Imperador fez questão de ser legitimado pelo Senado quando entrou em Roma, da mesma forma, fez com que seus filhos também fossem aceitos como seus herdeiros pelos senadores. Relembra também que Septímio nunca foi um general de carreira e descendia de uma família extremamente ligada ao Senado. A autora também apresenta Septímio muito próximo da carreira civil e jurídica muito antes de se ingressar na carreira militar, explicando assim a grande importância que o Imperador dava às leis e o fato de estar sempre cercado de jurisconsultos.
Em seguida, autora dá ênfase ao fato de Septímio ser um grande estrategista, estando sempre no comando, durante guerras internas e externas, planejando as operações táticas, mas sempre deixando a frente das legiões para os seus generais de confiança. O Imperador era um grande "organizador de vitórias", ela também deixa claro que o sucesso de Septímio nas guerras civis foi devido, em maior parte, aos seus generais, seus governadores, comandantes do exército e amigos influentes, mostrando assim que o Imperador não se apoiava somente nas forças militares, mas também em suas conexões políticas e com o Senado.
Depois, ainda apresenta uma breve discussão sobre Poder, no qual afirma que deva ser entendido como uma forma de comunicação, na qual a autoridade deve exercer a influência sobre os segmentos sociais, devendo atingir um consenso social que seja capaz de permitir à pessoa que ocupa a posição em destaque político, governar um grande território, pelo maior tempo possível.
Assim, logo em seguida, ela desenvolve a ideia de imagem, de como um governante deve transmitir sua imagem a seus súditos, a autora afirma que o soberano possui a obrigação de governar de maneira exemplar, porém se for impossível atingir esse ideal na prática, deve-se ao menos passar essa imagem aos seus súditos. As imagens, sozinhas, não inspiram a confiança dos súditos, mas contribuem muito para isso, pois o próprio soberano se torna o símbolo da ordem e da unidade. As representações de poder do Governante, segunda as expectativas dos governados, criam em seus subconscientes a afirmação da competência em governar, promovendo assim a aceitação do poder concedido ao Imperador. Gonçalves enfatiza que a autoridade não pode ser confundida com legitimidade, em suas relações com o poder, a autoridade e a legitimidade estão bem entrelaçadas, pois a aceitação do poder muitas vezes é o principal critério da autoridade, enquanto o sucesso era uma fonte importante da legitimidade. A autora ainda afirma que a autoridade adquirida pelo governante auxilia a legitimar o próprio poder e o governo.
Ainda neste primeiro capítulo, Ana Teresa dispõe uma extensa discussão teórica e epistemológica sobre o conceito de propaganda. Ela apresenta a propaganda como uma difusora de gestos, ações, manifestos, discursos, slogans, obras escritas, imagens, que se propõe a exercer uma certa pressão psicológica sobre a opinião pública , para fortalecer ou enfraquecer alguma ideia, uma pessoa, se tornando assim uma persuasão oculta, manipulando a opinião pública, seria necessário utilizar da imaginação e da criatividade para manipular a realidade e deixar transparecer somente os fatos positivos que dizem respeito ao Imperador e ainda utilizar de símbolos com a intenção de unir a pátria, criar imagens e articulas informações para conseguir a coesão necessária.
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