Resenha do Artigo: Outras Histórias - As Mulheres e Estudos dos Gêneros
Por: Vinicius Maderi • 11/9/2018 • Resenha • 865 Palavras (4 Páginas) • 340 Visualizações
Resenha do artigo “Outras histórias: as mulheres e estudos dos gêneros – percursos e possibilidades”, de Maria Izilda Santos de Matos.
Vinicius Maderi – 5° semestre
MATOS, Maria Izilda Santos de. “Outras histórias: as mulheres e estudos dos gêneros – percursos e possibilidades”. In:___. Gênero em debate: Trajetórias e perspectivas na historiografia contemporânea. São Paulo: Educ, 1997.
Maria Izilda Santos de Matos é uma historiadora formada na Univerisdade de São Paulo (USP) (graduação e doutorado) e pós-doutora pela Université Lumiere Lyon 2 (França). Tem experiência na área de História, com ênfase em História do Brasil, atuando principalmente nos seguintes temas: historia, música, gênero, historia das mulheres e cidade.
Em seu artigo “Outras histórias: as mulheres e estudos dos gêneros – percursos e possibilidades” ela trata da importância da descoberta de “outras histórias” que estão favorecendo a inclusão das discussões sobre gênero e sobre mulheres na historiografia. Para Maria Izilda, a expansão desses estudos é um dos efeitos das mudanças que a historiografia teve nos últimos tempos.
“[...]por razões internas e externas, esses estudos emergiram da crise dos paradigmas tradicionais da escrita da história, que requeria uma completa revisão dos seus instrumentos de pesquisa. Essa crise de identidade da história levou à procura de 'outras histórias', o que levou a uma ampliação do saber histórico e possibilitou uma abertura para a descoberta das mulheres e do gênero” (p. 86)
A autora cita alguns importantes fatores para a mudança de paradigmas, como, por exemplo, a maior presença feminina nas universidades. Diz que, apesar de todas as reivindicações que ocorreram ao longo da história, foi só em 1975 que ganharam força, quando a ONU instarou como o Ano Internacional da Mulher.
A década de 1970 foi mesmo marcante na história do feminismo, em todos os âmbitos sociais. As mulheres “tornaram-se visíveis na sociedade e na academia, onde os estudos sobre a mulher se encontravam marginalizados da maior parte da produção e da documentação oficial” (p. 88). A partir daí os questionamentos da “heroicização” masculina, a descentralização dos sujeitos históricos passaram a ser fortemente levantados, abrindo espaço para o que Maria Izilda chama de “histórias de gente sem história”. Os olhares para o passado se tornavam plurais.
Entre os temas trabalhados por essa historiografia com novos paradigmas, a autora coloca como principais os estudos sobre a inclusão das mulheres no mercado de trabalho, a mulher no espaço urbano, a mulher na família (casamento, maternidade e sexualidade), a “cultura de resistência” a partir de Thompson. Mas ela também cita a questão das dicotomias nesses estudos:
“Contudo, torna-se cada vez mais necessário, sem esquecer a opressão histórica sobre as mulheres, superar a dicotomia ainda fortemente presente entre a 'vitimização' da mulher – uma análise que apresenta um processo linear e progressista de suas lutas e vitórias – e a visão de uma 'onipotência' feminina, que algumas vezes estabelece uma 'heroicização' das mulheres” (pp. 95-95)
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