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Resenha do livro "a civilização bizantina"

Por:   •  12/11/2017  •  Dissertação  •  2.389 Palavras (10 Páginas)  •  430 Visualizações

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Universidade Federal de Pernambuco

Centro de Filosofia e Ciências Humanas

Departamento de História

Disciplina de História Medieval

Professora: Christine Dabat

Aluna: Bárbara Galdino

Resenha sobre o capítulo VIII do livro de Steven Runciman “A Civilização Bizantina”

Recife, 10 de julho de 2017.

Introdução

         No capítulo “Vida Urbana e Vida Rural” de seu livro “A Civilização Bizantina”, Runciman se utiliza das poucas fontes disponíveis sobre o assunto para trazer aspectos gerais dos múltiplos âmbitos da vida cotidiana em suas diversas classes e localidades dentro do Império Bizantino. Para isso, embasa-se em exemplos de situações, regulamentos e características físicas a fim de tecer comparativos que permitam ilustrar caracteres mais amplos presentes nessa sociedade.

        Nesse sentido, trata-se também no texto de como seriam construídas noções como identidade nacional dentro do contexto cosmopolita do Império e de como isso permeia diversos pontos da vida dos cidadãos e de suas relações entre si, além do papel da religião e da ascendência grega para a consolidação desse processo identitário. Ressalta-se inclusive a singularidade da pluralidade de tal civilização, considerando a vastidão de culturas mescladas e ressignificadas dentro desse meio e como essas abundantes fusões de elementos seriam particularidades suas.

        Ademais, são abordadas as diferenciações nos estilos de vida urbanos e rurais, evidenciando juntamente como a estratificação social se constituía em cada um desses meios. Outrossim, frisa-se a importância da capital, Constantinopla, enquanto centro burocrático, comercial e cultural, representando o núcleo do poder imperial.

        Assim sendo, relatam-se desde caracteres arquitetônicos e geográficos até noções estéticas dos próprios indivíduos – em sua maioria de classes mais abastadas, dada a escassez de documentação e registros da vida privada dos mais pobres – para consigo mesmos a fim de expressar a atmosfera dessa capital e de seus arredores, trazendo o enfoque principalmente para a influência do comércio no fluxo de pessoas, riquezas e conhecimento. Dessa forma, fica claro que o fator econômico teria sido o principal para a acentuação das imigrações no Império.

         

        

        

        

1. Um império cosmopolita e miscigenado

        Dentro das mudanças ocorridas ao longo do Império Bizantino, o autor foca na constante agregação de diversas etnias estrangeiras à base racial dessa sociedade. Tal fenômeno teria se desenvolvido pela profusa e contínua imigração de indivíduos, ocasionada  principalmente pela atividade econômica na capital, que representava um atrativo tanto para viajantes aventureiros, como para comerciantes ricos. No caso do campo, não existem muitos relatos, mas sabe-se que havia estrangeiros nas comunidades rurais.

        Os casamentos mistos eram o principal fator de consolidação dessas mestiçagens, posto que “o estrangeiro convertido e naturalizado podia desposar qualquer bizantino, qualquer que fôsse sua origem [...]” (RUNCIMAN, 1961, p. 142).

        Sob essas condições, estrangeiros também podiam chegar a cargos políticos prestigiados no Império, fazer fortuna como mercadores e até atuavam no exército. Eles adentraram todas as esferas sociais e institucionais, mas o único espaço de poder que nunca lhes foi concedido foi o da Igreja, salvo a exceção do armênio Teofilacto.

        A partir desses aspectos, o autor conclui que

Havia muito pouco preconceito racial entre os bizantinos, seu sangue era misturado demais. Quem fôsse ortodoxo e falasse grego era aceito como cidadão. Seu profundo desprêzo pelos estrangeiros dirigia-se aos heréticos e selvagens ignorantes dos refinamentos da civilização imperial. (RUNCIMAN, 1961, p. 142)

Nesse sentido, nota-se a importância da religião para a consolidação e reconhecimento de uma identidade bizantina. Isso também pode ser atestado pelo fato dos judeus nunca terem sido assimilados ao Império, mesmo com colônias suas instaladas por todas as cidades bizantinas. Essa população, mesmo não sendo muito numerosa, estaria sujeita a perseguições periódicas e, no caso dos comerciantes, até a impostos mais altos. Havia a possibilidade de conversão, assim estariam sob as mesmas condições dos demais estrangeiros convertidos.

2. A capital

Desde o momento de sua fundação, Constantinopla dominou o império. A burocracia e as finanças centralizavam-se cada vez mais ali; sua posição fazia dela a chave econômica e estratégica de dois continentes. Para reger o império era essencial, em primeiro lugar, tomar Constantinopla. (RUNCIMAN, 1961, p.143)

  1. . Um centro comercial        

Ao mencionar Constantinopla, o autor, através de um comparativo com outras grandes cidades do período, afirma que não haveria de fato uma concorrência mercante equiparável à capital por volta do século VII.  A cidade era contornada por muralhas, à frente delas, na parte do litoral, encontravam-se múltiplos armazéns, depósitos e cais em que ancoravam os navios de mercadores.

Nesse sentido, é possível observar que “a nobreza freqüentemente entregava-se a atividades comerciais [...]” (RUNCIMAN, 1961, p. 159), sendo a corte imperial a maior casa de comércio de Constantinopla, monopolizando o negócio da seda. Havia também negócios com outros artigos, como  trigo, granjas e tecelagem.

Apesar disso, não seria possível acumular grande fortuna através dessas atividades comerciais, pois o Estado aplicava uma rígida regulamentação dos lucros no intuito de impedir que subissem muito. Outras regulamentações também afetavam a esfera mercantil, como o controle estatal do trânsito e migração de pessoas dentro do próprio Império.

2.2. Arquitetura e composição urbana

        Não existiam bairros residenciais de luxo na capital, estando todos os tipos de construções e moradias pertencentes às diversas classes sociais amontoadas.  Sobre as características físicas dessas residências, o autor traz que

As casas dos ricos eram construídas no velho estilo romano, de dois andares, com uma fachada exterior fechada, e abertas para o interior em tôrno de um pátio, às vêzes coberto e em geral adornado com uma fonte ou qualquer outro ornamento exótico que a fantasia pudesse sugerir. As casas mais pobres eram construídas com balcões ou janelas em balanço sôbre a rua [...] As ruas residenciais tinham sido em sua maioria edificadas por construtores particulares, mas uma lei de Zeno tentou introduzir-lhe alguma ordem. (RUNCIMAN, 1961, p. 146)

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