Resumo do livro de William Carrol Bark "Origens da Idade Média"
Por: Jean Prado • 2/6/2017 • Resenha • 1.707 Palavras (7 Páginas) • 1.430 Visualizações
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História Medieval I
Resumo-síntese: BARK, William Carroll. Origens da Idade Média. 4º edição. Rio de Janeiro: Zahar, 1979.
Aluno: Jean Carlos Ortolani Prado
Prof.: Ruy de Oliveira Andrade Filho
Resumo do livro de Willian Carrol Bark: “Origens da Idade Média”.
No início do livro de Willian Carrol Bark “Origens da Idade Média”, o autor tem como objetivo convencer o leitor que para você compreender uma civilização ou um período de uma civilização, é preciso estudar e fazer análises do período antecedente. Analisando esse período anterior, você conseguirá entender o processo de nascimento e de formação dessa civilização.
Seguindo esse pensamento, é explicito que para compreender o inicio da Idade Média temos que analisar o período anterior e os fatos históricos que abriram as portas para uma nova era, por exemplo: temos que analisar a queda do Império Romano do Ocidente para entender o início da Idade Média. Dessa forma, todos analistas históricos, buscam em civilizações passadas a chave para justificar o nosso presente.
Bark acrescenta que além de aprender com o período anterior (Idade Antiga), aprendemos igualmente ou até mais com o surgimento do novo período (Idade Média), considerando como essa nova civilização nasceu, o porquê, em quais circunstancias, com quais objetivos, além de suas características e qualidades.
Partindo dessa ideia, Bark nos passa como a queda do Império Romano provocou diversas mudanças (repentinas e significativas) que resultaram na formação da Era Medieval, que foi cercada de preconceitos e opiniões equivocadas durante muito tempo, sob influência dos renascentistas, principais críticos da Idade Média.
Outra discussão que é levada pelo autor à sua obra é a questão das datas que marcam o fim da Antiguidade Clássica e o começo da Idade Média. Muitas datas de diversos acontecimentos são colocadas como um divisor de águas das eras, porém, não há um consenso, até porque essa mudança foi uma transição sem uma data especifica. Foi um amontoado de datas-acontecimentos que significaram uma transformação histórica. Usa-se o argumento de que por não haver um consenso, saber a data chave para tal transformação é insignificante. Além disso, essa necessidade de encontrar uma data é consequência da ânsia de explicar a Idade Média: como, porque nasceu e o que era essa Idade. Tentar compreender essa Era sem examinar esses pressupostos era tão inútil quanto compreender a civilização americana ignorando as colonizações europeias.
Autores (principalmente ingleses) viam na Idade Média certa pluralidade, melhor dizendo, explicavam esse período não apenas com uma finalidade ou objetivo, mas sim finalidades e objetivos. E essa pluralidade faz parte da concepção do principio da Era Medieval, já que surgiram diversos ideais, valores, moral, instituições etc. Outro sentido da Idade Média em que a pluralidade se faz presente é a forma como historiadores, filósofos e autores veem esse período.
Para os renascentistas, a Era Medieval foi um período de barbárie e crueldade. Já, para filósofos como Voltaire e Bentham foi a “Idade da Fé” levando em consideração a superstição presente naquela época, onde muitos se julgavam não merecedores de viver naquele período. Além dessas visões filosóficas racionais, haviam os românticos que encontraram na vida cotidiana objetos e histórias para “colorir” a Idade Média.
Muitos problemas foram atribuídos à Idade Média e o período, desde problemas conflituais entre Igreja e Ciência até problemas ligados a higiene e condição de vida da sociedade, mas nenhum foi tão destacado quanto a Economia. Historiadores da economia ganharam notoriedade, assim surgiu Henri Pirenne e sua tese na qual vai ser discutida por Bark.
Henri Pirenne, em sua tese apresentada no seu livro “Maomé e Carlos Magno” afirma que o início da Idade Média está extremamente ligado a expansão do Islã e a destruição da unidade do mediterrâneo. Pirenne usa esses dois homens muito importantes para afirmar que sem Maomé (Profeta Islã), Carlos Magno (importante figura, autoridade e guerreiro cristão) não existiria.
Pirenne garante que não foram os povos germânicos e suas invasões os responsáveis pelo início da Era Medieval separada da Idade Antiga, e sim os muçulmanos. Esse autor também discute sobre as conquistas do Islã no norte da África, afirmando que essas conquistas abriram as portas para os Francos dominar o Ocidente, junto com Carlos Magno. As conquistas islâmicas também agravaram a separação entre o Ocidente e Oriente, por causa do choque entre os muçulmanos e o Império Bizantino mais ao leste, assim o Papa acabou por preterir o poder ocidental da Europa, os Francos, sob a liderança de Carlos Magno que seria coroado Imperador.
Com essa visão mais centrada ao Islamismo, Pirenne acha que foi assim através desses importantes acontecimentos que Maomé e sua religião abriram caminhos para Carlos Magno e suas conquistas. Foi assim que o sistema feudal substituiu o poder centralizado, assim que a relação entre Igreja e Estado mudou, assim que a posição da Igreja na sociedade também sofreu mudanças, tornando essa instituição uma liderança eclesiástica. E o mais importante, todo esse processo resultou na coroação de Carlos Magno e na formação de um novo Império, no ano 800.
Apesar de essa tese ser considerada equivocada por quase todos os historiadores e não ser aceita por mais ninguém com fortes restrições, Bark afirma que não devemos negar o valor dessa obra, até porque ela contribuiu bastante para a discussão sobre o início da Idade Média.
Mesmo com essa ressalva, Bark faz duras críticas à tese de Pirenne, apresentando argumentos que rebatem as afirmações feitas nessa obra do autor belga. Bark afirma que nessa tese foram ignoradas as invasões germânicas e as consequentes mudanças que essas invasões provocaram internamente no Império Romano do Ocidente. Segundo o autor, o Cristianismo e seu poder no ocidente também caíram no esquecimento por Pirenne.
Ao longo dessa discussão sobre a tese, Bark nos mostra onde Pirenne se equivocou, fazendo omissões impróprias ou exageros de alguns fatos, como afirmar que Carlos Magno não existiria sem Maomé. Bark considera essa analise totalmente equivocada, já que a movimentação dos povos árabes em direção ao ocidente acontecia há muito tempo, inclusive antes do Profeta Maomé. E que a destruição do Mediterrâneo pode ter acontecido por piratas vândalos antes do aparecimento do Islã, ideia apresentada por Norman Baynes.
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