Revolução - Na Indústria, Agricultura, Transporte
Artigo: Revolução - Na Indústria, Agricultura, Transporte. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: • 15/11/2013 • Artigo • 1.053 Palavras (5 Páginas) • 1.043 Visualizações
CAPÍTULO XV
Revolução - Na Indústria, Agricultura, Transporte
OS JORNAIS de 150 anos atrás não tinham seções de "O Impossível Acontece", com suas histórias de acontecimentos incríveis.. Se tivessem, a Birmingham Gazette, de 11 de março de 1776, teria sabido imediatamente onde colocar esta surpreendente notícia: "Na última sexta-feira, uma máquina a vapor construída segundo os novos princípios do Sr. Watt foi posta em funcionamento em Bloomfield Colliery na presença de alguns homens de ciência cuja curiosidade fora estimulada pela possibilidade de ver os primeiros movimentos de uma máquina tão singular e poderosa Com esse exemplo, às- dúvidas dos inexperientes se dissipam e a importância e utilidade da invenção se firmam decididamente. [Foi] inventada pelo Sr. Watt, após muitos anos de estudo e grande variedade de experiências custosas e trabalhosas." A Em 1800 a importância e utilidade da invenção" do Sr. Watt se havia tornado tão evidente aos ingleses que ela
estava em uso em 30 minas de carvão, 22 minas de cobre, 28 fundições, 17 cervejarias e 8 usinas de algodão.
A invenção de máquinas para fazer o trabalho do homem era uma história antiga, - muito antiga. Mas com a associação da máquina à força do vapor ocorreu uma modificação importante no método de produção. O aparecimento da máquina movida a vapor foi o nascimento do sistema fabril em grande escala. Era possível ter fábricas sem máquinas, mas não era possível ter máquinas vapor sem fábricas.
O sistema fabril, com sua organização eficiente em grande escala e sua divisão de trabalho, representou um aumento tremendo na produção. As mercadorias saíam das fábricas num ritmo intenso. Esse aumento da produção foi em parte provocado pelo capital, abrindo caminho na direção dos lucros. Foi, em parte, uma resposta ao aumento da procura. A abertura de mercados das terras recém-descobertas foi uma causa importante desse aumento. As mercadorias produzidas nas fábricas encontravam também um mercado interno simultaneamente com o mercado externo. Isso devido ao crescimento da população da própria Inglaterra.
Os historiadores costumavam discutir se o maior crescimento da população da Inglaterra, no século XVIII, foi devido a um aumento na taxa de natalidade ou a uma queda da taxa de mortalidade. Embora ambas as causas tivessem importância, acredita-se hoje que a segunda teve maior influência. Mas por que aconteceu isso? Possivelmente porque os médicos tivessem aprendido mais sobre sua profissão, o que significava, entre outras coisas, que conservavam vivas pessoas que antes teriam morrido. O registro da Maternidade de Londres mostra uma redução na mortalidade de mães e crianças quase incrível:
Antes de 1700, o aumento da população na Inglaterra, em cada cem anos, era de cerca de um milhão; entre 1700 e 1800, porém, esse aumento foi de três milhões!
Talvez outra causa do crescimento da população estivesse no fato de que as pessoas se alimentavam melhor, graças a melhoramentos surpreendentes na agricultura. (Esses melhoramentos foram, em parte, um resultado do
crescimento da população.) Tal como houve uma revolução industrial, houve, também, uma revolução agrícola.
Se dissermos "1649" a um estudante inglês, ele responderá: "Morte de Carlos II." Não pensaria em dizer: "Introdução de nabos e outras raízes alimentícias na Holanda." Por que haveria de pensar? Por que seriam os nabos tão importantes?
Basta olharmos a tabela do sistema de três campos, à página 14, para termos a resposta. Um terço da terra em pousio representava um desperdício tremendo. A introdução de nabos e trevos significava que o problema de - recuperar o solo estava resolvido. Significava que o solo já não precisava "ser cansado" com a plantação sucessiva de duas roças de cereais. Significava também que o desperdício de deixar a terra em pousio era evitado.
A introdução de nabos e trevos não só limpava o solo como também resolvia o problema de proporcionar alimento de inverno ao gado. Onde antes o gado teria sido abatido e salgado para servir de alimento durante o inverno, era possível agora mantê-lo vivo.
Experiências para melhorar a qualidade das raças também foram realizadas nessa época. Seu êxito se comprova pelo quadro seguinte, mostrando o peso médio dos animais vendidos no mercado de Smithfield antes e depois do início da criação científica de animais.
E tal como houve melhoramento nas ferramentas e máquinas usadas na indústria, assim o século XVIII viu novos e melhores arados, enxadas etc., usados na agricultura.
Foi o movimento de fechamento de terras, de efeitos tão terríveis nos pobres, que possibilitou todo esse melhoramento notável na técnica, ciência e ferramentas agrícolas, em grande escala. Teria sido impossível com os velhos sistemas de campos abertos, de terras comuns a todos.
O crescimento da população tornou lucrativa a agricultura. Grandes donos de terra em busca de lucro fizeram investimentos de capital em suas fazendas, e o resultado foi uma alimentação melhor - que por sua vez levou a um aumento da população.
A revolução na indústria e agricultura foi acompanhada pela revolução nos transportes. A produção de mais mercadorias com maior velocidade, e as colheitas cada vez maiores e melhores, são inúteis a menos que possam ser levadas às pessoas que delas necessitam. As estradas eram más. Eram tão ruins que o Marquês de Downshire, em meados do século XVIII, teve de levar consigo um grupo de trabalhadores para fazer os reparos necessários na estrada, e arrancar da lama sua carruagem, para que pudesse concluir a viagem. O que- era apenas aborrecido para o Marquês constituía uma impossibilidade para o fabricante ansioso de atender à procura de um mercado em desenvolvimento. Transporte barato, rápido e regular era necessário. Também para os fabricantes que desejavam aproveitar a vantagem oriunda da concentração da produção numa área especialmente adequada - por exemplo, o algodão em Lancashire.
Foi, portanto, no século XVIII que tiveram início os melhoramentos na construção de estradas, abertura de canais etc. A estrada de macadame (John McAdam, engenheiro) que conhecemos surgiu no começo do século XIX, e a ela se seguiram a ferrovia e o navio a vapor. Enquanto isso, os leitos dos rios haviam sido aprofundados, os canais abertos. A revolução nos transportes não só possibilitou a ampliação do mercado interno em todas as direções, como também possibilitou ao mercado mundial tornar-se igual ao mercado interno.
O crescimento da população, as revoluções nos transportes, agricultura e indústria - tudo isso estava correlacionado. Agiam e reagiam mutuamente. Eram forças abrindo um mundo novo.
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