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Robert Strand McNamara

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Por:   •  16/11/2014  •  Resenha  •  1.353 Palavras (6 Páginas)  •  240 Visualizações

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Robert Strange McNamara deixou este mundo no passado dia 6 de Julho de 2009, com 93 anos. A história da sua vida confunde-se com alguns dos períodos mais conturbados da história mundial do século passado. Em 2003, através do brilhante documentário de Errol Morris, Sob a Névoa da Guerra: Onze Lições da Vida de Robert S. McNamara, parte desses momentos e algumas das lições, segundo McNamara, que dai podemos retirar ficaram registadas para a posteridade.

É um homem com o peso da culpa sobre os ombros aquele que nos é apresentado, sem que este, contudo, alguma vez manifeste essa mesma culpa ou aceite sequer discuti-la. No documentário, este refere a primeira recordação de que tem memória, a celebração em terras norte-americanas da vitória na primeira guerra mundial, lembrando como as ruas se encheram de gente, no dia em que a felicidade triunfou sobre o medo da pandemia que então também afectava o mundo, onde as pessoas saíram para a rua sem qualquer máscara de protecção como que a festejar o fim de uma peste maior. McNamara recorda Woodrow Wilson e a sua ingenuidade quando afirmou a propósito dessa guerra que "ganhámos a guerra que terminou com todas as guerras". Mal sabia Wilson como estava errado e como a não concretização desse sonho atormentaria McNamara nos anos vindouros.

Mas voltemos ao inicio: quem foi afinal Robert McNamara? O seu percurso inicial é o de um homem brilhante, inteligente, cuja educação formal culminou com a obtenção de um MBA na prestigiada universidade de Harvard. Pela sua formação académica, quando os Estados Unidos entraram na segunda guerra mundial, McNamara foi alocado ao departamento de controlo estatístico das forças aéreas norte-americanas. Depois disso foi integrado, através de um programa que visava atrair jovens brilhantes, nos quadros da Ford (curiosamente, uma empresa que estava desde 1926 à beira de falir). Nesta conseguiu ascender à posição de presidente, o primeiro a atingir tal feito não pertencendo à família Ford. Esteve pouco tempo no cargo, uma vez que John F. Kennedy ganhara a presidência dos Estados Unidos da América e, com o objectivo de criar uma equipa com os mais capazes e independentes membros da sociedade civil, convenceu McNamara a aceitar o cargo de Secretário de Estado da Defesa. É por este cargo e o que fez durante o seu mandato que McNamara será para sempre recordado, mas antes do acontecimento que representa a sua principal marca na história, recuemos um pouco.

O documentário é dividido por vários momentos. Desses, destaco três:

O primeiro é sobre a crise dos mísseis de Cuba, situação que McNamara viveu por dentro. Nesta recorda como foi 'Tommy' Thompson, antigo embaixador norte-americano em Moscovo, quem contrariou o presidente norte-americano sobre a resposta a dar aos russos face ao incidente. Kennedy manifestava muitas dúvidas que pela via da negociação os americanos conseguissem levar os russos a retirar os misseis de Cuba, mas Thompson, colocando-se no papel de Krutchev, um homem que conhecia bem, contrariou o presidente e previu que bastaria apresentar uma hipótese de salvar a face ao líder comunista que este recuaria. Thompson estava certo. E sobre isto McNamara retira a lição da necessidade de sentir empatia com o inimigo. A capacidade de olhar para os acontecimentos através do ponto de vista do outro lado. Coisa que mais tarde admite não ter sido possível sentir para com os vietnamitas. A situação é também aproveitada para retirar outra lição: a racionalidade não nos salvará. A explicação é simples, McNamara remete sobretudo para a sorte o evitar de uma guerra nuclear na situação dos misseis de Cuba. E imaginar que pessoas completamente racionais estiveram em rota de desencadear uma situação explosiva desse género não é lá muito animador. A propósito, McNamara também recorda a reacção do general Curtis LeMay quando Kennedy deu o evitar da guerra como uma vitória, LeMay terá reagido com "Ganhámos? Porra, nós perdemos. Temos de os arrasar hoje.". Era a loucura dos tempos da guerra fria.

No segundo episódio recuamos à segunda guerra mundial, a tal que não deveria existir pela tese de Wilson, e regressamos também à figura que foi Curtis LeMay. O episódio é o bombardeamento com bombas incendiárias de Tóquio, em 10 de Março de 1945, que vitimou cerca de 100 mil japoneses, ordenado por LeMay (que mais tarde viria a autorizar também o uso das bombas atómicas) e segundado por relatórios de eficiência elaborados por McNamara. "Se tivéssemos perdido, seríamos julgados como criminosos de guerra", afirmou LeMay na altura e McNamara não só aceita a tese como incluí-se no grupo de "criminosos de guerra". É a moralidade vista pelos olhos dos que perdem e dos que ganham que surge aqui. Antes disso, já McNamara havia enunciado uma das suas outras lições: A proporcionalidade deve ser regra numa guerra. O exemplo surge com Tóquio: justifica-se a

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