Senador Pompeu o Nascer de uma Cidade Sobre os Trilhos

Introdução

O tema “Senador Pompeu, o nascer de uma cidade sobre os trilhos” abre uma discussão sobre a importância da ferrovia como fator de mudanças sociais e econômicas para os municípios, no caso de Senador Pompeu, se sabe que a chegada da ferrovia em 1900 trouxe a urbanização, e conseqüentemente desenvolveu a economia desta e das cidades circunvizinhas.

Nesse sentido, a ferrovia precisa ser estudada por uma nova ótica, que não seja apenas como um meio de transporte para exportação de bens primários e de importação de manufaturados, mas como um instrumento de penetração de novas idéias e valores culturais locais.

Essa mudança nos valores, hábitos, costumes sociais e econômicos da população de Senador Pompeu, foi o que aguçou minha curiosidade e interesse em pesquisar esse tema, pois sempre ouvi das pessoas mais velhas que a chegada do trem em nossa cidade mudou a sua rotina.

O trem foi responsável pelo crescimento econômico de Senador Pompeu, uma vez que escoava a produção algodoeira para os centros urbanos mais desenvolvidos e até para o exterior, transformando o município num importante centro financeiro da região. ^[1]1

Senador Pompeu, cidade localizada na região do sertão central cearense, contando com uma população de 27.225 habitantes já se chamou Humaitá, nome indígena que na língua tupy-guarany significa “aquele que fala demais” (TORRES, 1996).

O nome Senador Pompeu foi uma homenagem ao padre e senador Thomás Pompeu de Souza Brasil, que segundo a história oficial patrocinou a construção da linha de ferro e foi chamada assim quando se tornou município pela lei 332 de 03 de setembro de 1896 (TORRES, 1996).

Esta cidade já viveu tempos de glória quando nas décadas de 50 e 60 a cotonicultura era destaque transformando o município na 8ª economia cearense e fazendo do mesmo o centro financeiro da região. Aqui funcionava cinco (05) industrias de beneficiamento de algodão sendo elas: Usina São Geraldo, Sical, Fábrica Jucá, Cidao P. Machado e Sambra, dando emprego a uma parcela considerável da população (TORRES, 1996).

Neste contexto, a linha férrea seria uma obra de grande importância para a cidade, haja vista servir para o escoamento da produção algodoeira que seria levada do município para abastecer as fábricas inglesas e norte-americanas (TORRES, 1996).

Contudo, não foi apenas a economia que ganhou com a estrada de ferro, pois em torno dela a cidade cresceu, se desenvolveu e se urbanizou, a partir do momento em que começou a surgir vilas e ruas a beira da linha, as quais modificaram os costumes, construindo culturas que vão do imaginário popular a realidade de uma época de transformações profundas no seio da sociedade. Neste aspecto, a estrada de ferro desponta como um fator poderoso de mudanças sociais, políticas, econômicas e culturais no cotidiano de uma determinada população no final do século XIX e início do século XX (TORRES, 1996).

O final da década de 70 e início dos anos 80 foi marcado pela decadência da cultura do algodão, tanto pela praga do bicudo, como pelo descaso das autoridades constituídas que nada fizeram para impedir que tal fato ocorresse. Com isso, a cidade de Senador Pompeu também regrediu, as usinas fecharam as portas e desses tempos áureos só restaram lembranças de uma época em que a cidade fervilhava sob a brancura do algodão. Atualmente, o município tem uma economia fragilizada, baseada na agropecuária de subsistência e na prática de pequenos comércios (TORRES, 1993).

Senador Pompeu é minha cidade de origem, e embora não tenha vivido nela a minha infância, jovem ainda passei a residir aqui. E conversando com as pessoas mais idosas sempre ouvi delas relatos sobre a estrada de ferro, a passagem do trem, a velha estação que se enchia de gente para receber seus parentes e se despedir de outros.

Diante deste fato fui movido pela curiosidade sobre esta saudosa época e também pela indignação de ver que este importante veículo de transporte mudou, haja vista que o trem de passageiros, especialmente em Senador Pompeu cedeu lugar apenas para o trem de carga. Assim, decidi pesquisar sobre a mudança social e econômica ocorrida na cidade de Senador Pompeu com a chegada da ferrovia, levando em conta a enorme contribuição social, econômica e cultural que este meio de transporte exerceu na história local.

Todos sabem o fascínio que o trem exerce nas pessoas. Ele serve de inspiração para poetas, músicos, cineastas, estando presente em inúmeras atividades artísticas do mundo adulto, está presente também no imaginário das crianças fazendo parte do seu dia-a-dia por meio dos brinquedos.

Nesta perspectiva decidi trabalhar esta temática sem perder de vista o contexto histórico nacional do transporte ferroviário, pois a ferrovia no Brasil exerceu papel destacado tanto no aspecto econômico, como no aspecto socializante, mudando idéias, costumes e comportamentos da população das pequenas cidades por onde os trilhos passavam.

Assim sendo, esta pesquisa tem como objetivo geral analisar a importância da estrada de ferro como fator de mudanças culturais, sociais e econômicas do município de Senador Pompeu e como objetivos específicos analisar a expansão das ferrovias a nível nacional; perceber o papel da estrada de ferro na expansão urbana local e analisar o porquê da inexistência do trem de passageiros nos dias de hoje, levando-se em conta que se trata de um meio de transporte urbano seguro e acessível à maioria da população.