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Territorio De Resistencia E Criatividade

Projeto de pesquisa: Territorio De Resistencia E Criatividade. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicos

Por:   •  20/5/2014  •  Projeto de pesquisa  •  1.588 Palavras (7 Páginas)  •  223 Visualizações

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Introdução

Entre as características da educação popular está a de acompanhar o movimento da

sociedade, buscando sempre novos espaços para a sua realização. Sua origem em muitos

sentidos se confunde com os movimentos sociais populares das décadas de 1950 e 1960.

No Brasil, sua história está vinculada, por exemplo, a grandes movimentos na área da

educação e da cultura, como o Movimento de Cultura Popular, no Recife (Barbosa, 2009), e

o Movimento de Educação de Base (Fávero, 1983). Mais tarde ela estará associada, entre

outras, às lutas pela terra, pela moradia, por trabalho, pela educação e pela saúde. Dentre

tantas tentativas de definir a educação popular, a formulação de Carlos Rodrigues (2009),

de que ela “emerge como um movimento político de trabalho político com as classes

populares por meio da educação” (p. 27), é a que parece captar mais adequadamente o

espírito que caracteriza essa prática educativa.

O pressuposto neste trabalho é que o território é importante para compreender a

trajetória da educação popular. Uma vez, porque o espaço é essencial para o

desenvolvimento da vida. A globalização e as tecnologias digitais desconstruíram certa

noção de território, mas isso não significa que as pessoas vivam suspensas no ar. As

relações sociais que expressam o interesse de grupos e classes são também relações de

poder e essas se desenvolvem num determinado espaço. É essa compreensão de território

que adotaremos nesse trabalho. Por mais sentidos que possa ter, conforme Ivo Theis (2008)

“território é, inquestionavelmente, a política no espaço!” (p. 12). A educação participa

dessa política de espaço, quer seja na manutenção dos espaços existentes ou em sua

mudança.

Em segundo lugar, a discussão de território é hoje fundamental para compreender os

movimentos sociais ou, como argumenta Zibechi (2007), a sociedade em movimento. Este

autor analisa as populações das periferias das cidades latino-americanas e constata que as

clássicas definições de movimento social não correspondem à realidade. Elas tendem a

enfatizar os aspectos formais, como o modo de organização, as etapas de funcionamento, a

identidade dos participantes e seus objetivos. Porém, diz Zibechi, na maioria das vezes as

coisas não funcionam dessa maneira. Ele traz o exemplo das mulheres das periferias

urbanas que não se enquadram nessa classificação, mas que mesmo assim desempenham

um papel importante na transformação social. Afora um pequeno núcleo de mulheres

associadas de forma permanente, sua organização se caracteriza pela capilaridade e pela

forma pouco estável e institucionalizada de ação. Em outro estudo ele aprofunda a

compreensão da sociedade em movimento a partir da lógica de dispersão. O enfrentamento

do poder, hoje, estaria sendo feita não a partir da lógica que preside o Estado, o exército e a

academia, mas dentro do princípio de “dispersar o poder”.1

Nessa análise, faz-se primeiramente uma breve revisão de rupturas e mudanças

recentes na educação popular. Há, no campo pedagógico, fronteiras que desapareceram ou

se tornaram porosas, rupturas com pressupostos e práticas anteriores, assim como

construções novas ou reconstruções. Junto com isso, sob a aparente fluidez existem as

permanências que tanto podem ser um obstáculo para as inovações quanto podem

compreender a memória de lutas históricas no campo da educação. Procura-se, de forma Territórios de resistência e criatividade

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muito breve, construir um lastro para situar os dados que serão apresentados com base em

levantamento de estudos nas duas últimas décadas, com ênfase nos 10 anos iniciais deste

século.

A seguir, são analisados dados relativos a trabalhos apresentados em reuniões da

ANPED (Associação Nacional de Pesquisa em Educação) entre os anos de 1999 a 2010

com o fim de identificar mudanças e permanências. Com este trabalho não se captam

diretamente as práticas, mas o olhar sobre o qual está voltada a atenção de quem, na

academia, se ocupa com o tema. É uma amostragem que será ampliada com outras leituras,

em especial o trabalho produzido pelo CEAAL (Consejo de Educación de Adultos de

América Latina) através da revista La Pirágua2

. A reflexão está centrada nos dois grandes

eixos anunciados no título: resistência e criatividade. Argumenta-se que, sendo uma

educação que se realiza nas margens da sociedade, essas margens não são fixas, nem

geográfica nem institucionalmente. Como características das práticas aparece, por um lado,

a capacidade de resistir dentro de uma realidade excludente e opressora e que é também

resistência a essa mesma realidade. Por outro lado, há expressões

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