Texto sobre quilombos
Por: Beatriz Rosa • 13/12/2015 • Resenha • 1.183 Palavras (5 Páginas) • 540 Visualizações
O rei de Portugal, em uma carta ao Conselho Ultramarino no ano de 1740, definiu o quilombo como: ''Toda habitação de negros fugidos, que passem de cinco, em parte despovoada, ainda que não tenham ranchos levantados e nem se achem pilões neles''. Essa definição que foi utilizada durante o período colonial e durante todo o império não representa o verdadeiro sentido dos quilombos.
Na maioria das vezes ao estudar sobre quilombos adotamos a mesma definição que D.João V em sua carta ao Conselho Ultramarino, no entanto, ao adotar para si essas definições, o leitor perde a habilidade de problematizar a apropriação desses territórios e fica sem se perguntar por quais razões eles foram ocupados, como foram ocupados e, o que significava uma ruptura como essas de uma sociedade escravocrata.
Nem é preciso dizer quais motivos levavam os negros escravizados a fugir para os quilombos, mas também é interessante pensar que não somente negros ocupavam esses espaços, haviam também índios, negros livres e homens brancos (aqui se referindo também a mulheres), que decidiam livremente viver nesses espaços e se ''libertar'' das imposições da colônia. Até mesmo durante a ocupação dos holandeses no território pernambucano muitos homens livres escolhiam se juntar aos negros que viviam em Palmares, fugindo das altas taxas cobradas pelos neerlandeses e da miséria que assolava sua classe. Ao branco pobre poucas eram as oportunidades, já que a maioria das atividades podiam ser realizadas por negros e não era permitido ao branco realizar tarefas de negro e a produção do açúcar se fechava cada vez mais entre os grandes senhores de engenho.
Os quilombos representavam e representam a resistência do povo negro diante do sistema escravista, mas para além disso, é importante pensar que dentro dessas estruturas o próprio negro que foi inferiorizado e subestimado pelos seus senhores produzia seus alimentos, criava suas próprias formas de organizações e estabelecimento de relações tanto com os que habitavam esses espaços, como com aqueles que estavam fora desse contexto. Mais uma vez usando o Quilombo dos Palmares como exemplo, muitos dos que viviam dentro desse sistema estabeleciam relações comerciais com comerciantes que viviam nos arredores da região, mas cabia a essas pessoas pagarem os palmarinos para poderem comercializar nesses espaços, muitas vezes até dando informações privilegiadas sobre os passos de seus inimigos colonos. Com isso, é possível perceber que os quilombos influenciavam de maneira direta e indireta na colônia.
A África, durante todo o período escravista, até mesmo com a lei de 1831, foi vista como uma fonte inesgotável de mão-de-obra escrava, o que fazia com que o desprezo pelos negros fosse maior, já que seria muito fácil adquirir outros. Contudo, com os quilombos funcionando como resistência a esse sistema escravista, muitos negros saiam de seu papel de explorados e buscavam uma chance de liberdade, já que para se livrar dessa escravidão até mesmo a morte seria um caminho. A oposição que esses quilombos faziam a esse sistema escravista fazia com que o negro adotasse outro papel, lutando contra toda a injustiça, resistindo a um sistema que o escravizada pelo simples fato de terem nascido negros.
Mesmo depois da ''Lei Aurea'', datada de 13 de maio de 1888, que determinava o fim da escravidão, a ocupação dos quilombos ainda foi percebida. A maioria dos que haviam se tornado livres não tinham condições de se manter em uma sociedade que mesmo não
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