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Tópicos de História do Pensamento Político Contemporâneo II

Por:   •  13/10/2018  •  Resenha  •  1.370 Palavras (6 Páginas)  •  234 Visualizações

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Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia  

Docente: Newton Camargo                                                                          

Discente: Débora Alves

Disciplina: Tópicos de História do Pensamento Político Contemporâneo II

AVALIAÇÃO

Em 2008 a economia mundial sofreu fortes abalos, o capitalismo passou pela sua pior crise econômica, ou seja, um colapso no sistema global de especulação econômica para a obtenção de lucros. Centrada nos países industrializados avançados a crise assinalou o enfraquecimento do projeto neoliberal, e expresso no primado do Estado mínimo supostamente contrabalançado pela auto regulação dos mercados. Esse projeto enfraqueceu na medida em que o Estado aumentou a sua participação ao máximo, endividando-se no esforço de regulação do sistema financeiro em nome da estabilidade.

A bolha econômica é formada quando o valor de um produto ou mercado eleva-se além do seu valor real ou pretendido. Quando os preços caem, pela estagnação dessa supervalorização, a bolha estoura e a crise alastra-se. Havia uma prática muito comum no país a da hipoteca. Uma hipoteca consiste na obtenção de empréstimos tendo o imóvel como garantia. Como os juros nos Estados Unidos eram muito baixos e o crédito abundante, as pessoas passaram a hipotecar suas casas para investirem em mais imóveis. Isso fez com que o mercado imobiliário ficasse muito atraente para investidores, tanto físicos quanto pessoas jurídicas. Em meio as eleições presidenciais americanas todos esperavam as propostas dos candidatos em relação à crise que se estabelecia. As propostas de Bush foram reformuladas para o benefício das maiores instituições do sistema a fim de resgatar as instituições financeiras colapsadas. Esse tipo de intervencionismo é um traço característico do capitalismo de estado. As instituições financeiras devem saber dosar os seus riscos e estar preparadas para cobrir eventuais perdas porem essas mesmas instituições não observam os custos que podem ser gerados para o governo em virtude de uma má gerencia.

 A liberalização financeira afetou além da economia constituindo um empecilho à democracia. O livre capital faz com que empresas fiquem tão poderosas a ponto de influir nas decisões governamentais e através de poderosos lobbies passam a ''legislar'' sobre assuntos que interessam as empresas, o povo deixa de ser o fator mais importante afinal o que importa é a “saúde” da empresa, o sistema financeiro passa a ser prioridade do governo que deve zelar pela manutenção de um mercado estável.

Um dos únicos avanços do capitalismo que são os sistemas de bem estar social são destruídos para poder salvar o mercado, salvam se os bancos e o estado endivida-se. A dívida transforma-se no motivo para programas de consolidação fiscal que diminuem empregos e renda dos menos favorecidos e precária serviços públicos básicos, os setores que crescem demandam uma intervenção do estado como forma de manter a sua “saúde” financeira ou resgatar instituições financeiras colapsadas. Essas intervenções são características do capitalismo de estado, através das demandas governamentais essas empresas geram altos lucros e são socorridas caso estejam em situação de perigo, muitas empresas só sobrevivem porque são socorridas por seus respectivos governos ''Segundo as regras do capitalismo de estado, levar em conta os custos que para os outros possam ter – as “externalidades” de uma sobrevivência decente – umas práticas que levem, como espectro, a crises financeiras é algo que não lhes diz respeito.'' (CHOMSKY, 2008, p.2).

No seu apogeu, desde o começo dos anos oitenta até o ano de 2007, o capitalismo baseado no estilo U.S.A trouxe benéficos apenas para os mais ricos. Ao longo do tempo a maioria das pessoas viu a sua renda diminuir o que mostra a fragilidade do sistema. O crescimento da produção nos Estados Unidos não foi economicamente sustentável, e com grande parte da receita nacional sendo destinada as classes privilegiadas o crescimento só poderia continuar por meio de consumo financiado por uma crescente acumulação de dividas.

O mercado é o inimigo da civilização, as suas oscilações e especulações transformam a vida da sociedade, o futuro depende das regulações mercantis como forma de se manter a ordem, uma queda de um mercado em determinando pais pode afetar o mercado mundial, por isso as políticas públicas para regularização do mercado são objeto de pauta para qualquer governo. “Os países industrializados avançados têm uma responsabilidade com o resto do mundo em empreender reformas efetivas em seus sistemas financeiros descoladas dos lobbies e da ganância.” (ASSIS, p.1). O papel do estado deve ser o de salvaguardar o seu povo e manter o bem comum da população e não se curvar a ideologia do mercado. A crise de 2008, é resultado de:

[...] uma fase longa (mais de cinquenta anos) de acumulação quase ininterrupta: a única fase desta duração de toda a história do capitalismo. Ela pode durar muitos anos, uma década inteira, pois ela tem como substrato uma superacumulação de capacidades de produção particularmente elevada e como excrescência uma acumulação de capital fictício de montante sem precedente (CHESNAIS, 2012, p.3).

Para Chesnais, toda economia mundial está emaranhada e integrada causando uma interdependência entre os países, dessa forma, a crise não pode ser entendia de forma isolada sem levar em conta o contexto internacional, ela alastra-se por todos os países, que acabam investindo nos setores de maior absorção da crise, com o intuito de evitar o desemprego e os efeitos negativos no setor financeiro. Para ele a crise seria fruto do aumento exorbitante da produção atingindo seu ponto máximo, assim o autor aponta que existe a necessidade então de superar a acumulação, como por exemplo aos seus antecedentes dos anos de 2008. Chesnais defende que em cada grande crise, a superacumulação de capacidades de produção e a superprodução de mercadorias são de setores e de indústrias específicas. A crise provoca, em seguida, por contágio, um estado de superprodução nas outras indústrias e setores. O nível de análise pertinente é setorial e frequentemente nacional. A partir do momento em que a crise financeira começou a dificultar, em 2007 e 2008, os mecanismos de endividamento e a provocar a contração do crédito (o credit crunch), certos setores (imobiliário e de construção nos Estados Unidos, na Irlanda, na Espanha e no Reino Unido) e certas indústrias (automobilística nos Estados Unidos e em todos os países fabricantes europeus) revelaram ter uma sobre capacidade de produção.

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