Uma Breve Historia do Futuro
Por: Flaubert Gatarossa • 12/5/2016 • Resenha • 923 Palavras (4 Páginas) • 486 Visualizações
UMA BREVE HISTÓRIA DO FUTURO
RESENHA
Por: Ivana Lima e Maria Angela Soares
Originalmente, publicado em 2006, sob o título “Une breve histoire de Làvenir”, o livro escrito por Jacques Attali foi traduzido para o português por Renata Cordeiro e publicado no Brasil, em 2008, pela Novo Século Editora Ltda, com o título: Uma Breve História do Futuro.
A obra contém 233 páginas e apresenta-se com a seguinte estrutura:
- Prefácio à Edição Brasileira;
- Prólogo;
- Capítulo 1 - Uma longa história;
- Capítulo 2 - História do capitalismo;
- Capítulo 3 – O fim do império norte-americano;
- Capítulo 4 – Primeira onda do futuro: o hiperimpério;
- Capítulo 5 – Segunda onda do futuro: o hiperconflito;
- Capítulo 6 - Terceira onda do futuro: a hiperdemocracia;
- Capítulo 7 – E o Brasil?
Comentários acerca do livro podem ser encaminhados para o e-mail do autor j@attali.com.
Hoje, decide-se como será o mundo 2050 e se prepara como ele será em 2100. Dependendo de como agirmos, nossos filhos e netos herdarão um mundo onde será possível viver ou enfrentarão um inferno, como menciona o autor. A história obedece a leis que permitem projetar e orientar certos cenários, a partir de dados atuais.
Jacques Attali relata os próximos cinqüenta anos, a partir de conhecimentos da história e da ciência. Revela a forma como evoluirão as relações entre as nações e como as perturbações demográficas, os movimentos da população, as mutações do trabalho, as novas formas do mercado, o terrorismo, a violência, as mudanças climáticas e a influência crescente da religião modificarão nosso dia-a-dia. Revela, também, como progressos técnicos espantosos perturbarão o trabalho, o lazer, a educação, a saúde, as culturas, os sistemas políticos etc.
O autor aborda o futuro sob a ótica de três ondas: o hiperimpério, o hiperconflito e a hiperdemocracia. Em cada onda, aborda os resultados catastróficos das atitudes atuais da humanidade. Porém, com maestria, o autor opõe-se ao seu próprio texto e demonstra a esperança de que o horror do “futuro predito” contribua para torná-lo impossível e, a partir daí, indica que será possível conquistarmos abundância, eliminarmos a pobreza, aproveitarmos cada um de nós os benefícios da tecnologia e da imaginação comercial.
Há no livro um capítulo dedicado exclusivamente ao Brasil. O autor entende que o país apresenta as características principais das três ondas e que nunca conseguiu tornar-se o núcleo, uma potência dominante do mundo, por três razões principais, quais sejam:
- privilegiou a defesa da agricultura, das indústrias alimentícias, da renda fundiária e dos interesses burocráticos em detrimento da indústria, do lucro, da mobilidade, da inovação e das tecnologias do movimento;
- negligenciou constituir-se numa força naval, uma marinha militar e comercial forte. Não priorizou a construção de portos. País marítimo, nunca se preparou o bastante para o retorno do nomadismo;
- não conseguiu acolher uma classe criativa suficientemente numerosa. Não formou marinheiros, engenheiros, pesquisadores, empreendedores, comerciantes, industriais e não conseguiu atrair para si suficientes cientistas, financistas, criadores de empresas.
O prefaciador do livro, o senhor Gesner Oliveira, Presidente da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo - SABESPconcorda com o autor que o Brasil não conseguiu evoluir do dito “país do futuro”. Passou o tempo e não correspondeu às expectativas. A incapacidade de aproveitar os ciclos de expansão da economia mundial acentua perigosa desesperança, uma sensação de país sem futuro. No entanto, as potencialidades continuam presentes. O Brasil apresenta pelo menos sete fatores competitivos quando comparado, por exemplo, aos celebrados casos da China e da Índia. 1. a consolidação de um regime democrático nas últimas duas décadas; 2. a sociedade civil brasileira tem se tornado mais ativa; 3. há razoável evidência de empreendedorismo em vários segmentos; 4) a hemogeneidade cultural; 5) o Brasil possui posição privilegiada em dotação de insumos energéticos e recursos naturais, além de tecnologias relativamente amigáveis do ponto de vista ambiental; 6) comparativamente à Índia e à China, o Brasil vem desenvolvendo um conjunto de regras mais adequadas ao investimento e; 7) o Brasil é hoje um a sociedade urbana, com apenas 16% da população no campo.
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