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Uma Perspectiva Sobre a Guerra do Paraguai e suas Fundamentações Teóricas

Por:   •  18/5/2017  •  Trabalho acadêmico  •  1.887 Palavras (8 Páginas)  •  399 Visualizações

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO – UEMA

CENTRO DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS EXATAS E NATURAIS – CECEN

CURSO: HISTÓRIA

DISCIPLINA: AMÉRICA INDEPENDENTE

PROFESSOR: MARCELO CHECHE GALVES

ALUNO: CLEISON VINICIUS MONTEIRO LIMA

UMA PERSPECTIVA SOBRE A GUERRA DO PARAGUAI E AS SUAS FUNDAMENTAÇÕES TEÓRICAS

São Luís

2013

Resumo

Esse trabalho consiste numa análise de material didático, a fim de encontrar no mesmo a corrente de pensamento historiográfica predominante e o embasamento teórico para as conclusões trabalhadas pelo seu autor. Inicialmente, algumas visões sobre a Guerra do Paraguai serão enfatizadas no que de fato seria uma introdução ao trabalho. Após isso, entramos no material didático e nas perspectivas trazidas por ele sobre as questões que antecederam a Guerra, como por exemplo, as relações diplomáticas. Dando prosseguimento, “mergulharemos” profundamente nas causas, que no nosso entendimento, constituem o principal ponto do debate historiográfico sobre o que de fato ocorreu no conflito. Além disso, discorreremos sobre a corrente de pensamento historiográfico cujas ideias predominam no material didático e finalizaremos com as consequências da Guerra do Paraguai.

Um conflito com consequências insuperáveis. Um genocídio americano. A destruição quase que completa de um povo. Danos irreparáveis. A interrupção do progresso daquela que seria uma grande potência da região do Rio da Prata. O fim do sonho de um país socialista na América Espanhola no XIX. A cessação de um projeto imperialista no Prata. Uma assolação cujo resultado ainda é lamentado por aquele que teria sido a sua maior vítima. Essas são algumas das mais diversas visões sobre o combate ocorrido na segunda metade do século XIX que envolveu Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. Mas enfim, vamos ao material cuja análise será estudada nesse trabalho.

Ao explorar as questões que antecederam a Guerra do Paraguai, o autor do material didático se refere à política externa do Brasil da seguinte maneira:

“Dois incidentes, somados, estremeceram as relações diplomáticas entre Brasil e Inglaterra, a principal potência mundial do séc. XIX, o século da Pax Britânica. No ano de 1861, afundou no Rio Grande do Sul o navio inglês Prince of Walles (Príncipe de Gales). A carga do navio foi saqueada e o embaixador inglês no Brasil, William Dougal Christie, exigiu que o Brasil pagasse indenização à Inglaterra, além da presença de um capitão inglês para acompanhar a investigação e indiciar os culpados” (pág. 5, 2008)

Ao abordar a política externa do Brasil e falar sobre as relações diplomáticas entre Brasil e Inglaterra, o autor inicia daquilo que é desenvolvido nas páginas posteriores do seu trabalho: a ideia de que houve uma influência externa no conflito, uma influência além das quatro nações envolvidas na guerra. Segundo Julio José Chiavenatto, o Paraguai encaminhava-se a um enorme progresso com a obra iniciada por Francia (El Supremo), aperfeiçoada por Carlos Antonio Lopez e que teria os seus frutos no novo governo, porém a Guerra da Tríplice Aliança, incubada há muitos anos, obrigou o Paraguai a uma luta desproporcional que iria destruí-lo completamente (pág. 15, 1979).

Ao iniciar a análise do que teria de fato provocado a Guerra, o autor fala sobre as pretensões dos envolvidos. O séc. XIX marcara o alvorecer dos processos de independência dos mesmos. À medida que o sentimento nacional era difundido, algumas necessidades serviam para unir os habitantes daqueles locais, mais especificamente um objetivo comum, trabalhados pelo autor da seguinte maneira:

“Desde a sua independência, a Argentina sonhava com a formação de um grande Estado, que englobasse países como o Paraguai e Uruguai, reeditando o antigo Vice-Reino do Rio da Prata.  Já o Paraguai enfrentava um sério dilema: a ausência de saída para o mar fazia com que sua economia estivesse dependente de Buenos Aires para escoamento da produção, ameaçando sua autonomia” (pág. 5, 2008).

É possível perceber que, segundo ele, a Argentina tinha um projeto imperialista para a região do Prata. Projeto este que poderia ser atrapalhado pelo que seria o desenvolvimento isolado do Paraguai e a sua não abertura aos vizinhos. Porém o fato de não ter saída pro mar provocava uma certa dependência do Paraguai em relação à Argentina.

No que diz respeito ao Brasil, ele afirma que essa nação defendia a livre navegação na bacia do Rio da Prata, assim como a Inglaterra, pois ambos estavam interessados na utilização do conjunto de rios para escoamento de suas produções (pág. 5, 2008). Sobre esse interesse inglês, Chiavenatto salienta que “Lutar contra Buenos Aires e as demais províncias é, também, enfrentar as normas aceitas pela Inglaterra para o comércio internacional nessa área” (pág. 18, 1979). Mas ainda nesse contexto, o que na postura paraguaia incomodava tanto os ingleses? A corrente historiográfica seguida por Chiavenatto e o seu entendimento sobre o que provocou a Guerra do Paraguai, mais uma vez nos são úteis:

“Mesmo antes de verificarmos o quadro econômico responsável pela riqueza da Inglaterra, através do exercício de um imperialismo econômico implacável, é preciso considerar que, o pequenino Paraguai começa a quebrar  toda uma sistemática política e econômica quando planeja sua emancipação nacional à revelia dos métodos ingleses, aplicados sem problemas de melindres nacionalistas nas províncias argentinas e no Império do Brasil” (pág.28, 1979).

Com a Revolução Industrial do séc. XVIII, a Inglaterra torna-se a maior potência do mundo. A sistemática política e econômica, descrita pelo Chiavenatto, que o Paraguai estava quebrando, havia sido fundamental nesse processo de consolidação inglesa no cenário internacional. A Inglaterra tornou-se a principal agente no mercado de escravos e por possuir produtos industrializados, negociava com países das mais diversas partes do globo. Ainda convém lembrar que a Inglaterra estava sempre atenta aos processos de independência nas Américas Portuguesa e Espanhola. Qualquer ruptura e fim do pacto colonial, significava uma autonomia e automaticamente o início de um novo mercado consumidor, o que acarretava novas negociações e possivelmente a ampliação do legado inglês.

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