Uma leitura das teses Sobre o conceito de História
Por: leidimar11 • 15/6/2015 • Resenha • 1.854 Palavras (8 Páginas) • 668 Visualizações
Aluna: Leidimar Aparecida dos Reis
Resenha
Walter Benjamin: Aviso de incêndio.
Uma leitura das teses Sobre o conceito de História”
Michael Löwy
Esta resenha critica consiste em analisar a obra Walter Benjamin: Aviso de incêndio de Michael Löwy[1], um dos principais estudiosos das obras de Benjamin que apresenta uma leitura original de suas teses, começando pela caracterização de seu pensamento, uma crítica à modernidade, sua filosofia se apóia em três fontes: o romantismo alemão, o messianismo judeu e o materialismo histórico, não sendo uma síntese das suas perspectivas, porém uma nova interpretação original.
Ao contrário do marxismo evolucionista, Benjamin não formula a idéia de revolução como um resultado “natural e esperado, “inevitável”, como resultado do progresso econômico e tecnológico, nem mesmo como a resultante das contradições nas relações de produção. Ao contrário, introduz o conceito de interrupção da evolução histórica que leva à catástrofe.
Fica clara as escolhas de Löwy, ao favorecer a produção a partir de 1936, quando Benjamin utiliza-se de uma crítica marxista sobre as formas capitalistas de alienação, sendo nesse período que ele irá se desiludir , mais ainda com a idéia de progresso, formulando assim sua teoria da História.
Para Benjamin a modernidade transformava as pessoas em máquinas destinadas ao trabalho em favor da evolução do progresso, sendo ele um critico revolucionário da filosofia dessa forma de progresso.
Para Löwy é preciso situar o documento de Benjamim em seu contexto histórico, no auge da barbárie Nazifascista européia e, ao consultar o documento do Arquivo de Scholem, em Jerusalém, observa-se que suas teses foram inspiradas no conceito de Justiça de Scholem.
A proposta de Löwy não é a leitura real das teses, mas sim uma interpretação, utilizando-se da dimensão universal das proposições, de sua importância para compreender, não só a História das classes oprimidas, como a de todos. Sendo a dinstinção entre Benjamin e Marx não só teológica, mas também o papel reservado à reivindicação das vítimas da História, defendida por Benjamin, o qual não tem sentindo para o marxismo se não for herdeiro dos séculos de lutas e sonhos de emancipação. Para ele, o conceito mais importante do materialismo histórico é a luta de classes, a luta entre opressores e oprimidos.
As obras, citadas por Brecht, somente podem ser feitas baseando-se no sofrimento dos oprimidos, pois a alta cultura não existiria sem o trabalho invisível dos excluídos. A História universal, estabelecida nas lembraças das vítimas, só sera possível em um futuro de sociedade sem classes.
Na tese VII Benjamin faz critíca ao Historicismo que faz separação entre o passado e presente, onde o historicista se identifica com a história dos dominantes, dos vencedores e ainda completa.
A utilização de Nietzsche, por Benjamin, é de advertência de que a historiografia deve servir ao presente favorecendo o acontecimento de um tempo futuro. Ao avivar uma lembrança do passado, dos mártires de todas as épocas. As lutas são mais inspiradas na memória viva e concreta dos ancestrais dominados do que naquela, ainda abstrata, das gerações futuras.
A classe, proletariada, vê-se como descedente de várias lutas, de de escravos, servos e camponeses. A força acumulada dessas lutas torna-se motivação para a classe emancipadora do presente que poderá interromper a continuidade da opressão, pois o Messias é a classe proletária e o Anticristo, as classes dominantes.
Para Benjamin, escovar a História a contrapelo significa ir contra a versão oficial da História, opondo-se a tradição dos oprimidos e, consequentemente, a luta contra a corrente.Em oposição ao evolucionismo, as teses ressaltam que não há progresso que se move ou funciona por meios puramente mecânicos, e se aceito, levaria à reprodução da dominação.
Percebemos a partir de suas teses que Benjamin poderia estar querendo demonstrar uma complementaridade dialética entre a teologia e o materialismo. A teologia serviria a luta dos oprimidos, não reduzindo um ao outro. A ideia de uma associação entre teologia e marxismo é das reflexões de Benjamin que mais suscitou incompreensão e espanto.
Para Löwy essa associação entre a teologia e marxismmo a qual Benjamin se utiliza revela-se como luz da experiência histórica, não sendo somente possível e frutífera, mas portadora de mudanças revolucionárias, Löwy cita vários exemplos latino americanos para essa afirmação.
Ele introduz o conceito de Erlösung, redenção, sendo algumas vezes traduzido como libertação. No mundo interno do indivíduo a sua felicidade pessoal pressupõe a redenção de seu próprio passado, a realização do que poderia ter sido mas não foi.
A redenção do passado é simplesmente essa realização e essa reparação, de acordo com a imagem de felicidade de cada indivíduo e de cada geração. A tese II passa gradualmente da redenção individual para a reparação coletiva, no campo da história.
A redenção exige a rememoração integral do passado, sem fazer distinção entre os acontecimentos ou os indivíduos, pois cada acontecimento do passado não será esquecida, por mais pequena que tenha sido sempre sera lembrada, Benjamin não busca substituir Marx pelo socialismo utópico, e si enriquecer a cultura revolucionária.
Benjamin a seculariza integralmente a dimensão teológica do reino de Deus, a luta de classes vai além do modelo mecanicista da infraestrutura e da superestrutura, o que está em jogo na luta é material, mas a motivação dos atores sociais envolvidos é espiritual.
Sendo assim a luta de classes é o lugar em que teoria e prática se igualam, interessando a Benjamin de que o passado não é somente os temas essenciais das obras de Marx, da evolução dos modos de produção, do desenvolvimento das forças produtivas, da contradição entre forças e relações produtivas, das formas de propriedade ou do Estado, da luta entre as classes dominates e dominadas.
Benjamin se opõe de certa maneira a essa concepção evolucionista do marxismo que justifica as vitórias da classe dominante no passado pelas leis da história, a necessidade de desenvolver as forças produtivas ou a imaturidade das concepções para emancipação social.
Benjamin traz na tese V, o conceito entre presente , escrita da história e política criando uma conexão,que se identifica com a teológica de rememoração e redenção, traduzindo imagens que podem ser dialéticas, representando um intervenção salvadora da humanidade, sendo assim História e política, rememoração e redenção são inseparáveis.
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