A ANÁLISE DO FILME “OS INCONFIDENTES” (1972)
Por: BRUNOBRAUNA • 2/6/2022 • Relatório de pesquisa • 1.291 Palavras (6 Páginas) • 638 Visualizações
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
SECRETARIA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE GOIÁS-CÂMPUS GOIÂNIA
CURSO SUPERIOR DE LICENCIATURA EM LETRAS
LITERATURA BRASILEIRA I
BRUNO BRAUNA DOS SANTOS SOUZA
ANÁLISE DO FILME “OS INCONFIDENTES” (1972)
O presente trabalho tem como objetivo tecer uma análise do filme “os inconfidentes” de forma a compreender o período histórico e seus desdobramentos para o ensino aprendizagem de literatura.
De acordo com a sinopse disponibilizado na página da web Adoro cinema, o filme “os inconfidentes” tem como protagonistas padres, poetas, políticos, militares e insatisfeitos em geral se unem e conspiram para libertar o Brasil dos portugueses no século XVIII. Algo dá errado. Preso, Tiradentes (José Wilker) é torturado e, enquanto os demais isentam-se de culpa, assume todos os seus atos. É condenado à morte, mas torna-se o principal nome da Inconfidência Mineira.
“Os Inconfidentes” foi dirigido e produzido por Joaquim Pedro de Andrade, o qual foi um dos expoentes do Cinema Novo. Sua obra tem forte apelo da identidade nacional. Possui elenco com os seguintes atores: José Wilker (1944-2014) como Tiradentes; Luiz Gonzaga Linhares (1926-1995) - Tomás Antônio Gonzaga; Paulo Cezar Peréio (1940) – Alvarenga Peixoto; Fernando Torres (1952-2008) – Claudio Manuel da Costa; Carlos Kroeber (1934- 1999) – Francisco de Paula Freire de Andrade; Nelson Dantas (1949-2006) – Luís Vieira da Silva; Margarida Rey (1922-1983) – Maria I de Portugal; Suzana Gonsalves(1942) - Marília de Dirceu; Carlos Gregório (1949-2001) – José Álvares Maciel; Wilson Grey (1923-1993) – Joaquim Silvério dos Reis; Fábio Sabag (1931-2008) – Visconde de Barbacena; Roberto Maya (1935) – Interrogador e Tetê Medina (1940) – Dona Bárbara
Classificado como gênero drama e histórico, “os inconfidentes” retrata um dos eventos mais conhecidos da história do Brasil Conjuração Mineira, conhecido popularmente por inconfidência mineira. Para Martins e Kok (2015), esses são os dois termos empregados para delinear o movimento de rebeldia que ocorreu em Minas Gerais, em 1789.
O filme retrata a história de uma elite mineira composta por poetas, políticos, religiosos e militares, que estavam insatisfeitos com a cobrança de impostos. A trama se passa na Capitania de Minas Gerais, onde o movimento tinha como objetivo a separação das terras mineiras do poder de Portugal.
Ao debruçarmos sobre o filme é possível observamos que a conjuração mineira está relacionada com a “rede urbana” delineada na capitania de Minas Gerais. A qual o poder religioso e político imposto através das ações da Coroa e do Clero foram determinantes para demarcar esta trajetória urbana. Para Fausto (2006), essa visão de trajetória urbana está ligada a um grupo de elite colonial formados por fazendeiros, padres, mineradores, advogados de prestígio, alta patente militar e funcionários. Que consequentemente culminou nas revoltas da população e dos próprios inconfidentes com as mazelas do governo (FONSECA, 2011, p.559).
Pensando nessa conjuntura a independência não tinha como objetivo a libertação dos escravos e sim com maior liberdade de comércio e produção da indústria nacional. A par disso surgem os blocos das insatisfações populares com o governo português, tais como: Conjuração Baiana (1798) e a Revolução Pernambucana (1817), que tinham pensamentos em comum, dentre elas a insatisfação e ideias emancipadoras dos mineiros.
Para retratar estes aspectos histórico do Brasil, fortemente ligado a literatura Joaquim Pedro de Andrade utilizou dos recursos cinematográfica para retratar essa realidade. Filmou os eventos da Inconfidência Mineira, considerado a melhor versão de cinema para o evento: Os Inconfidentes (1971), baseado nos Autos da Devassa (documentos que dão conta de todas as buscas, investigações e informações sobre os acusados de conspirarem contra a Coroa).
Santos (2001) destaca que Autos da Devassa é um termo jurídico e refere-se à peça produzida no decorrer de um processo judicial, como os termos de audiência, certidões, 132 petições, etc. Os autos são ações da Coroa Portuguesa a qual moveu o processo judicial contra Tiradentes e os outros conjurados, pelo crime de lesa-pátria, previsto na legislação da época.
A trama se passa nas ruas de Ouro Preto- MG, que ainda mantém algumas edificações do período colonial. De acordo com Toledo (2015), “a cidade de Ouro Preto sofreu muitas transformações no transcorrer dos 150 anos após a Inconfidência e, no decorrer do filme”. Mesmo sendo uma cidade pacata, ainda possui suas características de uma cidade colonial, com construções preservadas nas estruturas do período Barroco.
De acordo com Toledo (2015) as cidades do decorrer barroca tem suas características, dentre elas podemos destacar traçados irregulares em ruas e calçadas com pedras ovaladas, bem comum na cidade de Ouro Petro.
O filme em questão inicialmente não chama atenção dos telespectadores, pois a presença de eclamações poéticas, os diálogos com forte conotação política e até de lirismo. Porém, com o decorrer do filme começamos a entende a dinâmica proposta pelo diretor, tirando Tiradentes de foco e enaltecendo os poetas as quais ganham mais espaços.
Ao assistimos o filme, são notórias as revelações políticas dos acusados, construindo as posições ideológicas como também a psicologia desses atores históricos.
A figura feminina também é bastante marcante no filme, a exemplo disso a personagem Marília, que inspira e motiva, mais também é vista como algo utópico, principalmente no que diz a respeito de um país que se pretendia para aquela época histórica do Brasil.
Durante o filme há utilização de documentos e poemas, o “Romanceiro da Inconfidência” da escritora brasileira Cecília Meireles é, para Monteiro (1961) é um exemplo, porque nele aborda poesias referente à história de Minas gerais em coletânea, do início da colonização até a Inconfidência Mineira, lançado no ano de 1953. Esse dialogo entre documentos e poesias foram os pilares para construções dos diálogos do filme. “É notório que Joaquim Pedro de Andrade possui uma obra cinematográfica imbricada com a literatura. Ele realmente partiu muitas vezes da inspiração literária para apreender verdadeiramente a linguagem do cinema” (SILVA, 2016, p. 24).
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