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A Apresentação das Pedras Preciosas em “O Anel de Jade” e “Pérola Prodigiosa”

Por:   •  23/11/2017  •  Trabalho acadêmico  •  4.968 Palavras (20 Páginas)  •  411 Visualizações

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 UNIVERSIDADE DE MACAU[pic 1]

Faculdade de Artes e Humanidades

Departamento de Português

Introduction to the study of the literatures of the Portuguese-speaking world

PTSB325

Letícia, Wu Jingjing, AB618705

Macau, 2 de maio de 2017

 A Apresentação das Pedras Preciosas em “O Anel de Jade” e “Pérola Prodigiosa”

Quando se fala sobre a literatura de Macau, não é possível ignorar Cheong-sam(A Cabaia) de Deolinda da Conceição e Curiosidades da Macau Antiga de Luís Gonzaga Gomes. Ambos livros são respectivamente um conjunto de contos ou lendas com pano de fundo em Macau e, coincidentemente, ambos têm uma história que se concentra em jóias e pedras preciosas. Um é “O Anel de Jade” e o outro é “Pérola Prodigiosa”. Uma jóia é um objecto de adorno ornamental, que é tipicamente feito com gemas e metais preciosos. Há uma longa história que as jóias são símbolos de beleza. As jóias hoje em dia não só possuem a valoração de adorno, mas também têm os significados mais abstractos. As jóias também são sinal de prestígio social e de poder, assim como as marcas luxuosas de roupa que são interpretadas como símbolos de riqueza.

Este ensaio pretende analisar a representação da jóia e as pedras preciosas em “O Anel de Jade” e “Pérola Prodigiosa”. Em premeiro lugar irei falar no primeiro capítulo sobre as pedras preciosas, nomeadamente o jade e a pérola de forma a perceber aquilo que elas representam do ponto de vista simbólico. Diferentes pedras preciosas carregam significados diferentes e são símbolos diferentes. A seguir no segundo capítulo, como ambos o jade e a pérola têm uma forma circular e arredondada, também implicam a ideia importante de circularidade do ponto de vista narrativo que se reflect no modo como a história é narrada. Neste capítulo vai tratar principalmente da circularidade no “O Anel de Jade”. Antes de mais, irei referir o anel e círculo, que é o elemento nuclear da história “O Anel de Jade”, mas também o símbolo essencial da sua circularidade. Em seguida, veremos como a circularidade narrativa nos dois contos é de bastante importância. No conto “O Anel de Jade”, existe um círculo na vida da menina, um cículo que parte do do mundo natural segue pelo mundo social e depois regressa ao mundo natural no momento em que morre. No texto “Pérola Prodigiosa”, a história começa com referências factuais que se aproximam do plano da realidade. Depois por meio da intensidade dramática, a história chega ao clímax, passa ao anti-clímaxm por fim, volta à realidade. Além do mais, a circularidade pode significar o aprisionamento e a inescapabilidade, especialmente no conto “O Anel de Jade”. O sentimento de aprisionamento acompania a menina desde o início até o fim da sua vida. Ademais, é provável que represente a circularidade cultural, que é o “[...] influxo recíproco entre cultura subalterna e cultura hegemônica, particularmente intenso na primeira metade do século XVI” (GINZBURG, 1987, 13). Os protagonistas dos dois contos todos passam por uma mudança de classes, de baixo para cima. As culturas das classes diferentes influenciam os protagonistas e fazem diferenças.

  1. Pedras, Jóias, Adornos

Desde muito cedo, o ser humano concebeu o desejo de destacar. Esse desejo manifesta-se na procura de beleza através de roupas coloridas, pintura do corpo e adornos, principalmente, jóias elaboradas a partir dos elementos da natureza, como assinala Amanda Teixeira:

O ser humano desde que se distinguiu dos outros animais buscou com o que se destacar. O desejo pelo embelezamento do corpo foi e ainda é característica intrínseca do homem, que criou um simbolismo próprio através de sinais materiais. Entre uma das formas de embelezamento que o homem criou, estão as joias, que eram produzidas a partir dos recursos que a natureza oferecia. [...] Com o passar dos tempos, as joias ampliaram o seu valor simbólico e são atribuídos a elas inúmeros signifcados como: indicador de status, poder, riqueza, prestígio, apego simbólico, sentimental, mágico, protetor, religioso, sedução, entre outros. (Teixeira, 2011, 17)

Apesar de serem acessórios de embelezamento, a estas peças são atribuídos muitos outros significados. Produzidas pela natureza, a maioria das pedras e minerais preciosas custam dezenas, centenas e até milhares de anos para se formarem. Depois com o trabalho bastante esmerado dos joalheiros é que são feitas as jóias. É por isso que são raras e preciosas. O acesso às jóias é uma marca de prestígio e de riqueza. Portanto, tornam-se num símbolo de riqueza, prestígio, poder, e estatuto social.

No conto “O Anel de Jade”, a protagonista é bela, pura e inocente, tal como o jade. O anel de jade é um objecto de forma circular que é o elemento nuclear da história, representando uma circularidade narrativa e simbílica. No conto “Pérola Prodigiosa”, a pérola é uma pequena coisa valiosa que se desenvolveu num corpo estranho de peixe num madeiro. Com esta jóia, os operários mudam a vida e ficam ricos.

1.1 Jade

O jade é um tipo de pedra ornamental, diáfana e frágil. Normalmente é de cor verde-escura, mas também pode ter outras cores. Esta pedra fascinante é trazida para a Europa a partir da China. O jade, desde muito cedo, tornou popular por causa da sua beleza e preciosidade, como destaca Chevalier:

Pela sua beleza, o jade é o emblema da perfeição. E das cinco virtudes transcendentais: benevolência, transparência, sonoridade, imutabilidade, pureza; [...] da maioria das qualidades morais: bondade, prudência, justiça, urbanidade, harmonia, sinceridade, boa fé, assim como do céu, da terra, da virtude e do caminho do virtude. Por isso, diz Ségalen, o elogio do jade é o elogio da própria virtude. (Chevalier, 2004, 380)

A personagem principal do conto “O Anel de Jade” era bonita, simpática, com a pele diáfana. O narrador compara-a com o jade, elogiando as suas virtudes. Ela era perfeita. A sua inocência e pureza revelavam a sua aproximação à Natureza. A história dela começou na Natureza, e quando ela morreu, voltou ao mundo natural.

Desde os mais tenros anos que o jade exercia uma fascinação aos seus olhos. Ficava-se boquiaberta a contemplar aquele verde brilhante,  tão frio e tão liso. A Natureza fizera a frágil, de pele diáfana, olhos em amêndoa, escuros e lustrosos sempre, cabelos negros e bem fartos que ela usava em tranças, a moda da sua China.(Conceição, 1956, 97)

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