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A Criação de Adão

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Por:   •  11/9/2014  •  Resenha  •  539 Palavras (3 Páginas)  •  371 Visualizações

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Palestra realizada em 20 de novembro de 1997 na Federação

do Comércio do Estado de São Paulo, onde Frei Betto, um dos

maiores teólogos e intelectuais brasileiros, fala do papel da ciência,

da educação e da religiosidade no mundo moderno.

Minha intenção é falar sobre o momento que estamos vivendo,

momento confuso em termos de perspectiva do futuro. A primeira

evocação que faço é da pintura de Michelangelo na Capela

Sistina, “A criação de Adão”, em que a figura de Deus, recoberto de

mantos e com a barba longa, estende o dedo para Adão. Ao mesmo

tempo em que Adão, como símbolo da humanidade, é atraído

em direção à Terra, ele estende o dedo na direção do Criador, espécie

de premonição nostálgica de que é preciso não perder o contato

com a fonte, com a raiz, que é Deus. Michelangelo foi genial,

porque é muito difícil compreender o momento em que se vive.

É fácil analisar os momentos depois que eles passaram. O artista,

com sua intuição, com seu talento, tem o dom de captar o momentoda “descoberta” do Brasil? A passagem. Diria que não estamos

vivendo uma época de mudanças. Estamos vivendo, hoje, uma

mudança de época. A última mudança de época foi justamente na

“descoberta” da América, quando o Ocidente passou do período

medieval para o moderno. A pintura de Michelangelo expressa,

com genialidade, essa chegada de um tempo em que o conhecimento,

a epistemologia, se desloca de uma perspectiva teocêntrica

para uma perspectiva antropocêntrica. A rainha das ciências,

durante mil anos, no período medieval, foi a teologia. A rainha das

ciências, da modernidade é a física. O período medieval se baseava

na fé; o moderno, na razão. O período medieval se baseava

© Anexo 261

na contemplação das verdades reveladas; o moderno, na busca

da compreensão da mecânica deste mundo e no pragmatismo, na

transformação deste mundo.

Quando os camponeses medievais preparavam o campo, aspergiam

água benta e ainda pagavam aos padres pela água comprada.

Até que apareceu um sujeito, que não era cristão, com um

pozinho preto, dizendo: “Ponham isso na terra, e irão produzir

mais do que com a água benta dos padres”. De fato, o adubo resultou

numa produtividade muito maior do

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