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A Cultura e Literatura Popular

Por:   •  1/12/2017  •  Bibliografia  •  10.437 Palavras (42 Páginas)  •  547 Visualizações

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A Cultura e a literatura popular

Aula 1: Conceitos e definições de cultura e de Cultura Popular

1.0 Conceitos de cultura

- “ um sistema de significados, atitudes, valores partilhados e as formas simbólicas ( apresentações, objetos artesanais) em que são expressos ou encarnados. A cultura, nessa acepção, faz parte do modo de vida mas não é idêntica a ela. ( BURKER, 2010, p. 11)

2.0 Conceitos e traços da cultura popular

_ “ è a cultura não-oficial, a cultura da não-elite, das classes subalternas, como chamou-as Gramsci” ( BURKER, 2010, p. 11).

- o termo “ cultura popular” dá uma falsa impressão de homogeneidade e que seria melhor usá-lo no plural, ou substituí-lo por uma expressão de ‘ cultura das classes populares’ “( BURKER, 2010, p. 17).

- O povo não é “ uma unidade culturalmente homogênea , mas está estratificado de maneira complexa” “( BURKER, 2010, p. 57).

-   “a cultura popular é heterogênea” (Ortiz, 1994), e que, portanto, o correto seriafalarmos em “culturas populares”. O pensamento de Ortiz se completa com o de Certeau (1995) ao definir a cultura popular como “a cultura comum das pessoas comuns, isto é, uma cultura que se fabrica no cotidiano, nas atividades ao mesmo tempo banais e renovadas a cada dia”. Para Certeau, a dificuldade em se definir com clareza a noção de cultura popular se deve a polissemia semântica que cada.um dos termos sugere.

3.0 A interação entre a cultura do povo e a cultura de Elite

- A fronteira entre várias culturas do povo e as culturas das elites ( e estas era, tão variadas quanto aquelas) é vaga e, por isso, a atenção dos estudiosos do assunto deveria se concentrar na interação e não na divisão entre elas “( BURKER, 2010, p. 17).

3.1 Exemplos objetivos

a) As estórias de Carlos Magno e de seus paladinos eram cantadas  nas praças de mercados paladinos italianos em 1800. De modo que as novelas de cavalaria foram apropriadas por camponeses.

b) A ascensão social da valsa e da festa cortesã da Renascença: o mascaramento informal se converteu em “ formal”, havendo uma apropriação e  a transformação criativa do que foi apropriado.

c) O Fausto de Goethe tomou de empréstimo alguns elementos do tradicional teatro de bonecos de Fausto.

d) Um tema determinado ia e voltava entre as duas culturas: a primeira parte de Pantagruel  baseou-se nos folhetos Grandes e inestimables choronoquis de l´ enorne géant  Gargantua. Por outro lado, os palhaços Bruscambile e Tabarin  basearam-se em Rabelais.

c)  A imagem da bruxa envolve a interação entre a cultura erudita e a popular: “ envolvia elementos populares como a crença de que certas pessoas teriam o poder de voar pelos ares ou de fazer o mal a seus vizinhos por meios sobrenaturais, elementos eruditos, notadamente a ideia do pacto com o diabo” “( BURKER, 2010, p. 97).

3.1 A cultura dos folhetos enquanto midcult: situada entre a cultura letrada ( elite)  e a popular, alimentando-se de ambas.

- Os folhetos propagavam as baladas.

- Livretos italianos dos século XVI apresentavam cantos de Ariosto de modo simplificado.

- Livretos espanhóis ofereciam versões curtas e simples das peças de Lopes de Veja e Calderón.

-Livretos franceses com popularização de Rousseaou

Em síntese: Havia um interesse de um público em entender esses autores que pareciam não ter condições de comprar ou de entende-los.

- Como meios de comunicação de massa, foram usados para influenciar a população  por políticos e o clero.  Encomendas pelas classes dirigentes com uma função propagandística.

- A  transgressão dos limites é aqui obviamente relevante. A definição de Bakhthin referente a carnaval e a carnavalesco “ pela oposição não às elites, mas à cultura oficial, assinala uma mudança do popular como o rebelde que existe dentro de nós, e não a propriedade de um grupo social”  “( BURKER, 2010, p. 17).

Aula 2: A Cultura Popular e a carnavalização: um percurso pelos estéticos na literatura popular e a erudita

  1. Dualidade de mundo:

- Oferece uma visão de mundo e de relações   humanas totalmente diferente, deliberadamente não-oficial ( um segundo mundo ou uma segunda vida).

-Paródia da vida ordinária, como “ um mundo ao revés”

  1. Nas fronteiras entre a arte a vida:

-Não há uma distinção entre atores e expectadores. No carnaval todo o povo participa.

  1. Abolição provisória de todas as formas de hierarquias:

-Reina uma forma especial de contato livre e familiar entre indivíduos separados na vida cotidiana pelas barreiras intransponíveis  de sua condição, sua fortuna, seu emprego, sua idade e situação familiar.

  1. A ambivalência do riso carnavalesco

     - O riso é alegre e cheio de alvoroço, mas ao mesmo tempo, burlador e sarcástico, nega e afirma, simultaneamente.

- Expressa uma opinião sobre o mundo no qual estão incluídos os que riem.

-

  5.0 O realismo grotesco ( na literatura oficial, os nomes representativos são Sakespeare e Cervantes).

- É o rebaixamento, isto é, a transferência ao plano material e corporal , o da terra e do corpo na sua indissolúvel unidade , de tudo que é elevado , ideal e abstrato ( Bakhtin, 2013, p. 17).

- O alto é representado pelo rosto ( a cabeça) e o baixo pelos órgãos genitais, o ventre e o traseiro. (...) Degradar significa entrar em comunhão com a vida da parte inferior do corpo, a do ventre, a dos órgãos genitais, e, portanto, com atos como o coito, a concepção, a gravidez, o parto, a absorção de alimentos e a satisfação de necessidades naturais.

- A loucura é uma alegre paródia  ao espírito oficial: permite observar o mundo com um olhar diferente , não perturbado pelo ponto de vista normal, ou seja, as ideias e juízos comuns (BAKHTIN, 2013, p. 35). .

- a máscara: a alegre negação da identidade  e do sentido único, a negação da coincidência estúpida consigo mesmo (BAKHTIN, 2013, p. 35).

- o diabo é um alegre porta-voz de opiniões não-oficiais, da santidade ao avesso, o representante do inferior material (BAKHTIN, 2013, p. 36).

- O bufão foi o porta-voz de outra verdade, não-feudal, não-oficial: a verdade universal só era admitida quando se apresentava numa forma anódina, quando fazia rir e não pretendia desempenhar nenhum papel no plano sério. (BAKHTIN, 2013, p. 36).

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