A Educação no Brasil: Barroco
Por: anabia06 • 5/12/2020 • Trabalho acadêmico • 945 Palavras (4 Páginas) • 150 Visualizações
Uma história sobre a educação no Brasil: A influência jesuíta
UNICESUMAR
Bernd Renner
Introdução:
A ordem jesuíta foi criada por Inácio de Loyola no início do século XV com intuito de expulsar os mouros do território ibérico e, posteriormente, se responsabiliza pela manutenção dos fiéis da fé católica durante a contrarreforma. No entanto, a ordem assume um papel distinto, mas fundamental (para o império português), no Brasil colonial, voltando-se à conversão e instrução dos povos indígenas, além da catequização e educação da elite colonial. É a partir deste breve entendimento historiográfico que percebemos que a educação no Brasil nasce com a Ordem Jesuíta e, portanto, traz consigo diversos ensinamentos e dinâmicas didáticas que nascem com os jesuítas no período colonial.
Referência do texto a ser trabalhado:
ANCHIETA, José de. Na aldeia de Guaraparim. Espírito Santo, 1585.
Anchieta e a máxima da catequização: um conceito sobre a educação colonial
Anchieta chega ao Brasil através da Companhia de Jesus no intuito de expandir a fé cristã no território americano, logo no seu primeiro ano no Brasil colonial ele se torna um dos responsáveis pela fundação do primeiro colégio da vila de São Paulo de Piratinga. Mas, para além disso, Anchieta passa a se interessar pela língua dos nativos brasileiros, com isso ele passa a estudar e compreender a língua dos povos tupis e dos povos guaranis, é neste limbo entre a língua portuguesa e a língua indígena que Anchieta entende um fundamento básico da educação: nela nada se tira, nem se perde, apenas se ganha. A forma de instrução que a Ordem Jesuíta buscava, a priori, era falha, pois buscava arrancar do indígena aquilo que ele já conhecia como língua materna, como religião e como vida; Anchieta instaura uma nova forma de educar, através textos escritos na língua indígena que trabalhavam a temática cristã de uma forma muito mais dinâmica e didática, o teatro.
O texto dramático é, em Aristóteles, o texto encenado caracterizado por diálogos entre as personagens. Nesse sentido, o texto assume uma qualidade mimética que atribui um dinamismo natural à obra, tornando-a muito mais fácil ao entendimento e, por consequência, mais suscetível à conversão dos povos brasileiros originários.
“Na aldeia de Guaraparim” de José de Anchieta nos traz uma visão mais informal e lúdica dos sermões jesuítas, a peça relata a história de quatro diabos que planejavam tomar a aldeia de Guaraparim com seus males e ruínas, mas tendo seus planos maquiavélicos interrompidos por um anjo que chega para proteger a aldeia. A obra dialoga de forma extremamente interessante com a forma como a educação era, e ainda é, pensada no Brasil. O padre Antônio Vieira, também integrante da Companhia de Jesus, diz, em seu Sermão do Espírito Santo: “Para converter almas, não bastam só palavras...” (Vieira, 1657, p.1), nesse sentido precisamos pensar a educação de forma mais dinâmica e acessível, ela precisa chegar a todos e atingir a todos, sua linguagem precisa ser simples, mas transmitir a mensagem, sua aplicação deve ser tranquila e a absorção do aprendiz deve ser completa.
O texto de Anchieta é completo pois ultrapassa o quesito educacional, é também uma produção acadêmica que se relaciona intrinsecamente com o barroco brasileiro e a sua relação com a ordem jesuíta no Brasil colonial. O texto traz características essencialmente barrocas como a oposição clara entre o sagrado e o profano, a dualidade fundamental do ser e um jogo de palavras rico para o estudo gramatical. Sobretudo, é um texto que traz em sua essência o objetivo jesuíta, a imersão do povo indígena na doutrina cristã, o trabalho de Anchieta é escrito originalmente em tupi e feito na intenção de ser encenado pelos próprios indígenas, desse modo há o entendimento e a inserção completa de algo que é inerente à fé cristã, a batalha travada entre “anjos e demônios” levando à desconstrução do mal no ser humano. Na aldeia de Guaraparim é uma aula de Anchieta à Ordem Jesuíta de como educar de uma maneira inclusa e acessível.
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