A IDENTIDADE DO PROFESSOR DE LÍNGUA PORTUGUESA
Por: liab • 12/4/2018 • Trabalho acadêmico • 1.774 Palavras (8 Páginas) • 663 Visualizações
1 INTRODUÇÃO
De origem latina, a palavra identidade tem uma diversidade de conceitos, mas é sabido que ela é o que diferencia uns dos outros, assim, identidade significa segundo o dicionário Houaiss (2011) o “conjunto das características próprias e exclusivas de um indivíduo”.
Se é a identidade que determina que tal indivíduo é único e irreplicável, como um profissional que em sua história recente tem sido vítima de políticas salariais desastrosas, desvalorização social e más condições de trabalho pode construir sua identidade profissional?
A construção da identidade de um professor é cada vez mais complexa. O Professor está em constante busca pelo seu espaço e muitas são as discussões em torno da sua formação e identidade profissional. O que demanda um maior detalhamento a respeito da formação desse profissional.
A formação profissional requer do professor uma visão crítica sobre suas representações pessoais, conceitos e crenças sobre a educação e a instituição de ensino, os problemas sociais que ocorrem na escola, as maneiras de ensinar e aprender.
É na escola que os professores encaram e resolvem problemas, preparam e alteram procedimentos, criam e recriam táticas de trabalho e, com isso, vão gerando transformações pessoais e profissionais. O conhecimento do professor se constrói através de saberes que possam servir como instrumento para análise da realidade.
Nesta perspectiva, os professores procuram melhorar suas práticas com a formação continuada, dando ênfase aos saberes pedagógicos que contribuem para o enriquecimento do docente. Entretanto, não é o bastante para a situação existente no espaço escolar: alunos cada vez mais conectados a tecnologia, ou, em outro caso, alunos cada vez menos interessados, estando ali pela obrigação.
É preciso refletir a ação do professor; visto que a importância sobre a formação dos professores enquadra-se em um contexto social em que a tecnologia está presente.
O objetivo dessa reflexão é colaborar para uma melhor compreensão do que o educador pode fazer para encarar os desafios atuais.
2 IDENTIDADE DO PROFESSOR DE LÍNGUA PORTUGUESA
O artigo de Coracini (2000) descreve que, “dentro da visão de identidade...o sujeito se constrói pelo outro e se ver pelo olhar do(s) outro(s).”
Compreender a identidade profissional do professor está diretamente ligado à interpretação social da sua profissão. Segundo Pimenta (2000):
Uma identidade profissional se constrói, pois, a partir da significação social da profissão; da revisão constante dos significados sociais da profissão; da revisão das tradições. Mas também da reafirmação das práticas consagradas culturalmente e que permanecem significativas. Práticas que resistem a inovações porque prenhes de saberes válidos às necessidades da realidade. Do confronto entre as teorias e as práticas, da análise sistemática das práticas à luz das teorias existentes, da construção de novas teorias.
Ao longo dos anos, o professor de língua portuguesa tem sido visto de diversas formas pela sociedade. Muitas vezes, como um transmissor de idéias incontestadas, um profissional que apenas deveria repassar conhecimentos aos seus alunos.
Na visão do aluno, há uma divergência na imagem do professor, o professor é visto tanto de forma positiva como de forma negativa, para alguns alunos o professor serve de escárnio, para outros de inspiração.
Na construção da identidade, em que a singularidade é decisiva, a identidade do professor de língua portuguesa é determinada pelas práticas discursivas que envolvem a atuação docente, sobretudo, aquelas resultantes do livro didático.
Este, inúmeras vezes, exclui o professor do processo, ao se dirigir apenas ao aluno, desconsiderando o professor enquanto agente responsável pelo ensino da língua e um dos principais usuários do livro. Coracini (2000) reforça que “...emerge dos livros didáticos analisados a imagem de um professor que não tem voz nem opinião, já que deve funcionar em sala de aula como porta-voz do livro didático...”.
As imagens que os professores de língua portuguesa possuem sobre seu trabalho, suas escolhas, sua formação, está diretamente ligada à construção da sua identidade. Dentre as imagens idealizadas do professor, está a de professor herói, que dispõe a livrar os alunos “não apenas das doenças do intelecto, isto é, da ignorância, mas também das doenças da alma que se manifestam, no vício da droga, em atitudes de insensibilidade” (Coracini, 2000). O professor se vê como alguém que pode salvar o aluno, apontando -lhes oportunidades, alternativas, direção a ser seguida. Ele induz os alunos à refletirem sobre suas atitudes, afirmando a concepção de que o professor é um “modificar de destinos”, de acordo com a reflexão de Coracini.
Essa visão idealizada tem causado frustação ao professor, ele deseja orientar os passos dos alunos, ajudá-los nas escolhas, porém, se deparam com alunos rebeldes que não mostram interesse pelo trabalho do professor.
Em uma segunda visão, de professor vocacionado, o professor se vê como portador de um dom, de uma vocação para ensinar, ele vê o trabalho docente como algo missionário. Coracini (2000) ao tratar dessa questão, afirma que essa ideologia da missão é um resquício de um tempo em que o ato de educar comparava-se ao ato de evangelizar dos missionários. Nessa época, ensinar não era de fato uma profissão, mas uma missão porque se ensinava por devoção a exemplo do sacerdócio.
Segundo Orlandi (1998), a identidade do sujeito é um movimento da história porque ela está sempre sujeita a uma historicização, ou seja, ela está constantemente em processo de mudança e transformação. Com efeito, o professor se torna professor no movimento da história. Constatamos, pois, que a vocação não floresce, a partir do nascimento, de forma natural na vida dos professores. A construção da identidade do professor vai se formando historicamente, em diferentes tempos/espaços.
Uma outra visão idealizada do professor, é a de professor ator, ele se vê como um ator de palco, centro das atenções, o público são os alunos que agem de acordo com o desejo do professor, demonstrando interesse.
Decorrente dessas imagens positivas, que permanecem como ideais inatingíveis, o professor se depara com a frustação, surgindo “a imagem de um professor humilhado, incompreendido, desiludido, vítima de uma sociedade injusta e ingrata.” (Coracini,2000). Muitas vezes o professor se vê como um “pobre coitado” que não teve capacidade de conseguir um emprego
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