A INTERFERÊNCIA DO CHAT NO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DA ESCRITA
Por: luankim • 28/3/2016 • Monografia • 10.131 Palavras (41 Páginas) • 426 Visualizações
1 INTRODUÇÃO:
No Brasil, a ortografia é uma norma oficial imposta por lei. Para dominar-se tal norma, é fundamental conhecer o que prescreve a gramática. Não se deve, no entanto, ter a gramática como um fim em si mesma, mas como uma ferramenta útil e necessária para o domínio da linguagem padrão.
O alunado do 6° ano do Ensino Fundamental II tem à disposição profissionais, e material didático que têm a função de fazê-lo entender e pôr em prática os ensinamentos da gramática normativa, que se refletem no(s) uso(s) que se faz da língua verbal, já que ela representa, organiza e transmite o nosso pensamento.
O aluno por vezes imprime traços da oralidade na escrita, pois a sua memória visual ortográfica, nem sempre bem amadurecida confunde-se com a sua maneira de falar, já que a diversidade de situações de comunicação oral a que está envolvido (a comunicação familiar, na escola, em grupo de amigos, chat, msn, orkut, etc) pode induzí-lo a escrever como fala.
É com base em tudo o que foi dito que se torna de fundamental importância o estudo da interferência do chat no processo de desenvolvimento da escrita dos alunos do 6° ano do Ensino Fundamental II nas palavras você e também, já que eles devem aprender tal distinção (a identificar sinais do que é tipicamente escrito, do que é tipicamente oral), bem como, em matéria de língua, o conceito de certo e errado que está intimamente ligado ao conceito de adequação. Afinal, a linguagem correta é aquela adequada aos elementos presentes nos processos de interação oral e escrita.
A presente pesquisa tem como objetivos: identificar o grau de interferência das situações de comunicação orais no processo de desenvolvimento da escrita do aluno do 6° ano do Ensino Fundamental II, haja vista que tal situação é muito recorrente nas produções textuais escolares; além disso, intenciona-se: verificar nos alunos os vínculos entre a fala e a escrita na produção textual do chat e a influência deste nas redações dos discentes, por fim, averiguar os indícios e as marcas que induzem o locutor a transferir traços da fala para a escrita na prática de sala de aula.
Quanto ao falante ser influenciado pelas situações comunicativas que o cercam no momento de escrever; tal fato se deve a economia lingüística, posto que implica em economia de palavras, tempo, e espaço; como no caso do chat, onde o mesmo escreve as mensagens via internet com o menor número de letras possíveis para estabelecer comunicação à distância.
Enquanto a escrita, é produzida através de contextos mais formais, como por exemplo, a escola; a fala perpassa por várias situações comunicacionais e não é padronizada, sendo assim, a fala é espontânea e peculiar ao falante, podendo por vezes aparecer nas suas produções escritas escolares.
Tais características atribuídas à fala e à escrita são parte da vivência social de muitos indivíduos, Bagno refere-se a elas nos seguintes termos:
Para os primeiros intelectuais que se dedicaram ao estabelecimento e fixação de regras gramaticais - os filólogos da cidade de Alexandria, no Egito, no século III a.C. -, a variação era um “problema”, era um “defeito” da língua, que precisava ser corrigido (...) – a escrita literária consagrada – é que deveria servir de modelo para toda e qualquer pessoa “culta” que quisesse se expressar de modo “socialmente aceitável” em grego. (Bagno, 2007, p.87)
É por aspectos sócio-culturais como os citados por Bagno que vê-se o quão cristalizado nos hábitos coletivos os preconceitos lingüísticos estão, atribuindo dessa forma “problemas” e “defeitos” à fala, e “padrão” e “correto” à escrita prescrita nas gramáticas normativas.
O objetivo principal da pesquisa é verificar como as marcas da oralidade (onomatopéias e estilizações do coloquial) estão presentes no cotidiano dos alunos que são usuários das redes sociais e imprimem traços do internetês (grafia utilizada para estabelecer comunicação nas redes sociais, na qual as palavras são abreviadas) nas produções textuais da escola. Para embasar esta pesquisa, foram utilizados os pressupostos de teóricos como: Bagno, Neves, Marcuschi, entre outros, com a finalidade de mostrar a presença que este fenômeno (internetês) ocupa nas escritas propostas pela escola.
Desse modo este trabalho, vem mostrar que mesmo havendo variantes regionais, culturais e sociais, distintas, a oralidade e o chat como instrumentos de manifestação de comunicação, influenciam na escrita dos discentes no 6° ano do Ensino Fundamental II.
Para apresentar o desenvolvimento desta pesquisa, seguem-se as etapas percorridas através dos seguintes tópicos:
I Introdução
II Revisão Bibliográfica
III Metodologia
IV Análise de Dados
V Considerações Finais
Abordando a influência do internetês sobre a produção textual escolar pretendi maiores esclarecimentos acerca de tais fenômenos linguísticos, bem como a sua contribuição para a comunidade acadêmica.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 O INTERNETÊS E A SUA POPULARIDADE
O internetês é um neologismo aplicado para designar a linguagem peculiar aos usuários da internet quando estão em um bate-papo virtual (chat). Hamze define o internetês como: “Internetês é um neologismo (de internet+ sufixo ês) que designa a linguagem utilizada no meio virtual, em que "as palavras foram abreviadas até o ponto de se transformarem em uma única expressão, de duas ou no máximo cinco letras" (HAMZE, 2008)
Com base nas afirmações acima, percebe-se que essa nova forma de comunicação (internetês) abrevia as palavras de tal forma que os internautas têm que digitar menos caracteres para dizerem o que querem. A exemplo disso tem-se:
não=n, sim=s, de=d, que=q, também=tb, cadê=kd, tc=teclar, porque=pq, aqui=aki, acho=axo, qualquer=qq, mais ou mas=+, entre outros.
Tal prática (abreviar as palavras) vem ganhando adeptos, principalmente entre, os jovens em idade escolar que são os usuários que dispõem de mais tempo e afinidade para acessar as mídias sociais,especialmente: o chat. Esta tendência pode influenciar as produções escritas desses alunos, de modo a desviá-los da gramática normativa.
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