A LIRA ULTRARROMÂNTICA DE ÁLVARES DE AZEVEDO
Por: narleypaulo • 2/5/2018 • Ensaio • 897 Palavras (4 Páginas) • 190 Visualizações
A LIRA ULTRARROMÂNTICA DE ÁLVARES DE AZEVEDO
Paulo Narley Pereira Cardoso (UFPI)
Pretende-se neste ensaio, analisar as características ultrarromânticas presentes na escrita do autor brasileiro Álvares de Azevedo. Toma-se como corpus para as análises, seis poemas retirados das obras “Lira dos Vintes Anos” e “Antologia de Poesia Brasileira”. Primeiramente, faz-se um breve percurso pela vida do autor e o momento em que sua produção literária está encaixada. Logo depois, parte-se para as análises propostas. E por fim, apresenta-se as conclusões.
Manuel Antônio Álvares de Azevedo é natural de São Paulo. Nasceu próximo ao Largo de São Francisco no ano de 1831. Foi bacharel em Letras, matriculando-se depois para o curso de Direito, em São Paulo. Sua produção literária foi fortemente influenciada por Lord Byron. No ano de 1852, morre depois de uma operação mal sucedida e após a sua morte, foi publicada a obra “Lira dos Vinte Anos”.
Conhecida como a geração do mal-do-século, a segunda geração do Romantismo brasileiro se caracteriza pela presença marcante do subjetivismo. Seus principais temas são: amor, morte, dúvida, ironia, tédio diante da vida. Há aqui um sentimentalismo exacerbado. Na poesia, as características mais marcantes são: o egocentrismo, pessimismo, o desejo de fuga, desilusão, erotismo, pessimismo etc.
“Lembrança de Morrer”
Alvares de Azevedo, poeta moribundo de “Lira dos Vinte Anos” faz com que o eu-lírico ria da própria desgraça ironizando o fato de ser mortal. Tanto o poeta, como o poema “Lembrança de Morrer” falam de morte. Neste poema, a temática de morte por amor é presente, contemplada pela euforia do eu-lírico em ir para o inferno, pois lá há mulheres mais bonitas, este fato pode ser percebido na oitava estrofe, nos versos um, dois e três. Durante todo o poema o eu-lírico deseja a morte como forma de ficar mais feliz e não se magoar mais. Estruturalmente, o poema possui dez estrofes de quatro versos cada, com rimas ritmadas.
“Soneto”
Continuando a analise dos sonetos de Alvares de Azevedo, na obra “Poesias Diversas”, o primeiro soneto, na primeira estrofe, logo no primeiro verso o eu-lírico demonstra as imperfeições próprias do mal do século. Ainda na primeira estrofe o autor quer romper com suas lembranças do passado, como forma de esquecer.
No terceiro e quarto versos da segunda estrofe, fala da idealização do amor, quando o eu-lírico fala da mãe e irmã e o acalento das duas.
Na terceira estrofe a presença onipresente da morte é algo constante, assim como na quarta estrofe a solidão e o desapego são marcados.
“Se Eu Morrer Amanhã”
Neste soneto, Álvares de Azevedo demonstra às ânsias, as dúvidas, as dores que a morte trás. No fundo de todas as estrofes encontramos a inconstância e a ansiedade em relação ao amanhã.
No primeiro verso da primeira estrofe, o autor retrata a possível reação dos familiares frente ao seu corpo petrio. Já na segunda estrofe, o poeta retrata as proezas e glórias que a sua morte tiraria dele. Admirações quanto a externalidade, com suas belezas e encantos de um amor que nunca sentira estão presentes na terceira estrofe. O autor finda o poema esclarecendo que a provável morte num certo amanhã, devoraria todas essas dúvidas e acalmaria todos esses medos.
“Soneto”
Neste soneto há a predominância de características, em todos os aspectos, da segunda fase do Romantismo. A morte é um desejo presente e recorrente do eu-lírico como forma de fugir das suas idealizações, o receio de amor e a mulher desejada.
Quanto à rima e o ritmo, a estrutura é regular, sendo os versos decassílabos. Os versos apresentam grande regularidade.
Quanto à análise temática e semântica, este soneto se inicia com a descrição, no primeiro verso da primeira estrofe, da mulher amada como pálida, branca e iluminada por uma lâmpada e dormindo reclinada sobre flores.
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