A Matéria de Jornalismo
Por: Guilhermesson • 13/11/2019 • Artigo • 1.158 Palavras (5 Páginas) • 142 Visualizações
Comecei no Lance em 97, fiquei 3 anos. Fui da equipe que abriu o jornal antes mesmo de existir, da primeira equipe do Lance. Depois fui pra um site que durou um ano chamado Esportes já, fiquei um ano porque o site acabou, depois fui para o Grande Prêmio especializado em automobilismo, fiquei 2 anos (no Lance já tinha trabalhado com automobilismo bastante), depois fui editor de esportes do Destaque, depois fui editor de cultura , mas inicialmente editor de esporte, do Destaque fui para a Revista ESPN (que acabou depois de um ano), depois indo para o ESPN FC, liderando a parte editorial quando o site estava sendo desenvolvido. Hoje, trabalho na Red Bull, que de certa forma tem haver com esporte, mas em menor parcela.
Se o formato Mesa Redonda estivesse saturado, não teria tantos, então significa que tem público, uma das maiores audiências da ESPN é o Linha de Passe, a ESPN (americana), ESPN Brasil transformou sua grade quase inteira em Mesa Redonda, Bate Bola, Linha de Passe, Resenha, que não deixa de ser uma mesa redonda, então obviamente tem público porque se não tivesse audiência nem patrocinador, não iam deixar no ar. Agora, eu tanto como espectador quanto jornalista, me cansa, acho um exagero, mas obviamente não está saturado porque existe um interesse, esse tipo de programa dá muita audiência, veja quantos tem no SPORTV, FOX, creio que existe um excesso, mas não está saturado, o formato ainda funciona e historicamente funciona. Mesa Redonda é um dos formatos mais antigos que existe na TV.
A minha trajetória como Jornalista é muito mais ligada a outros esportes do que o futebol, pelo menos a primeira parte da minha carreira, mas é obvio que existe um interesse absoluto por futebol no Brasil, é o esporte número um, dois, três, quatro, cinco e em número seis vem algum outro, talvez Fórmula 1, já foi basquete, hoje em dia vôlei, Tênis na época do Guga. Agora pode se discutir. O jornalismo tem a obrigação de “enfiar goela abaixo” os outros esportes? Eu acho que não, acho que o papel do jornalismo é informar o que é relevante, não só informar só o que as pessoas querem receber, mas informar o que os profissionais do jornalismo consideram importante informar, mas por outro lado não adianta querer que uma partida da Superliga de vôlei ou do NBB tenha o mesmo espaço que uma partida entre Flamengo e Cruzeiro pelo Campeonato Brasileiro. Acho importante informar, mas não dá pra brigar. Se você for pros Estados Unidos, o espaço da MLS ( liga americana da de futebol) é muito menor que o espaço da NFL (futebol americano) ou da NBA (basquete), é o espaço cultural de cada lugar. O judô nunca vai ter um espaço imenso na imprensa esportiva brasileira, imprensa que cada vez tem menos espaço. Basta ver o que era o caderno de esportes da Folha de São Paulo 15 anos atrás e o que ele é hoje, que nem caderno é, é um apêndice dentro do caderno cotidiano por exemplo. O jornalismo tem obrigação de informar, mas não de incentivar.
Peguei duas fases. Uma fase no fim dos anos 90 e começo dos anos 2000 que as redações eram grandes, principalmente nessa fase. Eram redações grandes, relevantes, com profissionais muito capacitados, gabaritados. Hoje não tem esse espaço, as redações diminuíram de tamanho, principalmente as de impresso e não tem espaço pra tanta gente. Quando eu entrei no Lance, eram muitos Focas (jornalista recém formado e ainda inexperiente) mas tinha gente gigantesca trabalhando ali, PVC, André Rizek, Maurício Noriega, Menon (jornalistas esportivos), gente muito boa, fora outros que eram Focas e viraram gente muito grande, mas no geral a redação esportiva sempre foi um ambiente muito difícil, não era um ambiente saudável, era insalubre, você come depressa. Nunca me esqueço quando sentou um jornalista na minha frente em uma empresa que eu “tava” “freelando” (trabalhando como “freelancer”) e ele sentou com um café de máquina (que fazem um café horrível), um saco de Fandangos e disse “finalmente vou almoçar!”. Retomando, as redações esportivas estão mudando muito, abrindo espaço pras mulheres por exemplo. Mas quando eu comecei, a redação do Lance em São Paulo por exemplo tinha uma mulher na parte de texto e era um ambiente extremamente machista e isso vem mudando, apesar de um longo caminho pela frente.
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