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A REPRESENTAÇÃO DO NEGRO NO LIVRO HISTÓRIA DE TIA NASTÁCIA DE MONTEIRO LOBATO

Casos: A REPRESENTAÇÃO DO NEGRO NO LIVRO HISTÓRIA DE TIA NASTÁCIA DE MONTEIRO LOBATO. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicos

Por:   •  25/5/2014  •  2.875 Palavras (12 Páginas)  •  493 Visualizações

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PROJETO

TEMA: A REPRESENTAÇÃO DO NEGRO NO LIVRO HISTÓRIA DE TIA NASTÁCIA DE MONTEIRO LOBATO.

INTRODUÇÃO

As discussões étnico-raciais no campo educacional confrontam o papel que as literaturas infantis têm na construção da formação ideológica e identitária da sociedade contemporânea. Sendo assim, o referente trabalho de final de curso, tem como tema “O negro na visão Lobatiana a partir do livro “História de tia Nastácia”. Trata-se de uma pesquisa de caráter bibliográfico, o qual possui um cunho educacional, o mesmo tem por objetivo, analisar a representação do negro na literatura infantil de Monteiro Lobato.

O texto analisado segundo o tema proposto, está presente na coleção do Sítio do Pica-pau Amarelo, de Monteiro Lobato, texto que faz parte do ambiente escolar, como forma de aprimoramento de leituras clássicas, decorrentes da década de 80, relatando a representação estereotipada da personagem negra, tia Nastácia. Para a realização da pesquisa foi utilizada a obra, História de tia Nastácia e para fundamentação teórica, foram aproveitadas outras obras que abordam esse contexto, como, SECAD (MEC, 2005), Munanga (1988), PCNs dentre outros autores.

Baseando nessas leituras, objetiva-se compreender a visão que Monteiro Lobato aborda historicamente a cerca da representação negra. Visto que esse autor é utilizado como embasamento para o trabalho a realizar-se na Educação Infantil a cerca da literatura, visando estimular a leitura prazerosa nos educandos, buscou-se compreender o quanto essas obras influenciam a formação ideológica dos estudantes, e como essas tem impregnado a visão racista de forma sutil e implícita.

É pensando como profissionais mediadores do saber e incumbidos de auxiliar a formação identitária dos cidadãos, que sentimos a necessidade de analisar a obra citada acima, como forma de repensarmos a nossa posição enquanto estimuladores, pois, se não nos atentarmos em como está ocorrendo à representação da pessoa negra nessa literatura, mais precisamente a porcentagem que esses personagens possuem na literatura infantil brasileira, poderemos mesmo que inconscientemente influenciar para a difusão do preconceito ou estereotipação desses povos.

Pensando nas obras de Monteiro Lobato, foi possível perceber que por muitas vezes o autor faz citações racistas em relação à personagem negra Tia Nastácia, fazendo com que sejam vinculados estereótipos de um povo que durante muito tempo ficou sendo visto como inferiores, e não portadores de uma cultura “nós não podemos exigir do povo o apuro artístico dos grandes escritores. O povo... Que é o povo? São essas pobres tias velhas, como Nastácia, sem cultura nenhuma, que nem ler sabem e que outra coisa não fazem senão ouvir as histórias de outras criaturas igualmente ignorantes, e passá-las para outros ouvidos, mais adulteradas ainda”.

Contudo, é inaceitável que um órgão social tão importante na formação ideológica como a escola, possa adaptar a sua metodologia de ensino uma literatura carregada de preconceito e de um discurso europeu, onde visa o branco como superior culturalmente e verdadeiramente acentuado, por isso, nada mais relevante que começar a repensar a educação como sugere os nossos documentos, abordando a questão da pluralidade cultural, visto que o aluno precisa ver a sua realidade durante a aprendizagem, para que esta se torne significativa.

PROBLEMA

O cotidiano escolar é de suma importância para a compreensão do papel da escola sobre o desenvolvimento social dos discentes, compreendidos através dos conteúdos didáticos, leituras realizadas ou na veiculação das ideologias de quem os transmitem. Sabe-se que desde a chegada do negro ao Brasil essa população tem sofrido fortes discriminações, desde a sua cor a sua cultura e isso se reflete na sociedade, que os vê como inferiores.

Não se pode negar que as obras de Monterio Lobato trouxeram contribuições significativas na literatura infanto-juvenil, bem como no desenvolvimento da leitura prazerosa por partes desses leitores, porém, enquanto mediadores do saber, vale investigar o quanto essas obras transmitem uma ideologia deturpada de uma classe que compõe a maior parte da população brasileira, os afros-descendentes. Tomando como base o livro “Histórias de tia Nastácia”, iremos analisar a representação que o negro possui nessa obra, verificar quais os lugares ocupados por eles, bem como, compreender as supostas argumentações que levaram esse autor a construir obras que representem o negro de maneira estereotipada.

HIPÓTESE

Sabe-se que o livro é um transmissor ideológico que deveria estar em harmonia com a proposta curricular presente nos PCNs mesmo sendo de cunho infanto-juvenil, entretanto, a realidade é outra, o livro “História de tia Nastácia” apresenta o negro em um papel de subalterno, desvalorizado e apesar de tia Nastácia ser a personagem principal é discriminada nos discursos dos outros personagens, podendo ser verificado isso no trecho:

Nós não podemos exigir do povo o apuro artístico dos grandes escritores. O povo... Que é o povo? São essas pobres tias velhas, como Nastácia, sem cultura nenhuma, que nem ler sabem e que outra coisa não fazem senão ouvir as histórias de outras criaturas igualmente ignorantes, e passá-las para outros ouvidos, mais adulteradas ainda. (p.23)

A negra como assim é chamada muitas vezes pelo narrador e pelos personagens, apesar de ter a estimação de todos é sempre colocada em um lugar de reclusão – cozinha, pois na obra possui apenas o papel de cozinheira.

Fazendo uma análise do contexto histórico vivido pelo escritor Monteiro Lobato, pode-se perceber que no mesmo ano em que foi escrito o livro, o Brasil passava pela fase da ditadura militar em que eram favorecidos os interesses dos grupos dominantes, partindo desse pressuposto subtende-se que, Monteiro Lobato escreve atendendo os interesses da sua classe social, ou seja, a alta burguesia, colocando assim, o negro em um lugar de subalterno como assim era visto pela sociedade. Podendo ser percebido, através da fala de Emilia.

— Pois cá comigo — disse Emília — só aturo essas histórias como estudos da ignorância e burrice do povo. Prazer não sinto nenhum. Não são engraçadas, não têm humorismo. Parecem-me muito grosseiras e bárbaras — coisa mesmo de

negra beiçuda, como tia Nastácia. Não gosto, não gosto e não gosto...

Sendo

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