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A Terra Sonâmbula

Por:   •  27/5/2021  •  Trabalho acadêmico  •  3.040 Palavras (13 Páginas)  •  220 Visualizações

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Mestrado em Português como Língua Segunda e Estrangeira

Literaturas e Culturas de Países de Língua Países de Língua Portuguesa

Ano Letivo 2020/2021

Docente: Ana Maria Martinho

Discente: Emília Bento

1. Autor, Título, Data de publicação, Editora, Outras notas sobre a edição se apropriado.

António Emílio Leite Couto, mais conhecido por Mia Couto, nasceu no dia 5 de julho de 1955, na cidade da Beira em Moçambique. Para além de ser biólogo, é um dos mais importantes autores contemporâneos em língua portuguesa e um dos autores estrangeiros mais vendidos em Portugal.

O livro Terra Sonâmbula é o seu primeiro romance, escrito em prosa poética, tendo sido considerado um dos dez melhores livros africanos do século XX por um júri criado pela Feira do Livro do Zimbábue. A sua primeira edição foi em 1992 e em Portugal foi publicado pela Editorial Caminho em 1993. Em setembro de 2020 deu-se a 16ª edição desta magnífica obra, com uma tiragem de 2000 exemplares.

A obra retrata uma história passada no Moçambique pós-independência, escrita ainda no decorrer da arrasadora guerra civil que se estendeu entre 30 maio de 1976 a 4 de outubro de 1992.

No Brasil, foi editado pela Companhia das Letras, sendo um livro com uma grande disseminação, uma vez que todas as obras de Mia Couto estão traduzidas e publicadas em 24 países.

Algumas das suas obras foram adaptadas para o teatro e cinema e Terra Sonâmbula não foi exceção. Em 2007, foi feita uma adaptação cinematográfica com o mesmo nome, através duma co-produção portuguesa e moçambicana dirigida por Teresa Prata.

2. Breve nota biobibliográfica

Mia Couto é filho de emigrantes portugueses e o seu pai, Fernando Couto, também ele esteve ligado à escrita tendo sido jornalista e poeta.

No jornal Notícias da Beira, com apenas 14 anos, Mia Couto publicou os seus primeiros poemas, iniciando, assim, o seu percurso literário. Apesar de, em 1972, começar a estudar medicina, no ano de 1974 seguiu a sua paixão pela escrita, enveredando pelo jornalismo. Após a independência de Moçambique tornou-se repórter e diretor da Agência de Informação de Moçambique (AIM), entre 1979 e 1981 foi diretor da revista semanal Tempo e trabalhou no jornal Notícias até 1985. Neste mesmo ano, abandonou o jornalismo e entrou na Universidade de Eduardo Mondlane, onde tirou o curso de Biologia, especializando-se em Ecologia.

Como Biólogo, é professor de Ecologia na mesma Universidade onde se formou; tem realizado várias pesquisas relacionadas com a gestão de zonas costeiras; também tem feito recolha de mitos, lendas e crenças que intervêm na gestão tradicional dos recursos naturais; e é diretor da empresa Impacto, onde são realizadas avaliações de impacto ambiental. Além disso, Mia Couto foi o responsável pela preservação da reserva natural da Ilha de Inhaca, em 1992.

Como escritor, Mia Couto além de escrever poesias, escreveu contos, romances e crônicas. Vejamos a sua bibliografia, organizada por categorias:

Poesia: Raiz de Orvalho (1983) e Tradutor de Chuvas (2011)

Contos: Vozes Anoitecidas (1986); Cada Homem é uma Raça (1990); Estórias Abensonhadas (1994); Contos do Nascer da Terra (1997); Na Berma de Nenhuma Estrada (1999) e O Fio das Missangas (2003)

Crônicas: Cronicando (1988); O País do Queixa Andar (2003); Pensatempos. Textos de Opinião (2005) e E se Obama fosse Africano? (e Outras Interinvenções) (2009)

Romances: Terra Sonâmbula (1992); A Varanda do Frangipani (1996); Mar Me Quer (1998); Vinte e Zinco (1999); O Último Voo do Flamingo (2000); Um Rio Chamado Tempo, uma Casa Chamada Terra (2002); O Outro Pé da Sereia (2006); Venenos de Deus, Remédios do Diabo (2008); Jesusalém (2009); A Confissão da Leoa (2012); As Areias do Imperador. Livro Um – Mulheres de Cinza (2015); As Areias do Imperador. Livro Dois – A Espada e a Azagaia (2016) e As Areias do Imperador. Livro Três – O Bebedor de Horizontes (2018) e O Mapeador de Ausências (2020)

Infantil: O Gato e o Escuro (2001); A Chuva Pasmada (2004) ; O beijo da palavrinha (2008) e O Menino no Sapatinho (2013)

É de salientar que o seu primeiro livro publicado foi Raiz de Orvalho em 1983, que as obras O Gato e o Escuro e O Beijo da Palavrinha fazem parte do Plano Nacional de Leitura, sendo leitura recomendada aos alunos do 4º ano de escolaridade e que O Mapeador de Ausências foi, até então, o seu último livro publicado.

Mia Couto recebeu vários prémios nacionais e internacionais, por vários dos seus livros e pelo conjunto da obra literária, entre eles:

* Prémio Anual de Jornalismo Areosa Pena, em 1989, Moçambique, com o livro Cronicando;

* Prémio Nacional de Ficção da Associação de Escritores Moçambicanos, em 1995, Zimbábue, com o livro Terra Sonâmbula;

* Prémio Vergílio Ferreira, em 1999, pela Universidade de Évora, pelo conjunto da obra;

* Prémio Mário António, em 2001, Fundação Calouste Gulbenkian, com o livro O Último Voo do Flamingo;

* Prémio União Latina de Literaturas Românicas, em 2007;

* Prémio Passo Fundo Zaffari e Bourbon de Literatura, em 2007, com o livro O Outro Pé da Sereia; Prémio Eduardo Lourenço, em 2011;

* Prémio Camões, em 2013, tendo sido entregue no dia 10 de Junho no Palácio de Queluz pelas mãos do presidente de Portugal Cavaco Silva e da presidente do Brasil, Dilma Rousseff.e

* Prémio Internacional Literatura Neustadt, em 2014, da Universidade de Oklahomade.

De acordo com o site oficial de Mia Couto, o autor apresenta-se como um “escritor da terra” uma vez que explora sobre as próprias raízes do mundo, debruçando-se sobre a natureza humana e a sua ligação com a terra. Utiliza uma forma de escrever muito peculiar, o que o distingue, recorrendo a neologismos, justificando-se,

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