TrabalhosGratuitos.com - Trabalhos, Monografias, Artigos, Exames, Resumos de livros, Dissertações
Pesquisar

A VOZ FEMININA EM MAYOMBE DE PEPETELA

Dissertações: A VOZ FEMININA EM MAYOMBE DE PEPETELA. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicos

Por:   •  9/10/2014  •  3.536 Palavras (15 Páginas)  •  1.691 Visualizações

Página 1 de 15

A VOZ FEMININA EM MAYOMBE DE PEPETELA

Rodrigo Junqueira Souto

A exploração de trabalhadores era tanta que os mesmos eram obrigados a pagar por suas ferramentas de trabalho.

Resumo:

Em Mayombe, Pepetela narra à luta dos guerrilheiros do MPLA – Movimento Popular de Libertação de Angola e apesar de ser um romance pleno de machismo e “testosterona” o autor expõe a capacidade que duas mulheres da época tiveram de se expressarem no “mundo” expondo assim seus desejos mais íntimos sem se pautarem no que se refere o colonialismo e conservadorismo daquele tempo em que ocorre a narrativa. O intuito deste estudo é verificar o papel da mulher Angolana no contexto da libertação de Angola em que para elas, as vontades mais íntimas são expostas sem se preocuparem com a “sociedade” patriarcal. Esta não aceitação do papel imposto às mulheres faz com que a sociedade em um primeiro instante repudie as atitudes de Leli e Ondina, porém, tempos depois as opiniões femininas daquele contexto começam a surtir efeitos em que ao menos suas impressões mais intimas surtem efeito perante os socialistas.

Palavras Chave: Mayombe, Literatura Africana, Mulher, Patriarcal, Socialismo e Colonialismo.

Abstract:

In Mayombe, Pepetela chronicles the struggle of the guerrillas MPLA - Popular Movement for the Liberation of Angola and despite being a novel full of machism and " testosterone" the author exposes the ability that two women had the time to express themselves in the "world " exposing so your innermost desires without achieved guided regarding colonialism and conservatism of the time in which the narrative occurs. The purpose of this study is to assess the role of women in the context of the Angolan liberation of Angola that for them, the most intimate desires are exposed without worrying about the patriarchal "society". This non- acceptance of the role imposed on women makes the society in the first instance repudiate the attitudes of Leli and Ondina, however, some time later the female opinions that context begin to have an effect in that at least their most intimate impressions take effect before the socialists .

Key words: Mayombe, African Literature, Women, Patriarchal, Socialism and Colonialism.

INTRODUÇÃO

Mayombe é considerado um dos mais importantes livros da literatura africana, escrito por Carlos Mauricio Pestana dos Santos, ou, como é mais conhecido por seu pseudônimo, Pepetela.

A narrativa ocorre em uma “região da África Ocidental, é uma região montanhosa que se estende desde o rio Congo ao sul até o rio Kouilou-Niari pelo norte, sendo parte da República democrática do Congo, parte da Angola na província de Cabinda e parte do Gabão”.

Fonte: Google Maps.

Mayombe abrange então, cerca de três regiões aos arredores de Cabinda, sendo uma floresta tropical. E neste sentido, Pepetela descreve a luta de guerrilheiros do MPLA , pessoas que eram contra o regimento político português capitalista e patriarcal imposto por comandantes, coronéis, fazendeiros dentre outras pessoas que detinham o poder e escravizavam, manipulavam e maltratavam estas pessoas.

Pepetela, antes do início da narrativa, escreve: “Aos guerrilheiros do Mayombe, que ousaram desafiar os deuses abrindo caminho na floresta obscura, Vou contar a história de Ogun, o Prometeu africano ”. É possível notarmos uma metáfora no que se refere aos atos de coragem dos guerrilheiros africanos, pois, a narrativa não descreve a história de Ogun.

1. Os Guerrilheiros “A virilidade masculina”.

Durante a narrativa a voz masculina está presente em praticamente todas as páginas e a figura feminina não possui muito espaço no decorrer do texto, e quando aparece é de uma forma que vem a desestabilizar a força e comportamento dos homens. As mulheres de Angola até então não possuíam voz ativa no que se refere à opinião sobre os assuntos tratados em Mayombe, entretanto no decorrer da história Leli e Ondina expõem seus desejos e necessidades pessoais, assunto este que trataremos mais a frente.

O homem no livro Mayombe era a figura representativa da força e proteção visto como responsável por proteger não só a pátria como as mulheres. Diante desse papel assumido pelo homem, as mulheres ficavam em um plano inferior ao qual não tinham direito a expressão, acabavam por se tornar submissas e eram encaradas pelos homens como objeto de desejo sexual.

Os indivíduos que faziam parte do MPLA, lutavam então pela libertação da Angola contra o colonialismo português, os tugas (portugueses), a virilidade dos guerreiros é botada a prova durante toda a narrativa, sendo que para os homens a importância do papel masculino perante a sociedade jamais pôde ser botada a prova, desde Gregos e Troianos sabemos a importância que sempre foi atribuída aos guerreiros, neste sentido podemos retirar excertos do texto que nos permite notar também em Mayombe estes fatos. “O professor levantou-se e uma dor aguda subiu lhe pelo joelho até o ventre ”. Entretanto, mesmo com os dois joelhos machucados e muita dificuldade para caminhar Teoria diz que: “Eu sei como me sinto. Afirmo que posso continuar. Já fui tratado e amanhã melhoro ”. Nota-se então que mesmo com todas as dificuldades que estava passando por conta da enfermidade, ele, Teoria, não queria desistir da caminhada e nem de ajudar seus companheiros. Outra passagem da narrativa que notamos a presença do machismo, deste poder que o homem sente é quando diz o Chefe das Operações:

Nós somos militares. Nós devemos combater o inimigo. Por isso penso que a primeira ação nesta área devia ser militar. Os soldados devem andar à vontade na estrada. Esta picada vai de certeza dar à estrada. Uma emboscada era muito melhor. Os trabalhadores? Não vejo qual o interesse. Se ainda fosse para os fuzilar... Mas não. Para os politizar! Vocês acreditam que vamos politizar alguma coisa? Aqui só a guerra é que politiza. (PEPETELA, 2013, pág. 26).

Nota-se então que além do machismo, da virilidade dos soldados a vida alheia não tem importância a eles, inimigos são inimigos e devem ser “fuzilados”. E não é apenas no texto em estudo que acontecem casos como estes, nas historias de guerras, estas atrocidades não chocam e nem amolecem os homens elas apenas os fortalecem, os encorajam mais ainda

...

Baixar como (para membros premium)  txt (21.6 Kb)  
Continuar por mais 14 páginas »
Disponível apenas no TrabalhosGratuitos.com