ANTROPOFAGIA E LITERATURAS
Por: liliaccruz • 30/1/2016 • Trabalho acadêmico • 3.022 Palavras (13 Páginas) • 440 Visualizações
[pic 1] [pic 2]
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU[pic 3]
INSTITUTO EDUCACIONAL ALFA
ANTROPOFAGIA E LITERATURAS
LILIA RIBEIRO DA CRUZ
Caratinga - MG
2015
[pic 4]
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
INSTITUTO EDUCACIONAL ALFA
ANTROPOFAGIA E LITERATURAS
Lilia Ribeiro da Cruz
Artigo científico apresentado ao Instituto Uniandrade como requisito parcial para obtenção do título de especialista em metodologia de ensino da língua portuguesa, literatura e artes.
Volume Único
Caratinga - MG
2015
ANTROPOFAGIA E LITERATURAS
LILIA RIBEIRO DA CRUZ
RESUMO
O presente estudo objetivou verificar os episódios que levaram o homem de diversificadas etnias à prática da antropofagia. Inexiste a adoção igualitária ao redor do mundo de suas realizações. Assim, cada tribo possui o discernimento de escolha entre exocanibalismo e endocanibalismo que pretende se enquadrar. Embora, o auto-canibalismo não seja literalmente vedado, proveniente de aceitação cultural pelo fato de não ocasionar a deteriorização da espécie humana, uma vez que se reporta a si próprio independente de coerção social. Na literatura brasileira existem algumas modalidades de canibalismo enraizadas como o hábito de roer unha que destroem partes do corpo humano já mortos. Porém, a decepção de um membro como um dedo para consumo espontâneo, o repúdio social se evidencia. Entretanto, existem registros envelhecidos de seres humanos que por distúrbios mentais se auto-mutilavam. Nesse caso concreto, há uma inclusão humanitária no rol de canibalismo patológico que necessita de acompanhamento médico, pois trata-se de prejuízo à raça humana. A integração do ritual canibalista na literatura mundial se formalizou devido aos pesquisadores antropológicos que estudaram profundamente os fatos que proporcionaram extrema destruição. Contudo, quando se trata de perpetuação da espécie, por motivos de sobrevivência de pessoas saudáveis em detrimento a outrem em estágio de breve falecimento, a sociedade lança concordância contra o escrúpulo do consumo dessa carne, que em muitas hipóteses são reconhecidas como sinônimo de fraternidade e solidariedade.
Palavras-chave: Antropofagismo, Canibalismo, Auto-canibalismo e Literaturas.
[1]
INTRODUÇÃO
A espécie humana vem experimentando a prática da antropofagia desde o início da história da humanidade. Em que pese ao termo desconhecido antropofagia, o seu sinônimo canibalismo é compreendido entre às classes de reduzido conhecimento. Enfim, canibalismo se refere ao indivíduo de determinada espécie que ingere, devora, come, deglute ou degusta outrem de similar espécie. Entretanto, a prática do canibalismo não é excepcionalidade da raça humana, haja vista se tratar de costume ou necessidade desde os insetos aos mamíferos. No mundo dos gatos, ao ganhar a ninhada, a mãe normalmente se alimenta de sua placenta e do cordão umbilical. Em um galinheiro superlotado podem ser observados devoramentos entre aves. Numa matilha acorrentada e sem alimentação por longo prazo, os cachorros mortos se transformam em alimentos aos sobreviventes.
No tocante ao homem, o canibalismo tem definição de antropofagia cujo derivado vem do idioma grego antro (homem) e fagia (devorar), resultando o ato de ingerir um ser humano pela mesma espécie.
Nas mitologias existem referências ao canibalismo na figura de Cronos, o deus do tempo da mitologia grega. Por intermédio de uma profecia, soube que seu trono seria tirado por um descendente, então, todo filho recém-nascido era devorado pelo próprio pai. Entretanto, a esposa Réia estava desgastada com a morte de seus filhos e resolveu ludibriar o marido. Assim, ao nascer outro filho, escondeu-o e deu ao Cronos uma pedra enrolada em um tecido para que fosse devorado. Com o transcorrer dos anos, o filho sobrevivente Zeus, nomeado de deus supremo da mitologia grega, obrigou seu pai vomitar todos os irmãos que foram engolidos. Também pertencentes à mitologia grega, os ciclopes eram classificados como gigantes caolhos e vorazes devoradores de homens.
Em que pese à mitologia egípcia, o deus Osíris, deus da agricultura havia fomentado vegetais e a possibilidade de cultivo a fim de cessar a prática alimentar obsoleta de comer a carne de seus semelhantes.
Contudo, nas crenças inveteradas hinduísticas, a deusa da destruição na Índia era chamada como Kali, em suas seitas canibalistas eram assassinas e violentas, assim como sentiam cobiça insaciável pelo sangue humano. Tanto que, no século XIX, no templo da cidade de Calcutá, quase todos os dias uma criança era sacrificada em nome de Kali.
A promessa de encaminhar riquezas aos miseráveis, filhos aos pais inférteis e justiça aos oprimidos e injustiçados eram pressupostos autorizadores em barganha ao sangue humano. A vítima teria que ser voluntária e ciente do ato, pois se o sacrifício não fosse espontâneo seria recusado por Kali. Um casal que pretendesse ter mais filhos deveria sacrificar o primogênito à deusa indiana. Kali continuava sendo agradada pelos Binderwurs da Índia Central que degustavam a carne de seus ascendentes idosos e enfermos. Os adeptos ao Shaktismo também celebravam esses ritos de sacrifícios. Diante à colonização na Índia pelos britânicos, essas cerimônias canibalistas ficaram proibidas, bem como a queima da viúva na cremação do falecido.
Antropólogos analisaram as tribos da Papua Nova Guiné nas décadas de 1950 e 1960. Desse estudo constataram o surgimento de uma anomalia espogeforme degenerativa entre o povo Fore. A doença denominada de Kuru foi contraída durante o consumo de cérebros humanos em rituais fúnebres. Essa doença quase devastou a população Fore pode ter sido, por milhares de anos, a causa da extinção dos neandertais.
Habitantes do Sul de Papua Nova Guiné, os povoados de Huili, adotaram as lendas de Baya Horo, gigantes comedores de carne humana e que sobreviveram por longos anos. Os homens se viram obrigados a se esconderem nas cavernas. Provavelmente, os Baya Horo foram extintos devido às patologias do Kuru e assim, os homens ganharam espaço e liberdade.
...