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AS FUNÇÕES DA LITERATURA

Por:   •  7/7/2019  •  Trabalho acadêmico  •  1.000 Palavras (4 Páginas)  •  167 Visualizações

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*FUNÇÕES DA LITERATURA:

Umberto Eco cita, primeiramente, o fato de que, com a literatura, a língua é mantida em exercício como patrimônio coletivo.  A língua, vai para onde quer, mas é sensível às sugestões da literatura, o que significa dizer que a literatura transforma a língua e cita o exemplo de Dante, que critica os inúmeros dialetos falados na Itália de seu tempo e decide forjar um vulgar comum em sua Divina Comédia que, ao longo dos séculos, acabou por afirmar-se como base da língua italiana.

Assim, a construção da identidade de uma comunidade linguística passa pela construção de sua literatura. Assim, a literatura de um determinado idioma impregna e é impregnada, dialeticamente, pela língua usada naquela comunidade e uma interfere na outra e na formação da cultura e da identidade local. A leitura literária leva ao contato com um mundo aberto, passível de uma série de interpretações que podem ser confrontadas com as proposições que o leitor tem em relação a si mesmo e ao mundo. Todavia, é igualmente importante ter em mente que a leitura de obras literárias nos obriga a um exercício de fidelidade e de respeito na liberdade de interpretação. Todavia, a função mais importante da literatura, de acordo com Umberto Eco, é a educação ao Fado e à morte. Desse modo, fato de que ler um conto também quer dizer ser tomado de uma tensão ao descobrir que as coisas aconteceram para sempre de uma maneira que vai além dos desejos do leitor. E é necessário que ele aceite essa frustração e, por meio dela, experimente o colapso do destino. A literatura, por meio de uma lição “repressiva”, além de ensinar os limites da vida, também ensina a morrer.

Lutar com palavras

é a luta mais vã.

Entanto lutamos

mal rompe a manhã.

São muitas, eu pouco.

Algumas, tão fortes

como o javali.

Não me julgo louco.

Se o fosse, teria

poder de encantá-las.

Mas lúcido e frio,

apareço e tento

apanhar algumas

para meu sustento

num dia de vida [...]

O poema O lutador, do poeta Carlos Drummond de Andrade, representa o esforço do poeta na construção poética. Ele trava uma eterna luta com a palavra. Uma luta individual e solitária, a portas cerradas, no ciclo do dia, nas horas insones, na curva da noite. Uma luta que é vã, pois não haverá vencedores, mas é constante e da qual o poeta não desiste. Poderíamos questionar por que, mas sabemos que a literatura tal qual envolve o poeta, envolve também o leitor. Por nos sentirmos envolvidos e participantes, então, podemos pensar que a literatura exerce uma função na nossa formação

TEXTO LITERÁRIO, TEXTO NÃO-LITERÁRIO:

No capítulo 1, intitulado “Texto literário, texto não- literário” Proença Filho, faz uma relação entre língua e literatura que acaba por se envolver na significação das palavras, bem como a distinção entre o texto escrito e o discurso cotidiano. Através da análise dos exemplos expostos, o autor pressupõe que a fala não exige interpretação por ser caracterizada pela transparência e tão logo se faz compreensível, diferenciando-se assim do texto literário, considerado subjetivo e margeado por várias interpretações. Para embasar tal teoria, de que o texto literário tem caráter subjetivo, o autor valeu-se da multissignificação e para isso utilizou dos vários conceitos da palavra literatura; uma vez que esse conceito não é consensual entre os estudiosos acerca do assunto e assim, depende da “capacidade de percepção cultural” do indivíduo receptor. A linguagem literária pode ser encontrada na prosa, em narrativas de ficção, na crônica, no conto, na novela, no romance e também em verso, no caso dos poemas. Apresenta características como a variabilidade, a complexidade, a conotação, a multissignificação e a liberdade de criação. A literatura deve ser compreendida como arte e, como tal, não possui compromisso com a objetividade e com a transparência na emissão de ideias. A linguagem literária faz da linguagem um objeto estético, e não meramente linguístico, ao qual podemos inferir significados de acordo com nossas singularidades e perspectivas. Linguagem não literária: pode ser encontrada em notícias, artigos jornalísticos, textos didáticos, verbetes de dicionários e enciclopédias, propagandas publicitárias, textos científicos, receitas culinárias, manuais, entre outros gêneros textuais que privilegiem o emprego de uma linguagem objetiva, clara e concisa. Considerados esses aspectos, a informação será repassada de maneira a evitar possíveis entraves para a compreensão da mensagem. No discurso não literário, as convenções prescritas na gramática normativa são adotadas.

*CARACTERÍSTICAS- Para Proença Filho, a distinção entre discurso literário e não literário passa por um conjunto de características interdependentes.

Por complexidade, Proença Filho entende a capacidade da literatura ultrapassar a reprodução da realidade e atingir “espaços  de universalidade”. Para tal, a literatura obedece a um duplo movimento: debruça-se sobre si mesma, pensando e expressando seu modo de fazer e criando um “puro objeto de linguagem”. O segundo movimento se relaciona com a capacidade da literatura expressar e questionar o mundo exterior.

Na multissignificação, Proença Filho quer entender como tal a força da literatura para criar e amplificar tanto os significantes e os significados.

Quanto ao predomínio da conotação, a reflexão de Proença Filho se detém a expor o quanto a linguagem literária transcende o sentido informativo para atingir o nível poético e estético da linguagem, sem que a informação ou a poeticidade existam separadamente.

A liberdade de criação diz respeito à ruptura de normas historicamente estabelecidas pelo discurso literário. A inserção de novas formas de dizer, muito mais do que a introdução de novos assuntos, desloca os marcos da história de literatura, faz com que o todo do sistema seja repensado e realocado.

A ênfase no significante, retorna a discussão sobre a importância da linguagem no texto literário. A criação verbal está relacionada diretamente à potencialização dos recursos linguísticos colocados à disposição do escritor: o som, o desenho da letra, a musicalidade da frase, a ambiguidade e a multissignificação de palavras e frases.

A noção de variabilidade integra o modo de ser da literatura e diz respeito às mutações que o discurso literário e seu entendimento sofreram e sofrem em diferentes culturas e épocas. A variação do conceito de literatura se apoia tanto nas mudanças formais quanto na sua representatividade dentro da cultura.

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