Ainfluência Dos Contos De Fadas No Imaginario Das Crianças
Ensaios: Ainfluência Dos Contos De Fadas No Imaginario Das Crianças. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: oliveiraluciano • 16/9/2014 • 3.518 Palavras (15 Páginas) • 568 Visualizações
O CONTO DE FADAS E O IMAGINARIO INFANTIL
Miguel Marelenquelem
Berenice Rocha Zabbot Garcia
RESUMO: Este artigo apresenta uma pesquisa em andamento, que questiona a preocupação do corpo docente em buscar um sentido didático para a utilização da literatura em sala de aula, não levando em consideração a importância dos contos de fadas para a construção do imaginário infantil. O estudo é baseado em autores como Bruno Bettelheim e Nelly Novaes Coelho, que tratam de contos de fadas cada autor, em uma área específica: psicanalítica e literária, e outros autores como, por exemplo, Gianni Rodari e Marcel Postic, que tratam do imaginário. O objetivo desse trabalho é observar a influência dos contos de fadas no imaginário infantil. Acredita-se que o contato com os contos de fadas possibilitará a criança o ensaio de vários papéis sociais, proporcionando a construção de uma personalidade sadia, bem como, promover a socialização, a troca de experiência e uma maior inserção no grupo social.
INTRODUÇÂO:
Acredita-se cada vez mais na importância e na influência dos contos de fada, no desenvolvimento do imaginário infantil.
Ouvir e contar histórias é fundamental para o desenvolvimento da identidade da criança, pois através dos contos ela tem a possibilidade de ensaiar seus papéis na sociedade, adaptando-se a situações reais e colocando-se dentro da história, como também desencadeia idéias, opiniões, sentimentos e criatividade, antecipando situações que a criança só iria experimentar na vida adulta.
Objetivamos neste projeto demonstrar que os contos de fadas proporcionam desenvolvimento da imaginação, socialização em grupo, percepção de mundo, e na construção da identidade e autonomia da criança.
1. O CONTO DE FADAS
Os contos de fadas têm origem Celta, e surgiram como poemas que revelaram amores eternos, ou estranhos e até mesmo fatais. A princípio estes poemas eram independentes, mais tarde foram integrados como um ciclo novelesco, idealista, preocupado com os valores humanos. Historicamente, os contos clássicos nasceram na França no século XVII, na corte do rei Luís XIV e pela mão de Charles Perrault, inicialmente para falar aos adultos. Mas foram encontrados por estudiosos, fontes antes do nascimento de Cristo eram estas orientais e célticas, que a partir da Idade Média foram conhecidas por fontes européias.
Hoje em pleno século XXI os contos maravilhosos ainda têm algo a nos dizer? Com certeza! “o que nelas parece apenas infantil, divertido ou absurdo, na verdade carrega uma significativa herança de sentidos ocultos e essenciais para a nossa vida” NELLY (1987: 09). Em nossa sociedade os contos de fadas ganharam um nova roupagem indo além do prazer da leitura, pois com a “descoberta” de sua importância simbólica, do lúdico, da imaginação e da fantasia proporcionamos a construção de uma personalidade sadia na criança.
Além dos tradicionais contos de fadas, encontramos autores que se apropriam dos personagens ou situações dos contos de fadas, para recriarem novos textos simbólicos, como: “O menino e o Lobo”, “A fada que tinha idéias”, “A fada desencantada”, “A verdadeira história dos três porquinhos”, “Chapeuzinho amarelo”, entre muitas outras.
Segundo Nelly apund Câmara Cascudo, o conto popular maravilhoso é justamente o mais amplo e mais expressivo, pois ele nos traz informações históricas, etnográficas, sociológicas, e jurídicas. É um documento vivo, mostrando costumes, idéias, decisões e julgamentos da Humanidade em um determinado momento histórico. Para todos nós é o primeiro “leite intelectual”, os primeiros heróis, as primeiras cismas, os primeiros sonhos, os movimentos de solidariedade, amor, ódio, e compaixão vêm com as histórias fabulosas, ouvidas na infância.
De acordo com Khéde, os contos de fadas surgiram como forma de produção e organização social pré-capitalista. Eles representam em seus personagens valores burgueses que surgiram e se consolidaram entre os séculos XVII e XIX.
O Gato de Botas é o pícaro, pois tira proveito da corrupção social. O Pequeno Polegar, é o anão astuto que VENCE gigantes bobos. Perraut, também utiliza em seus contos o confronto dualista entre bons e maus, feios e belos, fracos e fortes, como exercício de crítica a corte, onde personagens pobres superam a nobreza com sua inteligência. “A presença da fada unívoca do narrador nos contos de fadas sugere um modelo fechado de narrativa que, por sua vez, reproduz uma realidade sociocultural também fechada. Mas eles apresentam o confronto entre, geralmente, duas posições: A dos que dominam, e a dos são dominados” (KHÉDE, 1990:19). Os contos de fadas são caracterizados por um único traço, e quando este é muito repetido, faz com que surja um esteriótipo, onde a bruxa será sempre um personagem maravilho, a serviço do mal; a fada sempre bondosa; o sapo vai virar príncipe; os gênios ora são bons ora maus (os magos são de origem pagã e exibem sabedoria); reis e rainhas, podem usar seus poderes tanto para o bem, quanto para o mal, reproduzindo sempre valores clássicos, significam a fantasia do poder e os conflitos dos relacionamentos iterpessoais; príncipes e princesas, estão ligados a aventuras, e são transgressores. A princesa é caracterizada por sua função social ligado ao cuidar da casa e da família, são bonitas, honestas, e piedosas, e por isso merecem como prêmio seu príncipe encantado.
O Pinóquio, o qual podemos comparar como a volta do filho pródigo sustentado pela Bíblia. A história possue forte cunho moralista e Pinóquio alterna situações de infração, punição e salvação. Como prêmio pelo seu bom coração acaba transformado em um menino de verdade, perdoando-o as estrepolias do passado, e ao mesmo tempo ganha bens materiais como um quarto bem equipado, e também recupera a saúde de seu pai. “Os contos, representam valores que se cruzaram através de ciclos históricos, assim, podem significar ritmos de iniciação, símbolos tatômicos e a luta mítica entre forças da natureza” (KHÉDE, 1990:24).
Os personagens maravilhosos seguem inúmeras funções, tanto dentro da narrativa eminentemente lúdica, quanto à de denúncia social. As soluções maravilhosas são hoje questionadas por sociólogos, lembrando o estímulo à alienação provocada por resoluções mágicas, que são defendidas pela psicanálise mostrando a possibilidade de resoluções de problemas reais, através da representação simbólica. A
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