Análise Interpretativa "Rosa de Hiroshima" de Vinícius de Moraes
Por: bobbyprado • 2/11/2020 • Trabalho acadêmico • 769 Palavras (4 Páginas) • 295 Visualizações
Não é de surpreender que o poema/música/composição de Vinícius de Moraes desperte os três níveis de leitura, propostos por Maria Helena Martins. Note-se que o autor nos convida (ou convoca?) para que pensemos: nas crianças, nas meninas, nas mulheres. Mudas, cegas, rotas. Telepáticas, inexatas e alteradas. Ao nos intimar para pensarmos, necessariamente ele nos imerge na formação de imagens, mexendo imediatamente com nossa leitura sensorial e emocional. Em verdade, durante toda a leitura é praticamente impossível não fazermos associações de imagens, que nos remetem à fortes emoções, já que o poema retrata sobre as consequências da 2a Guerra Mundial, especialmente no ataque à Hiroshima e Nagasaki, no Japão, com o lançamento de duas bombas atômicas no local, com efeitos devastadores.
Importante ressaltar que, como diplomata, Vinícius de Moraes fazia estudos sobre as consequências da guerra e este talvez seja um elixir de seu parecer literário e poético sobre o ocorrido. E parece-nos que as consequências da rosa “estúpida e inválida” marcam bem o posicionamento do poeta (e provavelmente da grande maioria das pessoas) sobre a necessidade de ceifar e alterar a vida de milhões, por conta da briga de poucos.
Voltando a gradação feita por Moraes, não despropositadamente ele elenca crianças, meninas e mulheres como as primeiras vítimas. São justamente o público que não vai à guerra, o que parece mais sofrer com ela. As crianças mudas, telepáticas tanto pode ser pelo fato de que não têm voz, num contexto desses, ou seja, não possuem representatividade, bem como pode ser o resultado – a mudez – após a explosão da bomba, ou ainda mudas, de perplexas com tamanha violência, que não faz parte de seu mundo infantil. As meninas, cegas, inexatas, bem provavelmente diga a respeito da consequência física mesmo, quem sabe por efeito da radiação, ao seu futuro, que provavelmente foi destruído. As mulheres, rotas alteradas, podem ser as sobreviventes, que se sentiram obrigadas a mudar de lugar, porque suas cidades foram inteiramente destruídas, bem como pode significar o novo posto de chefes das famílias, que perderam seus maridos nas guerras, em combate, tendo suas vidas para sempre alteradas.
Note-se que o tempo todo é possível fazer imagens, algumas prontas, já que há registro de vários ataques da época da Grande Guerra, bem como as imagens que criamos, associadas a um contexto geral de guerra, bem como à empatia, por conhecermos viúvas, crianças com deficiências, ainda que não seja oriunda de algum conflito bélico, a causa desses males.
Seguindo a análise, comparar feridas com rosas cálidas, volta-nos a estabelecer uma análise visual e emocional. Cálido é o que está extremamente quente. Logo, as feridas protagonizando o papel de rosas cálidas, nos remete a pensar em algo lacerante, que está corroendo a pele, uma queimadura de grau superior, que procurar nos causar esse horror mesmo, e uma repulsa à Guerra, bem como, de causar compaixão pelas vítimas deste horror. Ou seja, não há como ficar indiferente, mas este é um outro tópico de análise!
A comparação de uma rosa com a Rosa de Hiroshima é o ponto alto do poema, que, ainda que não seja exatamente um clímax, traz, finalmente, a comparação que permite entender o contexto (caso alguém distraído não o tenha entendido na leitura do título). Rosa deveria ser
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