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Belo Desastre Cap 1

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Por:   •  12/6/2013  •  416 Palavras (2 Páginas)  •  616 Visualizações

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Era como se tudo naquela saída berrasse para mim dizendo que ali não era o meu lugar. As escadas se desfazendo, aquele alvoroço de clientes briguentos, e o ar, uma mescla de suor, sangue e mofo. As vozes viravam borrões enquanto as pessoas gritavam números e nomes, num constante vaivém, acotovelando-se para trocar dinheiro e gesticulando para se comunicar em meio a tanto barulho. Passei espremida pela mul- tidão, logo atrás da minha melhor amiga.

— Deixe o dinheiro na carteira, Abby! — América gritou para mim.

Seu largo sorriso reluzia mesmo sob aquela fraca iluminação.

— Fiquem por perto! Vai ficar pior assim que começar! — Shepley avisou, bem alto para ser ouvido.

América segurou a mão dele e depois a minha, enquanto Shepley nos guiava em meio àquele mar de gente.

O som agudo de um megafone cortou o ar repleto de fu- maça. O ruído me deixou alarmada. Tive um sobressalto e come- cei a procurar de onde vinha aquela rajada sonora. Um homem estava em pé sobre uma cadeira de madeira, com um rolo de

dinheiro em uma das mãos e o megafone na outra, colado à boca.

— Sejam bem-vindos ao banho de sangue! Se estão em busca de uma aula de economia... estão na merda do lugar er- rado, meus amigos! Mas se buscam O Círculo, aqui é a meca! Meu nome é Adam. Sou eu que faço as regras e convoco as lutas. As apostas terminam assim que os oponentes estiverem no chão. Nada de encostar nos lutadores, nem ajudar, nem mudar a aposta no meio da luta, muito menos invadir o ringue. Se quebrarem essas regras, vocês serão esmagados, espancados e jogados pra fora sem nenhum dinheiro e isso vale pra vocês tam- bém, meninas. Então, não usem suas putinhas para fraudar o sistema, caras!

Shepley balançou a cabeça.

— Que é isso, Adam! — ele gritou para o mestre de cerimônias, em clara desaprovação à escolha de palavras do amigo.

Meu coração batia forte dentro do peito. Com um cardigã de cashmere cor-de-rosa e brincos de pérola, me sentia uma velha professora nas praias da Normandia. Eu havia prometido a América que conseguiria lidar com o que quer que acontecesse com a gente, mas, naquele lugar imundo, senti uma necessidade urgente de agarrar seu braço magro com ambas as mãos. Ela não me colocaria em perigo, mas estar em um porão com mais ou menos cinquenta universitários bêbados, sedentos por sangue e dinheiro... Bem, eu não estava exatamente confiante quanto às nossas chances de sair dali ilesas.

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