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DIÁRIO DE BITITA

Por:   •  8/12/2018  •  Trabalho acadêmico  •  567 Palavras (3 Páginas)  •  343 Visualizações

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DIÁRIO DE BITITA

O diário de Bitita retrata a vida difícil de uma família negra, contada por uma menina bastante inteligente, que se esforça diariamente para conseguir um trabalho e sobreviver dentro de uma sociedade injusta e preconceituosa.

INFÂNCIA

Bitita morava em um terreno que seu avô comprou do mestre, um professor que tinha uma escola particular. A casa dela era coberta de sapé, as paredes eram de adobe e cobertas de capim. O chão não era soalhado, era de terra dura, condensada de tanto pisar. O avô de Bitita era Benedito José da Silva, um negro alto e calmo que não sabia ler, mas era agradável no falar e, segundo ela, foi o negro mais bonito que já viu. Bitita conhecia o pai de seu irmão apesar de não conhecer o seu próprio pai. Ela invejava sua mãe por ter conhecido pai e mãe e, às vezes, pensava em perguntá-la sobre seu pai, mas sempre faltava coragem. Um dia, Bitita ouviu da mãe que seu pai era de Araxá e o seu nome era João Cândido Veloso, tocava violão e não gostava de trabalhar.

O que mais preocupa Bitita era o dia de sábado. Homens e mulheres preparavam-se para irem ao baile e ela se perguntava se o baile era indispensável na vida dos homens. Pedia à sua mãe para levá-la ao baile, pois queria saber o que deixava os negros tão ansiosos. Ela invejava as mulheres e queria crescer para arranjar um namorado. Um dia Bitita viu duas mulheres brigando por causa de um homem e ficou abismada. Ela queria saber se o homem era tão bom assim, por que será que as mulheres brigavam por ele e por que as mulheres querem casar-se? Ela se perguntava se quando ficasse grande conseguiria um homem para si.

Bitita tinha dúvidas sobre o que é ser gente. Um dia ela viu um homem cortando uma árvore, ficou com inveja e decidiu ser homem para ter forças. Ela procurou a mãe e pediu para ser homem, pois não gostava de ser mulher e queria virar homem.  Disse que quando virasse homem compraria um machado para derrubar uma árvore, ela pensava que precisaria comprar uma navalha para fazer a barba e uma correia para amarrar as calças. Ela não iria beber pinga nem roubar, porque não gostava de ladrões.

Bitita adormeceu e despertou e lamentou não ter virado homem, mas continuava insistindo. Então, sua mãe lhe disse que quando ela visse um arco-íris, ela passasse por debaixo dele que ela viraria um homem. Ela olhou para o céu à espera de chuva para que o arco-íris aparecesse. Ela queria ter a força que o homem tem. O homem pode cortar uma árvore com um machado e ela queria ter a coragem que ele tem, pois eles andam nas matas e não tem medo de cobras. Além disso, segundo ela, o homem que trabalha ganha mais dinheiro do que a mulher e fica rico e pode comprar uma casa bonita para morar.

A madrinha de batismo de Bitita era quem a defendia, e sempre que comprava um vestido para ela, comprava outro para Bitita. Penteava seus cabelos e a beijava. Bitita, por sua vez, pensava que era importante por sua madrinha ser branca. Ela pensava em comer coisas gostosas e quando queria alguma coisa era capaz de chorar dia e noite até conseguir, pois para ela, o mais importante era conseguir o que desejava.

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