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DOIS PÉS DE FEIJÃO: AUTORITARISMO E EMANCIPAÇÃO NA LITERATURA INFANTIL

Por:   •  1/2/2018  •  Artigo  •  6.409 Palavras (26 Páginas)  •  302 Visualizações

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS

CÂMPUS DE SÃO MIGUEL DO ARAGUAIA

CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM LETRAS

WLANCLEY ROSA DOS REIS

DOIS PÉS DE FEIJÃO: AUTORITARISMO E EMANCIPAÇÃO NA LITERATURA INFANTIL

SÃO MIGUEL DO ARAGUAIA-GO

2015

ATA DE APROVAÇÃO

DOIS PÉS DE FEIJÃO: AUTORITARISMO E EMANCIPAÇÃO NA LITERATURA INFANTIL

WLANCLEY ROSA DOS REIS[1]

SAMUEL CARLOS MELO [2]

RESUMO      

Este trabalho tem como objetivo discutir o autoritarismo e a emancipação do indivíduo na Literatura Infantil a partir da análise de elementos da estrutura do texto. Nesse sentido, este estudo se iniciará pela discussão sobre o conceito de Literatura e sua função na formação humana. Apoiando-se nos estudos de Terry Egleaton (2003) e Antonio Candido (1972; 1999), este artigo tentará observar o potencial humanizador do texto literário e sua relação, por vezes, conflituosa com as noções pragmáticas da existência. Em seguida, apoiando-se, principalmente, nos estudos de Regina Zilberman (1987), este trabalho demonstrará o contexto histórico de surgimento da Literatura Infantil, sua relação com a manutenção da ideologia burguesa em ascensão, e sua implicação para o questionamento do texto escrito para crianças como arte. Por último, será efetuada análise de duas versões do conto “João e o Pé de Feijão”, no intuito de apontar elementos estruturais que provoquem efeito autoritário no leitor.

Palavras-chave: Ensino de Literatura. Literatura Infantil. Contos de fada. Função Humanizadora. Autoritarismo.

ABSTRACT

This work aims to discuss the authoritarianism and the emancipation of the individual in Children's Literature from the analysis of text structure elements. Thus, this study will start by discussing the concept of literature and its role in human development. Relying on studies of Terry Egleaton (2003) and Antonio Candido (1972; 1999), this article will attempt to observe the humanizing potential of the literary text and its relationship sometimes conflicted with the pragmatic notions of existence. Then, relying mainly on studies of Regina Zilberman (1987), this paper will demonstrate the historical context of the emergence of Children's Literature, its relation to the maintenance of bourgeois ideology on the rise, and its implication for questioning of the Children's Literature as art. Finally, it will be done analysis of two versions of the tale "Jack and the Beanstalk" in order to indicate structural elements that cause authoritative effect on the reader.

Keywords: Literature Teaching . Children's literature. Fairy tales. Humanizing function . Authoritarianism.

Introdução

É senso comum que a Literatura ocupa um lugar importante na formação do indivíduo. No campo educacional, geralmente, essa importância está ligada a funções pragmáticas, como o exercício da leitura e a expansão do vocabulário. Ao mesmo tempo, porém, observa-se que essa relação não é tranquila e que, dada a própria natureza da Literatura (e arte), Literatura e Educação, em alguns momentos, relacionam-se de maneira paradoxal. Ao mesmo tempo em que professores e pais incentivam o gosto pela leitura de obras literárias, censuram determinados textos (às vezes do mesmo autor que incentivam) por julgarem, moralmente, alguns temas inadequados.

Com a Literatura Infantil, no entanto, o paradoxo se dá de outra forma e em outra direção. Diferentemente da Literatura “para adultos”, a Literatura Infantil tem data de nascimento. A Literatura escrita para crianças surge com a ascensão da família burguesa, com o desenvolvimento da noção de infância, como um instrumento de manutenção ideológica. Tal origem e função pragmática provoca uma tensão dentro da própria noção de arte, levando ao questionamento se a Literatura Infantil, de fato, é Literatura ou apenas um instrumento moral.

  1. LITERATURA E FORMAÇÃO HUMANA

  1. O Que é Literatura?

Para dar início ao estudo sobre o potencial da Literatura para formação humana, faz-se necessário partir, primeiramente, da reflexão sobre o conceito de Literatura.

Segundo Massaud Moisés, em A Criação da Literatura (1971, p.17), a palavra Literatura vem do latim litteratura, que é derivação de littera, e significa “o ensino das primeiras letras” (o ensino primário, da escrita e das letras). Segundo o autor, com o passar dos tempos o sentido da palavra se expandiu para o de “a arte das belas letras”.

Uma grande dificuldade é definir qual tipo de escrita ou texto podem ser considerados como literatura. Terry Eagleton, em Teoria da Literatura: Uma Introdução (2006), após o levantamento de algumas possibilidades de definição, como, por exemplo, a de “escrita imaginativa”, conclui que não é possível definir o conceito de Literatura de forma objetiva ou descritiva, e complementa:

[...] também não é possível dizer que a Literatura é apenas aquilo que, caprichosamente, queremos chamar de Literatura. [...] Portanto, o que descobrimos até agora não é apenas que a Literatura não existe da mesma maneira que os insetos, e que os juízes de valor que a constituem são historicamente variáveis, mas que esses juízos têm, eles próprios, uma estreita relação com as ideologias sociais. Eles se referem, em última análise, não apenas ao gosto particular, mas aos pressupostos pelos quais certos grupos sociais exercem e mantem o poder sobre os outros. (EAGLETON, 2006, p.22).

Levando em consideração esta afirmação, podemos perceber que o conceito de literatura é abrangente e que está relacionado a elementos não pragmáticos, historicamente variáveis, condicionados a relações de poder.

1.2. Funções humanizadora

Como se viu anteriormente, por mais que não seja possível conceituar a literatura de forma objetiva, é possível identificar na essência da discussão seu vínculo com aspectos sociais e históricos. Sendo assim é necessário refletir sobre o conceito social, ou seja, o papel que o texto literário (a obra de arte) exerce na sociedade.

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