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ESTUDOS HISTÓRICO-COMPARATIVOS DA LINGUAGEM

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Por:   •  5/12/2014  •  2.978 Palavras (12 Páginas)  •  875 Visualizações

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Dos precursores aos primeiros comparatistas

Os estudos linguísticos tiveram maiores reflexões após o conceito de parentesco entre as línguas, dado como ponto de partida o sânscrito. Desde o século XVI, o Ocidente apresentou algumas análises sobre a semelhança entre as línguas da Europa e o sânscrito, mas esses primeiros estudos não tiveram grande importância na época em que foram feitos. Por exemplo, o italiano Sassetti, que tinha revelado algumas correspondências entre o sânscrito e o italiano; e, a semelhança entre o sânscrito com outras línguas européias também foram observadas em 1767 por um jesuíta francês que deu suas reflexões acerca das “curiosas analogias existentes entre a língua sanscritana e o latim e o grego”. Mas foi apenas em 1786 que foi dado o caminho a ser seguido nesses estudos, onde num discurso pronunciado perante a Sociedade Asiática de Calcutá por um magistrado inglês chamado William Jones, que mostrava as afinidades entre as línguas latim, o grego e o sânscrito provando terem uma origem comum. Dizia ele que seria inexplicável se derivasse uma da outra. Desta forma, ele criou duas ideias – a do parentesco linguístico e a do protótipo comum – lançando assim as bases de um estudo científico das famílias de línguas.

No mesmo período, em Paris, na Escola Nacional das Línguas Orientais Vivas, um pequeno grupo de sábios ensinava as línguas e as literaturas do Irã e da Índia, foi onde Frederico Schlegel recolheu os elementos de seu mais famoso livro publicado em 1808, onde se lê pela primeira vez a expressão vergleichende Grammatik (gramática comparada).

Mas coube a Franz Bopp reunir provas indiscutíveis do parentesco de tais línguas e fundar ao mesmo tempo a gramática comparada das línguas indo-européias. Foi ele, quem pela primeira vez formulou, com intuição genial, um conjunto coerente de doutrinas oriundas das aproximações do sânscrito com as línguas da Europa. Mesmo que o dinamarquês Rasmus Rask tenha o precedido nesse caminho de estudo, ele teve suas pesquisas publicadas somente dois anos após o de Bopp (Rask demonstrava, com mais rigor que Bopp, a identidade original das línguas germânicas, do grego, do latim, do báltico e do eslavo, mas se inferiorizava por não conhecer o sânscrito). Outro comparatista importante desta primeira geração é o Jacob Grimm que, ao introduzir em Linguística a noção de perspectiva histórica, aplicou-se ao estudo dos dialetos germânicos e publicou pesquisas detalhadas sobre a história fonética dos falares germânicos, surgindo assim “a lei de Grimm” (já antes indicada por Rask e J.H. Bredsdorff) que trata da mutação consonântica: descoberta importante, pois é o primeiro modelo das leis fonéticas em que se apóia a Linguística Histórica. Cumpre por fim mencionar que Fr. Pott foi o primeiro a perceber e proclamar que, sem a rigorosa observância de regras precisas, a etimologia é apenas um jogo caprichoso. Suas Etymologische Forschungen ditaram princípios que ainda hoje deveriam ser lembrados a linguístas amadores.

Após esses primeiros comparatistas surgiram vários adeptos para essa nova ciência. Um grupo de eruditos se entregou com ardor à tarefa que consistia no levantamento das línguas indo-européias e no estudo sistemático de todas as suas manifestações. Com eles foi possível enriquecer esse trabalho com novos fatos onde a perspectiva, desde então mais bem estabelecida entre as diferentes línguas, dissipou a impressão de que o sânscrito representava, pelo menos, um estágio muito próximo da língua original. Perscrutou-se com atenção cada testemunho e cuidou-se também de observar os dialetos vivos. Essa nova disciplina era vista com maus olhos pelos filólogos clássicos que viam esses recém-chegados explorarem com tanto ardor um terreno que lhe era apenas seus, foi só apenas no séc. XIX para ver os filólogos e os linguistas tomarem decididamente consciência do interesse que tem, de parte a parte, em penetrar o método dos colegas.

À procura pela a origem da linguagem

Durante esse primeiro momento os comparatistas tinham a esperança de reconstruir, graças à comparação, um estado de língua primitiva, que lhes parecia idealmente perfeito, ideia essa que esteve na origem de uma porção de obras notáveis e que obcecou todos os primeiros pesquisadores.

Na história, não faltaram tentativas para explicar a origem da linguagem: tentou-se encontrá-la no emprego de onomatopéias, no papel das interjeições, no acompanhamento acústico de gestos expressivos, etc. Invocaram-se associações auditivas, pensou-se em intervenções sobrenaturais, interrogou-se até mesmo a linguagem dos animais. Por isso, é de se observar, que a aprendizagem da linguagem na criança não é criada por ela, a linguagem nesse caso é procedida pela imitação.

As teorias estudadas sobre a origem da linguagem são um conjunto de conjeturas inverificáveis. Isso se dá pelo fato da linguística limitar-se apenas aos testemunhos escritos e, infelizmente, os mais antigos documentos remotam quando muito ao início do quanto milênio era antes da era cristã (inscrições sumerianas). Porém, faz aproximadamente 2500 anos que dispomos de escritas numerosas e diversificadas. Mesmo assim, esses poucos milênios não esclarece a verdadeira origem da linguagem, mas contribuiu para sua evolução.

Outro meio de descobrir a origem da linguagem foi a comparação das línguas dos povos primitivos, mas existem fatores que dificulta essa busca: primeiro, que a língua dos povos ditos ‘primitivos’ se encontra numa tradição tão milenar como a nossa; e, segundo, corresponde à do homem dos primeiros tempos de seu aparecimento sobre a Terra, pois não se sabe se a mentalidade deles correspondia à do homem primitivo.

Mesmo com tantas duvidas e hipóteses sobre a origem da linguagem, há quem não admite nenhuma comunicação sobre esse assunto. São os fundadores da Sociedade Linguística de Paris, otimistas em relação à tudo que se referisse à solução de questões sobre a linguagem.

Ernest Renan republicou um ensaio (1858) do lingüista alemão Jacob Grimm (1852), no qual expressou as mesmas concepções. No entanto, o trabalho de Renan é mais ilusório quando quer chegar a resultados que não sejam afirmações incontroláveis. No prefácio da segunda edição de seu ensaio De l’origine Du langage (1858), Renan cita, “se a linguagem é uma obra da natureza humana, se apresenta um curso e um desenvolvimento regulares, é possível chegar até seu berço por via legítimas induções”.

O que se sabe sobre a origem da linguagem é que ainda não foi verdadeiramente descoberta, e que para chegarmos ao seu nascimento precisamos voltar a um passado mais distante do que

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