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Ensaio Sobre Livro De Graciliano Ramos

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Por:   •  30/7/2014  •  1.730 Palavras (7 Páginas)  •  737 Visualizações

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GOVERNO DO ESTADO DE MATO GROSSO

SECRETARIA DE ESTADO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA

UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE PONTES E LACERDA

DEPARTAMENTO DE LETRAS

Nome: Carla Dias Rosa Semestre: VII Data: 11/06/2014

Curso: Licenciatura Plena em Letras Disciplina: Literatura Brasileira III

Docente: José Pereira

GRACILIANO RAMOS: e animalização de seus personagens

Graciliano Ramos é um escritor brasileiro que tem diversas obras importantes na literatura brasileira, começou a ganhar espaço na década de 30, suas obras são marcas por um forte teor crítico que é marcada pelo cunho regionalização nas obras. Para dar continuidade ao nosso ensaio analisaremos duas obras para poder mostrar suas características mais marcantes dentro de cada obra, para isto escolhemos a obra Vidas Secas e São Bernardo de Graciliano Ramos, obras estas que tem um cenário diferente entre elas.

As obras são construídas com estruturas bem diferentes: os conflitos, os protagonistas, o enredo, o foco narrativo e os espaços diferem. Em São Bernardo temos um personagem bastante emblemático que procura vencer a pobreza a qualquer custo, Paulo Honório é um ambicioso que faz com todos obedeçam suas vontades. Em Vidas Secas temos um personagem que é o oposto de Paulo Honório, Fabiano é um ser fraco e demonstra uma resignação em relação a outras pessoas. Na obra Vidas Secas a luta é simplesmente pela sobrevivência e simples, outra obra que tem o mesmo aspecto de Vidas Secas é o Quinze de Rachel de Queiroz que também é construída no cenário nordestino que mostra luta de uma família pela sobrevivência, em que sua jornada perdem sua dignidade e alguns de seus familiares. Nestas duas obras temos um enredo que se difundem por suas semelhanças. Vidas Secas e São Bernardo não tem nenhuma particularidade em seu enredo, nem seus personagens se assemelham são totalmente opositivas:

Pois não estavam vendo que ele era de carne e osso? Tinha obrigação de trabalhar para os outros, naturalmente, conhecia o seu lugar. Bem. Nascera com esse destino, ninguém tinha culpa de ele haver nascido com um destino ruim. Que fazer? Podia mudar a sorte? Se lhe dissessem que era possível melhorar de situação, espantar-seia. (RAMOS, 2008, p. 97- Vidas Secas)

– Que justiça! Não há justiça nem há religião. O que há é que o senhor vai espichar trinta contos e mais os juros de seis meses. Ou paga ou eu mando sangrá-lo devagarinho. (RAMOS, 2006, p. 18- São Bernardo)

O narrador é outro ponto que diferenciam as duas narrativas, enquanto São Bernardo a narração é feita em primeira pessoa, dependendo da memória do protagonista que apresenta esquecimentos voluntária ou simplesmente por não querer revelar, e ficamos limitados a esse método de narrativa, que deixa alguns pontos na obscuridade da narração de sua história de vida, em que emiti juízo de valores (do ponto de visto do narrador) e revelação de preconceitos contra todos os que o rodeiam:

Se tentasse contar-lhes a minha meninice, precisava mentir. (RAMOS, 2006, p. 16).

Essa conversa, é claro, não saiu de cabo a rabo como está no papel. Houve suspensões, repetições, mal-entendidos, incongruências, naturais quando a gente fala sem pensar que aquilo vai ser lido. Reproduzo o que julgo interessante. Suprimi diversas passagens, modifiquei outras. (RAMOS, 2006, p. 87).

Com esta descrição percebemos como Paulo Honório se revela diante dos seus leitores, mostra o quanto ele manipula sua história de vida. Por outro lado, temos Vidas Secas que tem um narrador em terceira pessoa, que demonstra o certo do escritor no narrador, pois esta narrativa não poderia almejar por outro tipo de narrador, a falta de presença intelectual na família é tamanha, que se tivéssemos outro narrador ficaríamos presos a chatos monólogos dos personagens ou diálogos, cujo o vocabulário seria de menor importância, o narrador é o responsável por conduzir os fatos e o faz de maneira precisa e objetiva dando vida ao texto:

Ouvira falar em juros e prazos. Isto lhe dera uma impressão bastante penosa: sempre que os homens sabidos lhe diziam palavras difíceis, ele saía logrado. Sobressaltava-se escutando-as. Evidentemente só serviam para cobrir ladroeiras. Mas eram bonitas. Às vezes decorava algumas e empregava-as fora de propósito. (RAMOS, 2008, p. 97-98)

Fabiano também não sabia falar. Às vezes largava nomes arrevesados, por embromação. Via perfeitamente que aquilo era besteira. (RAMOS, 2008, p. 36)

Os espaços nos livros são outro aspecto estrutural que se diferem. Em Vidas Secas temos um espaço que revela a força da natureza que se demonstra bastante oponente, e que castiga o homem que ali habita. A natureza aparece forma dominadora como veremos logo a seguir:

Na planície avermelhada os juazeiros alargavam duas manchas verdes. (...) Fazia horas que procuravam uma sombra. A folhagem dos juazeiros apareceu longe, através dos galhos pelados da catinga rala. (RAMOS, 2008, p. 9- Vidas secas).

São Bernardo o personagem-narrador poucas vezes faz descrições sobre a paisagem daquele lugar, só narrado quando o narrador tem algum objetivo em descrever aquele cenário, enquanto em Vidas Secas o cenário ganha um pano de fundo mais amplo para explicar a saga da família, São Bernardo o ambiente já não muita importância para o desenrolar da enredo.

Uma coisa que omiti e produziria bom efeito foi a paisagem. Andei mal. Efetivamente a minha narrativa dá idéia de uma palestra realizada fora da terra. Eu me explico: ali, com a portinhola fechada, apenas via de relance, pelas outras janelas, pedaços de estações, pedaços de mata, usinas e canaviais. Muitos canaviais, mas este gênero de agricultura não me interessa. (RAMOS, 2006, p. 88- São Bernardo)

Depois de conseguir fazer as devidas analise em torno da estrutura, tentarei traçar uma analise entre os dois personagens masculinos (Paulo Honório e Fabiano), apesar de serem personagens principais percebemos que são opostas já pela constituição do nome Paulo Honório tem nome e sobrenome e Fabiano tem apenas o nome que demonstra que não tem nenhuma posição

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