Ensaio a Morte e a Morte de Quincas
Por: romario_pelaes • 19/9/2018 • Ensaio • 846 Palavras (4 Páginas) • 207 Visualizações
Crítica aos costumes da sociedade brasileira no livro A Morte e a Morte de Quincas Berro D’Água(1959) de Jorge Amado.
Nizenilda Vilhena da Costa
O livro A Morte e a Morte de Quincas Berro D’Água é um clássico do escritor baiano Jorge Amado, originalmente foi publicado pela primeira vez em 1959, na Revista Senhor.
O escritor procurou mostrar a realidade da sociedade baiana naquele momento, para isso, ele simbolizou a figura do protagonista através de Joaquim Soares da Cunha e que posteriormente passou a chamar-se Quincas berro d’água. Porém, esse personagem é apresentado através de uma crítica cômica e irônica ao mesmo tempo, todavia, sem idealizações, isto é, mostrando o lado “negativo” ou “positivo” do protagonista em meio a sociedade baiana daquela época, ou seja, valorizando as pessoas com características não tão comuns.
O protagonista trata-se de um personagem fora dos “padrões” exigidos pela sociedade como se observa no capítulo III:
“Como pode um homem, aos cinquenta anos, abandonar a família, a casa, os hábitos de toda uma vida, os conhecidos antigos, para vagabundear pelas ruas, beber nos botequins baratos, frequentar o meretrício, viver sujo e barbado, morar em infame pocilga, dormir em um catre miserável?” (AMADO, 2001, p.05, cap. III)
O personagem de Joaquim era um homem respeitável, “de boa família, exemplar funcionário da Mesa de Rendas Estadual, de passo medido, barba escanhoada, paletó negro de alpaca [...]” (AMADO, 2001, p.02. cap. II), mas que um dia cansou de viver de aparências e decidiu ser feliz distante de tudo isso e passou a ser um homem livre e chamar-se Quincas Berro D’Água.
Diante disso, observa-se que nessa transformação do personagem, o escritor teve a pretensão de construir uma metáfora da vida real de alguns brasileiros, que sempre tentam parecer aquilo que não são e acabam sendo infelizes por sempre querer mostrar ou até mesmo se fantasiar de um personagem para viver dentro dos padrões que a sociedade acaba impondo. No entanto, o protagonista de Jorge Amado não se importou com os comentários que seriam tecidos a respeito de seu caráter e passou a viver sua vida da maneira que julgava correta.
Além disso, é possível identificar no enredo do texto, que o autor faz uma crítica ao modo de como são feitas as referências de uma pessoa após sua morte, pois Quincas é julgado pela família por tê-la abandonado e seguir uma vida boêmia e se tornar vergonha para a família:
“a ponto de seu nome não ser pronunciado e seus feitos não serem comentados na presença de inocente de crianças, para as quais o avô Joaquim, de saudosa memória, morrera há muito, decentemente, cercado da estima e do respeito de todos.” (AMADO, 2001, p.02, cap. I)
Porém, quando ocorre sua morte física, ou seja, sua 2ª morte, segundo a família, “quando um homem morre, ele se reintegra em sua respeitabilidade mais autêntica, mesmo tendo cometido loucuras em sua vida. A morte apaga, com sua mão de ausência, as manchas do passado e a memória do morto fulge como diamante” (AMADO, 2001, p.02, cap. II). Observa-se através desse acontecimento, que é muito comum, as pessoas atribuírem aos mortos características que elas nem tiveram quando estavam vivas, no entanto, tornam-se pessoas de boa índole e com as melhores qualidades possíveis.
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