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FACULDADE DE CIÊNCIAS DA LINGUAGEM

Por:   •  17/11/2018  •  Trabalho acadêmico  •  1.957 Palavras (8 Páginas)  •  165 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ – UFPA[pic 1]

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE ABAETETUBA

FACULDADE DE CIÊNCIAS DA LINGUAGEM

LETRAS – LÍNGUA PORTUGUESA / 2017

PROFESSORA: RAY  DIAS DUARTE

DISCIPLINA: SINTAXE DO PORTUGUÊS

DISCENTE: THAÍNA FERREIRA GOMES BAHIA

PEREIRA, Ana Dilma de Almeida; SILVA, Cláudia Heloisa Schmeiske da; ASSIS, Marli Vieira Lins de. Regência verbal. In: BORTONI-RICARDO, Stella Maris [et al]. Por que a escola não ensina gramática assim?. 1 ed. – São Paulo: Parábola Editorial, 2014.

        “Nem sempre seguimos ao pé da letra a gramática normativa. Quem nunca ouviu ou leu expressões como: eu assisti o filme, eu aspiro coisas melhores, nós visamos um futuro melhor, fomos no clube no final de semana, entre outras? Tais expressões fazem parte de textos orais e escritos de um número bem significativo de brasileiros, apesar de a tradição gramatical apontar que os verbos empregados nesses exemplos devem receber outro tipo de complemento de acordo com o sentido que se quer enfatizar.” (p. 205).

        “Na tradição gramatical, os exemplos supracitados obedecem ao seguinte padrão: eu assisti ao filme, eu aspiro por (ou a) coisas melhores, nós visamos a um futuro melhor, fomos ao clube no final de semana.” (p. 205).

        “Ainda refletindo sobre os usos que fazemos dos verbos em nosso dia a dia, encontramos outros fenômenos, tais como: queísmo e dequeísmo, que podem ser observados nos seguintes exemplos: O livro que eu preciso é muito caro. Eu penso de que o brasil é um país destinado a crescer muito. Antecipo de que a votação na Câmara será apertada.” (p. 205).

        “Bagno (2012: 519) afirma que, ao lado da concordância, a regência verbal “é um dos alvos preferidos da vigilância purista que, infelizmente, também é exercida pelos livros didáticos filiados à TGP [Tradição Gramatical do Português].” (p. 206).

        “Bagno (2012: 984) traz uma distinção entre norma-padrão e norma culta que será útil para nossas reflexões.” (p. 206).

  • Norma-padrão: “Conjunto de regras prescritivas, inspirado no uso literário de alguns poucos escritores do passado considerados como exemplares e como modelos a ser imitados”. Não corresponde ao uso real da língua.” (p. 206).
  • Norma culta: “Conjunto formado pelas variedades urbanas de prestígio, faladas e escritas por cidadãs e cidadãos com vivência urbana e elevado grau de letramento (objetivamente quantificado pela posse de um diploma de curso superior)”. Para Bagno (2007), trata-se de um conjunto de variedades da língua que são efetivamente utilizadas pelos falantes de uma língua.” (p. 206).

        “A regência variável dos verbos de movimento, cujo complemento pode ser realizado com as preposições a (vou à cidade), para (vou para a cidade), em (vou na cidade), até (eu fui até a feira) e com a ausência da preposição (vou ø lá), é um dos fenômenos que afeta os falantes que se situam em qualquer posição no contínuo de variedades do PB (Assis, 2009: 40).” (p. 209).

        “Temos as duas construções a seguir: vou à feira e vou na feira [...]. Vieira (2009) afirma que, de acordo com a tradição gramatical, os verbos de movimento ir, chegar, vir devem ser empregados com a preposição a ou para, uma vez que essas preposições carregam sentido de direção [...]. Cereja e Magalhães (2006) destacam que os verbos chegar e ir são intransitivos e exigem a preposição a quando indicam lugar.” (p. 209).” (p. 209).

  1. “Chegamos ao teatro às nove horas em ponto.
  2. Vou à academia de ginástica vez ou outra.” (p. 209).

“No entanto, para Vieira (2009: 427), “na língua falada, além dessas preposições, também é comum o uso de em acompanhando esses verbos”. (p. 210).

  1. “Tenho que vir ao sítio hoje.
  2. Tenho que vir para o sítio hoje.
  3. Tenho que vir no (em + o) sítio hoje.
  4. João foi à praia no fim de semana.
  5. João foi para a praia no fim de semana.
  6. João foi na praia no fim de semana.

(9) O diretor chegou à repartição no horário combinado.

(10) O diretor chegou na repartição no horário combinado.” (p. 210).

“Em sua análise, Vieira (2009) observa que os usos destacados em (3), (4), (6), (7) e (9) são previstos pela tradição gramatical e considerados norma-padrão, enquanto os usos destacados em (5), (8) e (10) são considerados não padrão.” (p. 210).

“Há autores que interpretam tal alternância como uma variação linguística, condicionada por fatores linguísticos e extralinguísticos. Mollica (1996), por exemplo, realizou pesquisa, através da qual identificou fatores linguísticos que condicionam a escolha de uma ou oura dessas preposições empregadas com o verbo ir (Vieira, 2009: 427-428).” (p. 210).

“Vieira (2009) verificou que o estudo de Mollica demonstra que traços semânticos do locativo influenciam a escolha da preposição. Assim, locativos que se referem a um espaço fechado, a um lugar cercado tendem a selecionar a preposição em; enquanto locativos que se referem a um lugar aberto tendem a selecionar as preposições a/para. Outro fator relevante, apontado pelo estudo, de acordo com Vieira (2009: 428), é o grau de definitude do locativo.” (p. 210).

“Quanto mais definido, maior a possibilidade de o verbo ser empregado com a preposição em; quanto mais indefinido, maior a possibilidade de ser empregado com as preposições a ou para.” (p. 210).

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