Glory Hole
Por: Joao Gabriel • 27/9/2016 • Tese • 1.047 Palavras (5 Páginas) • 544 Visualizações
O que um anão executivo, um monge do Tibete, um travesti com hpv ou uma pornstar tem em comum comigo? Todos frequentam o Glory Hell. Não importa quem está do outro lado, você está do outro lado da parede para ter o seu pinto chupado pelo desconhecido. Você entra naquela cabine vermelha que cheira a chulé de travesti (que acreditem, tem um cheiro diferente e característico dos outros chulés) e caralho mal lavado, eu costumo chamar essa cabine de casa e o buraco de esperança e a pessoa do outro lado família, mamãe ou papai, titia ou titio.
No glory hole não existe sexualidade, hierarquia, ali todos são iguais e definidos pela própria escolha ao assinar a ficha o lado em que você quer ficar. '' Você gostaria de amamentar ou ser amamentado?''
Cabine um, dois, três... No Glory Hell existe 69 cabines e é isso que lhe faz ser um dos mais prestigiosos lugares para ser o seu pinto chupado e uma experiência incrível por 30$. Existe cabines abençoadas e amaldiçoadas, especiais e comuns, as pessoas que são sorteadas nas especiais podem ter a sorte de ter o pau chupado pelo monge tibetiano enquanto uma pornstar reveza com ele deixando você penetrar o seu dong dentro da sua magnífica vagina. Nunca tive essa sorte.
Até o momento eu conhecia apenas a cabine três, quarenta e a vinte e cinco, eu sempre era sorteado em tais todas as vezes que eu fora, talvez por sacanagem, talvez por sorte ou azar, mas dessa vez eu fui sorteado para entrar na cabine setenta. ''Setenta?'' Sim, até agora pensei que fosse só uma lenda, um mito, algo que eles inventavam para atrair mais clientes, nenhum amigo meu pegou a setenta, só histórias de amigos de amigos de amigos. A cabine setenta é a última cabine do prédio, tem um andar só pra ela, relatos dizem ter passado por uma experiência xamânica, que você sairia de lá tão satisfeito que não precisava de sexo por cinco meses, sim, precisava, estamos lidando com ninfomaníacos, aspirantes a serial killer e todo tipo de viciado que você pode encontrar.
Eu era aquele tipo de garoto que o seu pai costumava escolher a minha mãe para trair a sua, o padeiro ia e vinha, o mecânico, o juiz e até o prefeito certa vez. Toda a minha infância vivi em um grande bordel disfarçado de casa com ares de home sweet home. Não que ela fosse uma prostituta, ela não ganhava nada por ter dongs brancos, negros, azuis, asiáticos, latinos dentro dela, o que ela ganhava era o prazer e o (des)prazer de ter que colocar cada vez mais pirocas dentro da sua vagina para suprir, mais sucos dentro do copo.
Dentro de um pseudo–quarto tinha a minha existência vendo tudo, não estou dizendo que sou um santo ou que a culpa da minha depravação fora minha mãe, sempre assediei as minhas primas, sempre roubei as calcinhas do cesto sujo da vizinha, sempre coloquei o meu pinto naquele escapamento com manteiga.
Buraco coberto com um pano preto para o quarto da minha mãe, toda vez que chegava um novo amante eu ficava lá vendo tudo com o pau na mão, não uma excitação prazerosa e sim de vergonha, a shame bone. Freud e eu mesmo diria que essa foi o principal motivo pela minha atração pelo glorioso glory.
Fui abandonado com um irmão de cinco meses que morreu desidratado e com fome uma semana e meia depois, o único leite que eu tinha para dar não alimentava tanto assim apesar de ser nutritivo.
Uma seringa na veia e uma mendiga em cima do seu pau coberto por sacola, as vezes utilizava uma camisinha usada seis vezes, me surpreende estar vivo sem nenhuma doença venérea. Entre amizades e transas, empregos temporários e inúmeras viagens estou vivo e bem-sucedido e cheio de sequelas, felizmente larguei a droga e entrei no glory.
...