História Social da Literatura Portuguesa
Por: Cecilia Silva • 14/10/2018 • Resenha • 591 Palavras (3 Páginas) • 287 Visualizações
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SÃO PAULO
Cecília Maria da Silva Costa
Graduanda em Letras-Português/IFSP
ABDALA JR., Benjamin. PASCHOALIN, Maria Aparecida. Realismo - Naturalismo (1865-1900). In: História Social da Literatura Portuguesa.
O capítulo Realismo-Naturalismo de a História Social da Literatura Portuguesa apresenta um panorama histórico com as condições sócio-políticas e econômicas que propiciaram a formação do movimento realista em Portugal. Sob a dependência industrial da Inglaterra, Portugal permanece um país extremamente agrário levando a diversas revoltas da burguesia que leva ao movimento de Regeneração (1851-1910). Portugal assume o regime parlamentar com a participação de dois partidos: o conservador, regido pelo movimento regenerador e o menor conservador, liderado por reformistas e progressistas.
Os proprietários de terra vão para cidade e a classe média na cidade passa a ter raízes agrícolas e um maior grupo comercial, que beneficia o desenvolvimento da comunicação. Entretanto, Abdala aponta que a burguesia Portuguesa não possui controle sobre o próprio país. O desenvolvimento material alavanca a ativação cultural e os meios de comunicação fomentam o consumo de jornais, revistas e romances. Surge então, a possibilidade de representação da realidade cotidiana, apresentando igualmente os problemas sociais, políticos, econômicos e psicológicos para o leitor.
Com essas condições, se inicia por volta de 1865 o Realismo em Portugal, com a questão de Coimbra, gerada pelo geração de 70. Grupo formado por Antero de Quental, Eça de Queirós, Teófilo Braga, Manuel Arriaga, Guerra Junqueira e outro influenciados por românticos franceses com preocupações sociais, como Victor Hugo, Heine e Michelet e por teorias científicas da época, como o positivismo de Comte, o evolucionismo de Darwin, o determinismo de Taine, anticlericalismo de Renan e o socialismo reformista de Proudhon.
É com propósito de contribuir para a sociedade portuguesa, que o grupo propõe a Conferência democrática do Cassino Lisbonenses (1871). Entretanto, uma maré conservadora que assola a Europa após a Comuna de Paris, e os debates passam a ser atacados por jornais conservadores. Em uma dessas conferÊncias, Eça de Queiroz defende a função social da literatura realista como a anatomia do caráter, em oposição a apoteose de sentimento romântico. A dispersão do grupo acontece ao decorrer da década de 70, mas durante a década de 80, durante os anos de 87/88, o grupo propõe uma retomada nomeada “Vencidos da Vida”, por terem sido vencidos no teor ideológico. Com as manifestações populares após o Ultimato, surge a poesia combativa de Guerra Junqueira, com perspectiva ideológica da pequena burguesia citadina.
Das características Realistas, Abdala e Paschoalin destacam que o Realismo é um compromisso social entre a realidade social e a arte, que se desenvolve no Naturalismo, uma forma histórica do Realismo com caráter mecanicista e positivista. O Realismo tem como base as teorias cientificistas da época, geradas após a Revolução Industrial. Esse não é o caso de Portugal, que importa o Realismo dos países mais tecnologicamente avançados da Europa.
Dessa forma, as obras Realistas portuguesas se apresentam mais tímidas, como uma crítica ao tradicionalismo vazio, a visão conservadora da Igreja, que impede o avanço social; apresentam uma visão objetiva da realidade e uma representação social da vida contemporânea, visando uma reforma e não uma revolução social.
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