Identidade linguística e social - abordagem sociolingüística
Relatório de pesquisa: Identidade linguística e social - abordagem sociolingüística. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: berlany • 9/1/2015 • Relatório de pesquisa • 1.592 Palavras (7 Páginas) • 465 Visualizações
Linguagem e identidade social – uma abordagem sociolingüística
Tércia Ataíde França Teles
(Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal)
terciateles@yahoo.com.br
RESUMO: A língua constitui-se em uma atividade essencialmente social.O fato de a língua ser condicionada e modelada pela realidade social e cultural faz dela também um instrumento político que representa reflexos significativos no processo de aprendizagem de alunos provenientes de classes populares.No caso específico da comunidade brasileira, há de se levar em conta o fato de a língua-padrão estar diretamente ligada à classe dominante.Disso decorre que as variedades não-padrão e seus falantes serem altamente estigmatizados dentro da nossa sociedade.O estigma associado aos traços do dialeto do aluno é um dos fatores de discriminação e inferiorização do sujeito e de toda uma classe social, incluindo sua história e sua cultura.Considerando que somente um olhar global sobre o ser humano é capaz de superar o desafio da complexidade de nosso mundo e de nossas relações, o presente artigo propõe uma análise da relação do sujeito, oriundo de classes populares, com a aprendizagem da norma culta da língua, numa perspectiva educacional intercultural e transcultural.
Plavras-chave:Língua, Desigualdade Social, Linguagem, Aprendizagem
1. Língua e Linguagem
A língua é um bem comum a todos, determinante territorial e cultural de um povo. Não podemos pensar em língua melhor ou pior, língua superior ou inferior num país onde a diversidade lingüística é tão marcante.
Nenhuma outra característica distingue tão bem o homem dos outros animais como o domínio da linguagem. Ela tem sido o eixo central do desenvolvimento social e cultural da humanidade.
A importância dos processos comunicativos nas sociedades urbanas e industriais revela-se na habilidade do falante em usar a sua língua para interagir com seus semelhantes comunicando seus pensamentos, sentimentos e ações por meio de um sistema de signos vocais – a língua. Como o ser humano dispõe de inúmeras possibilidades para comunicar-se, cada língua corresponde à expressão de uma escolha entre as várias possibilidades lingüísticas, apresentando variações relevantes em função de valores sociais, regionais, de faixa etária, de situação econômica, etc.
A língua como um sistema de possibilidades oferece um conjunto flexível no que diz respeito às regras de seleção, combinação e substituição sem comprometer ou alterar a interação. É o que entendemos por variação lingüística.
Não há hierarquia entre os usos variados da língua assim como não há uso lingüísticamente melhor que outro. Em uma mesmo comunidade lingüística, portanto, coexistem usos diferentes, não existindo um padrão de linguagem que possa ser considerado superior. As pessoas não falam do mesmo modo e até uma mesma pessoa não fala sempre da mesma maneira.
2. Linguagem e Identidade Social
Segundo Le Page (1980), todo ato de fala é um ato de identidade. A linguagem é o índice por excelência da identidade. As escolhas lingüísticas são processos inconsciente que o falante realiza e está associado à múltiplas dimensões constitutivas da identidade social e aos múltiplos papéis sociais que o usuário assume na comunidade de fala. O que determina a escolha de uma ou outra variedade é a situação concreta de comunicação.
A história da colonização do Brasil mostra o processo de formação da nossa língua à luz dos aspectos mais marcantes para a diversidade lingüística presente em nosso território, um país monolíngüe. Pôr exemplo a língua trazida para o Brasil pelos portugueses conservou-se, nos grandes centros de colonização
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no litoral, onde havia constante intercâmbio comercial e cultural com a metrópole, bem semelhante à modalidade lusitana, distinguindo-se dela, porém, em alguns traços. Com relação aos vernáculos rurais, observa-se um maior distanciamento da norma portuguesa, pois nessa modalidade, possivelmente, foi mais acentuada a influência das línguas indígenas e dos falares dos negros que vinham para o Brasil dominando ou não o dialeto crioulo que já se instituíra na África, em colônias também portuguesas.
A atribuição de prestígio a uma variedade lingüística decorre de fatores de ordem social, política e econômica. Ao longo de toda a história brasileira, o português falado pelas classes mais favorecidas tem sido a variedade prestigiada em detrimento da todas as outras, é a chamada norma-padrão ou língua-padrão, é a que foi eleita como representativa de um país, é ensinada e aprendida na escola. Quando uma variedade de língua é eleita variedade padrão, ela ganha alta condição social (status) e passa a ser instrumento de dominação sobre as demais variedades que passam a ser consideradas inferiores, devido a uma visão preconceituosa, perpetuada de alguma maneira pôr meio das regras impostas pela gramática da língua escrita, que legitima a linguagem padrão como única.
No caso do Brasil, a norma-padrão atual foi determinada pelas mudanças de pólos econômicos, políticos e culturais do país e reforçada pelo preconceito que impõe uma suposta superioridade do falar urbano (dos escolarizados, letrados) sobre o falar rural (dos analfabetos ou com pouco letramento).
3. Classe Social e Aprendizagem
No Brasil, as diferenças lingüísticas não são seriamente levadas em conta.A escola é norteada para ensinar a língua da cultura dominante e tudo o que se afaste desse código defeituoso deve ser eliminado.
O ensino sistemático da língua é de fato uma atividade impositiva, a escola, porém não pode ignorar as diferenças sociolingüísticas.É sabido que o comportamento lingüístico é um indicador claro da estratificação social, os grupos sociais são diferenciados pelo uso da língua e que o prestígio do português culto, padronizado pelas gramáticas, dicionários e cultivado na literatura e em diversos domínios institucionais da sociedade não se restringe apenas aos grupos de seus usuários, o cidadão erudito que tem a língua-padrão como meio natural de comunicação, mas perpassa todos os segmentos sociais inclusive as classes mais populares, que demonstram uma valorização em relação à “boa linguagem”, “à fala daqueles que têm estudo”.
A importância relevante para a população
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