Incluir Ou Excluir Dessa água, Eu Nunca Beberei - Incluir-se Ou Excluir-se, Eis O Dilema! Por Jorge Márcio Pereira De Andrade
Pesquisas Acadêmicas: Incluir Ou Excluir Dessa água, Eu Nunca Beberei - Incluir-se Ou Excluir-se, Eis O Dilema! Por Jorge Márcio Pereira De Andrade. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: fabyanaeizau • 2/5/2014 • 2.401 Palavras (10 Páginas) • 801 Visualizações
Da Educação Segregada à Educação Inclusiva: uma Breve Reflexão sobre os
Paradigmas Educacionais no Contexto da Educação Especial Brasileira1
Rosana Glat e Edicléa Mascarenhas Fernandes
Faculdade de Educação / Universidade do Estado do Rio de Janeiro
A educação de alunos com necessidades educativas especiais que,
tradicionalmente se pautava num modelo de atendimento segregado, tem se voltado nas
últimas duas décadas para a Educação Inclusiva. Esta proposta ganhou força, sobretudo
a partir da segunda metade da década de 90 com a difusão da conhecida Declaração de
Salamanca (UNESCO, 1994), que entre outros pontos, propõe que “as crianças e
jovens com necessidades educativas especiais devem ter acesso às escolas regulares,
que a elas devem se adequar...”, pois tais escolas “constituem os meios mais capazes
para combater as atitudes discriminatórias, construindo uma sociedade inclusiva e
atingindo a educação para todos...” (p. 8-9, grifo nosso).
Sob este enfoque, a Educação Especial que por muito tempo configurou-se como
um sistema paralelo de ensino, vem redimensionando o seu papel, antes restrito ao
atendimento direto dos educandos com necessidades especiais, para atuar,
prioritariamente como suporte à escola regular no recebimento deste alunado. De forma
suc inta, esse artigo pretende acompanhar a trajetória da área no Brasil, considerando os
paradigmas teóricos vigentes, bem como a política educacional da época. Ressaltando,
porém, que um paradigma não se esgota com a introdução de uma nova proposta, e
que, na prática, todos esses modelos co-existem, em diferentes configurações, nas redes
educacionais de nosso país.
A Educação Especial se constituiu originalmente como campo de saber e área de
atuação a partir de um modelo médico ou clínico. Embora hoje basta nte criticado, é
preciso resgatar que, como lembra Fernandes (1999), os médicos foram os primeiros
que despertaram para a necessidade de escolarização dessa clientela que se encontrava
“misturada” nos hospitais psiquiátricos, sem distinção de idade, principalmente no caso
da deficiência mental. Sob esse enfoque, a deficiência era entendida como uma doença
crônica, e todo o atendimento prestado a essa clientela, mesmo quando envolvia a área
educacional era considerado pelo viés terapêutico. A avaliação e identificação eram
1 Artigo publicado na Revista Inclusão nº 1, 2005, MEC/ SEESP.
pautadas em exames médicos e psicológicos com ênfase nos testes projetivos e de
inteligência, e rígida classificação etiológica.
Nas instituições especializadas o trabalho era organizado com base em um
conjunto de terapias individuais (fisioterapia, fonoaudiologia, psicologia,
psicopedagogia , etc) e pouca ênfase era dada à atividade acadêmica, que não ocupa va
mais do que uma pequena fração do horário dos alunos (GLAT, 1989). A educação
escolar não era considerada como necessária, ou mesmo possível, principalmente para
aqueles com deficiências cognitivas e / ou sensoriais severas. O trabalho educacional
era relegado a um interminável processo de “prontidão para a alfabetização”, sem
maiores perspectivas já que não havia expectativas quanto à capacidade desses
indivíduos desenvolverem-se academicamente e ingressarem na cultura formal.
Os anos 70 representa ram a institucionalização da Educação Especial em nosso
país, com a preocupação do sistema educacional público em garantir o acesso à escola
aos portadores de deficiências2. Em sua progressiva afirmação prático-teórica, a
Educação Especial absorveu os avanços da Pedagogia e da Psicologia da
Aprendizagem, sobretudo de enfoque comportamental. O desenvolvimento de novos
métodos e técnicas de ensino baseados nos princípios de modificação de
comportamento e controle de estímulos permitiu a aprendizagem e o desenvolvimento
acadêmico desses sujeitos , até então alijados do processo educacional. “O deficiente
pode aprender”, tornou-se a palavra de ordem, resultando numa mudança de paradigma
do “modelo médico” , predominante até então, para o “modelo educacional”. A ênfase
não era mais a deficiência intrínseca do indivíduo, mas sim a falha do meio em
proporcionar condições adequadas que promovessem a aprendizagem e o
desenvolvimento (GLAT, 1985; 1995; KADLEC & GLAT, 1984).
A metodologia de pesquisa privilegiada era da análise aplicada do
comportamento, com ênfase nos estudos de natureza experimental e semi-experimental,
com controle de variáveis e observação direta do comportamento. Esse foi o momento
dos “métodos e técnicas” e das especificidades da Educação Especial (metodologias de
ensino
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