Interpretação Linguística do Capítulo 13 de Coríntios

O capítulo 13 de Coríntios, é um dos mais conhecidos textos bíblicos que existem. Sua temática, o amor, apresenta importância não só para a realidade da igreja cristã, mas também para a sociedade num todo pois, o que mais acontece atualmente são conflitos e desavenças, e em Corinto, aparentemente aconteciam as mesmas dificuldades entre os seus membros. Desse modo, se analisará o capítulo exegeticamente tendo como base teórica Platão & Fiorin na obra Para entender o texto: leitura e redação, Entendes o que lês de Gordon D. Fee e Douglas e o Dicionário Vine: O significado exegético e expositivo das palavras do Antigo e do Novo testamento de William Edwy Vine, todas as obras afim de tratar as questões relacionadas às concepções de leitura e interpretação tendo como pontos de partida a significância de língua, texto, sentido e contexto. Para início da exegese, é preciso entender o capítulo 13 no todo. Propõe-se, então, apresentar a o texto completo na tradução mais aceita que é a João Ferreira de Almeida:

1.Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine. 2.E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria. 3.E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria. 4.O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece. 5.Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal; 6. Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade; 7. Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. 8.O amor nunca falha; mas havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá;9. Porque, em parte, conhecemos, e em parte profetizamos; 10. Mas, quando vier o que é perfeito, então o que é imperfeito em parte será aniquilado. 11.Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino. 12.Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido. 13.Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, mas, o maior destes é o amor.

 MacArthur, p. 1548-1549

Nota-se que Paulo quer proporcionar orientações para os cristãos de Corinto. Todas essas orientações fundamentadas no amor, e as peculiaridades desse amor (v. 4-7) são apresentadas em um de pontos positivos e negativos.

Como dito, não se pode analisar um texto ou um trecho de texto isoladamente, pois, assim o removeríamos do seu contexto principal. Portanto, para se entender o que se passa no capítulo 13, temos que saber o que o acontece nos capítulos que o precedem e procedem.

Segundo FEE & STUART (p 68 -69), é importante situar como as cartas paulinas se configuram, para que se possa estruturar cada capítulo. Geralmente, Paulo divide as suas cartas em três partes principais: 1 – parte introdutória (1.1-9), contendo os destinatários, remetente e palavras de saudação; 2 – parte principal, mencionando o conteúdo central da carta (1.10 -16.12); e 3 – conclusão, trazendo saudações finais (16.13 -24. Assim, os capítulos 11, 12 e 14 são de extrema importância para que possamos definir qual o contexto menor, em que o capítulo13 está inserido.

Coríntios 11.2-16 trata de questões relacionadas ao culto público e ao casamento, especificamente como homens e mulheres deveriam se comportar dentro de uma comunidade de fé, igreja ou ato religioso. Os v. 17-34 do mesmo capítulo falam de distinções e divergências que aconteciam nas reuniões da comunidade. Paulo se refere à santa ceia, que não estava sendo realizada de maneira exemplar e correta. Os mais ricos tinham o que comer, enquanto os pobres, acabavam passando fome. Em 1 Coríntios 12.1-11, Paulo afirma que, no Corpo de Cristo (expressão usada para se referenciar a Igreja), cada membro recebeu dons diferenciados do próprio Deus. Já os v. 12-31 do mesmo capítulo enfatizam que cada dom deve ser utilizado para preservar a unidade, pois todos são importantes para a edificação da comunidade. Já em 1 Coríntios 14.1-15 vemos que alguns membros diziam que o dom de falar em línguas era o mais importante na comunidade, em contrapartida a outros que consideravam o dom de profecia o mais essencial. Nos v. 26-40 do mesmo capítulo, Paulo afirma que o culto estava em total desordem por causa dos dons de falar em línguas e profecia. A fala das mulheres no culto também contribuía para isso. Assim, ele exorta a comunidade para que haja decência e ordem entre eles. O capítulo 13 é o centro de toda a discussão descrita em 1 Coríntios 11 ao 14, principalmente os conflitos a respeito dos dons do levam Paulo a escrever o capítulo toso sobre o amor, já que a desigualdade social ocorrida na hora da ceia e os comportamentos inadequados no culto público também indicavam falta de amor entre os membros da comunidade:

A maior parte dos nossos problemas em interpretar as epistolas

ocorre pelo fato de estas serem ocasionais. Temos as respostas, mas

nem sempre sabemos quais eram as perguntas ou os problemas —

ou até mesmo se havia um problema. Isso e muito semelhante a

escutar alguém conversando ao telefone e tentar descobrir quem está

do outro lado e o que esta pessoa invisível está dizendo. Em muitos

casos, no entanto, é especialmente importante para nós tentar escutar “o outro lado”, a fim de sabermos o que é que produziu a resposta encontrada na passagem que estamos estudando.

FEE & STUART, p 71.

De acordo com Fiorin & Platão (2007, p.45), um texto se estrutura em níveis de abstração de modo crescente, e para se chegar a estrutura mais profunda, deve-se agrupar os significados que nos foram apresentados e os significados que possuem algo em comum.

Para que o texto possa ser interpretado, alguns termos serão avaliados, Todos a luz de seu contexto original (ou seja, o grego), tendo como base o Dicionário Vine: O significado exegético e expositivo das palavras do Antigo e do Novo testamento, de William Edwy Vine para se ter uma noção centrada na época da escrita da carta