Leitor Ativo

LEITOR ATIVO

A leitura não é uma simples atividade de decodificação de itens linguísticos, mas, um processo dinâmico de construção de sentidos fundamentado na integração do conhecimento prévio que o leitor traz consigo com as formas linguísticas presentes no texto.

De acordo com Soares, a leitura “não é aceitação passiva, mas é construção ativa: é no processo de interação desencadeada pela leitura que o texto se Constitui”. (SOARES, 1986, apud DELL’ISOLLA, 2001).

Segundo Paulo Freire (1982, p.09), “a leitura do mundo precede a leitura da palavra”. Na vida de uma pessoa a leitura ocorre antes mesmo de ela ingressar na escola. Ao longo de nossas vidas adquirimos conhecimentos advindos da nossa experiência de mundo. Essa leitura é essencial para se constituir uma compreensão critica sobre a importância do ato de ler. Ler não se resume simplesmente na decodificação de uma palavra escrita, mas no sentido de entender um todo, onde cada indivíduo assimila o que está escrito de acordo com o seu nível de conhecimento e convivência cultural.

Considerando esse conceito amplificado do ato de ler, o leitor passa a ser um sujeito ativo e desta forma, transforma-se numa fonte de significações e implicações que vão sendo descobertas a cada leitura. Assim, é fundamental perceber que cada nova leitura oportuniza a revelação de novas significações, não percebidas em leituras anteriores e que nesse contexto, a leitura é antes de tudo, um processo contínuo de compreensão e aprofundamento.

Sobre isso, Silva (2002, p. 70) afirma:

Se a compreensão, na perspectiva ontológica, significa habitar o mundo através de projetos existenciais, então, a leitura por necessariamente envolver compreensão, também vai significar uma saída-de-si ou um projeto de busca de novos significados. Por outro lado, se compreender é enriquecer-se com novas proposições de mundo, então ler é detectar ou apreender as possibilidades de ser-ao-mundo apontadas pelos documentos que fazem parte do mundo da escrita.

Para facilitar o entendimento de um determinado texto, o professor precisa orientar seus alunos sobre adotar um método prático de leitura, que pode variar de acordo com o gênero escolhido.

Um bom exemplo é o outdoor que, inclusive, os Parâmetros Curriculares Nacionais mostram a importância de esse gênero textual ser considerado em sala de aula, com o objetivo de desenvolver a competência textual dos alunos:

Na vida social, e não somente na sala de aula, o aluno deve ser capaz de reconhecer como a linguagem foi organizada para produzir determinados feitos de sentido. É desejável, portanto, que saiba apreciar esteticamente a sonoridade de uma canção que ouve no rádio, os efeitos de sentido de uma frase lida em um outdoor, as entrelinhas de um texto publicitário em uma revista, e assim sucessivamente. (PCNs 2002, p.65).

O objetivo do outdoor é causar um impacto visual forte, sendo um importante meio de persuasão que chama atenção de leitores nas ruas de grandes cidades. Portanto, os alunos precisam identificar as características textuais e de imagens no outdoor.

Além disso, é necessário analisar em que contexto a mensagem foi produzida, quem são as pessoas mais interessadas em lê-lo, quais as intenções do agente publicitário em divulgar a mensagem.

Por último, a finalidade da mensagem: será que está incentivando alguém a comprar algo? O outdoor tem um apelo emocional forte e leva em conta o poder aquisitivo do público que circula nas proximidades. Portanto, é importante considerar com os alunos a influência desse tipo de discurso nos desejos de consumo da sociedade atual. 

Abaixo, foi selecionado um outdoor que foge à regra de ser captado rapidamente pelo leitor, pois contém mais dizeres do que imagem, o que tomaria certo tempo para a leitura. Veja como é analisado e como o agente publicitário foi feliz em produzi-lo.

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   Fonte: Google Images

Ao analisar esse texto publicitário, vemos que o público alvo desta campanha são moradores de cidades grandes que passam boa parte de seus dias presos no trânsito no trajeto entre casa e trabalho, como na cidade de São Paulo, por exemplo. Como o anúncio é chamativo, usa cores fortes e tem um enunciado vibrante e engraçado, e por utilizar o termo “Engarrafados” prende a atenção do leitor e não só faz com que ele leia a peça com tranquilidade enquanto está parado na via, mas também faz com ele relacione a situação com sua realidade.