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Linguistica

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Por:   •  23/4/2014  •  2.440 Palavras (10 Páginas)  •  1.941 Visualizações

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Petter Margarida. Linguagem língua linguística. In: fiorin, José L. (org). Introdução a linguística I objetos teóricos 4 ed. São Paulo: contexto, 2005.

O interesse pela linguagem é muito antigo, expresso por mitos, lendas, cantos, rituais ou por trabalhos eruditos que buscam conhecer essa capacidade humana.

Remontam ao século IV a.c os primeiros estudos. Inicialmente, foram razões religiosas que levaram os hindus a estudar sua língua, para que os textos sagrados reunidos na veda não sofressem modificações no momento de ser proferidos. Mais tarde os gramáticos hindus, entre os quais Panini (século IV a.C.), dedicaram-se a descrever minuciosamente sua língua, produzindo modelos de análise que foram descobertos pelo Ocidente no final do século XVIII.

Os gregos preocuparam-se, principalmente, em definir as relações entre o conceito e a palavra que o designa, ou seja, tentavam responder à pergunta: haverá uma relação necessária entre palavra e o significado? Platão discute muito bem essa questão no Crátilo. Aristóteles desenvolveu estudos noutra direção, tentando proceder a uma análise precisa da estrutura Linguística , chegou a elaborar uma teoria da frase, a distinguir as partes do discurso e a enumerar as categorias gramaticais.

“Na idade Média, os modistas consideraram que a estrutura gramatical das línguas é una e universal, e que, em consequência, as regras da gramatica são independentes das línguas em que se realizam. “ (pág. 12)

No século XVI, a religiosidade ativada pela reforma provoca a tradução dos livros sagrados em numerosas línguas, apesar de manter-se o prestigio do latim com língua universal. Viajantes, comerciantes e diplomatas trazem de suas experiências no estrangeiro o conhecimento de línguas até então desconhecidas. Em 1502 surge o mais antigo dicionário poliglota, do italiano Ambrosio Calepino.

“O pensamento linguístico contemporâneo, mesmo que em novas bases, formou-se a partir dos princípios metodológicos elaborados nessa época, que preconizavam a analise dos fatos observados. O estudo comparado das línguas vai evidenciar o fato de que as línguas se transformam com o tempo, independentemente da vontade dos homens, seguindo uma necessidade própria da língua e manifestando-se de forma regular.” (pág. 12)

“Sausurre considerou a linguagem “heteróclita e multifacetada” , pois abrange vários domínios; é ao mesmo tempo física, fisiológica e psíquica; pertence ao domínio individual e social;” “não se deixa classificar em nenhuma categoria de fatos humanos, pois não se sabe como inferir sua unidade” (pág. 14)

“A língua é para Saussure ‘um sistema de signos’ – um conjunto de unidades que se relacionam organizadamente dentro de um todo. É a parte social da linguagem, exterior ao individuo, não pode ser modificada pelo falante e obedece as leis do contrato social estabelecido pelos membros da comunidade.” (pág.14).

“Os seguidores dos princípios saussureanos esforçaram-se por explicar a língua por ela própria, examinando as relações que unem os elementos no discurso e buscando determinar o valor funcional desses diferentes tipos de relações.” (pág. 14)

“A analise das línguas naturais deve permitir determinar as propriedades estruturais qu distinguem a língua natural de outras linguagens.” (pág.15)

“Para Chomsky, portanto a linguagem é uma capacidade inata e especifica da espécie, isto é, transmitida geneticamente e própria da espécie humana. Assim sendo, existem propriedades universais da linguagem, segundo Chomsky e os que compartilham de suas ideias.” (pág. 15)

“A tarefa do linguista é descrever a competência, que é puramente linguística, subjacente ao desempenho.” (pág.15)

“Os estudos do zoólogo alemão fazem uma importante revelação sobre o funcionamento de uma "linguagem" animal, que permite avaliar pelo confronto a singularidade da linguagem humana, conforme assinala Benveniste (1976). Embora seja bem preciso o sistema de comunicação das abelhas - ou de qualquer outro animal cuja forma de comunicação já tenha sido analisada - ele não constitui uma linguagem, no sentido em que o termo é empregado quando se trata de linguagem humana” (pág. 16)

“As abelhas são capazes de: (a) compreender uma mensagem com muitos dados e de reter na memória informações sobre a posição e a distância; e (b) produzir uma mensagem simbolizando - representando de maneira convencional- esses dados por diversos comportamentos somáticos”. (pág. 16)

“Os estudos linguísticos não se confundem com o aprendizado de muitas línguas: o linguista deve estar apto a falar "sobre" uma ou mais línguas, conhecer seus princípios de funcionamento, suas semelhanças e diferenças. A Linguística não se compara ao estudo tradicional da gramática; ao observar a língua em uso o linguista procura descrever e explicar os fatos: os padrões sonoros, gramaticais é lexicais que estão sendo usados, sem avaliar aquele uso em termos de um outro padrão: moral, estético ou crítico.” (pág.17)

“A prioridade atribuída pelo linguista ao estudo da língua falada explica-se pela necessidade de corrigir os procedimentos de análise da gramática tradicional, que se preocupava quase exclusivamente com a língua literária, como modelo único para qualquer forma de expressão escrita ou falada. O prestígio e a autoridade da língua escrita em nossa sociedade, muitas vezes, são obstáculos para os principiantes nos estudos da Linguística, que têm dificuldade em perceber e aceitar a possibilidade de considerar a língua falada independentemente de sua representação gráfica.” (pág. 18)

“A Linguística geral oferece os conceitos e modelos que fundamentarão a análise das línguas; a Linguística descritiva fornece os dados que confirmam ou refutam as teorias formuladas pela Linguística geral. São duas tarefas interdependentes: não pode haver Linguística geral ou teórica sem a base empírica da Linguística descritiva.” (pág. 18)

“No século XIX os linguistas preocuparam-se com o estudo das transformações por que passavam as línguas, na tentativa de explicar as mudanças Linguísticas. A Linguística era histórica ou diacrônica. Saussure, no início do século X, introduziu um novo ponto de vista no estudo das línguas, o ponto de vista sincrônico, segundo o qual as línguas eram analisadas sob a forma que se encontravam num determinado momento histórico, num ponto do tempo.” (pág.18)

“Como muitas áreas de estudo se interessam pela linguagem, o estudo do fenômeno linguístico na interface com outras disciplinas criou várias áreas interdisciplinares: a etnoLinguística, que trabalha no âmbito da relação entre língua e cultura; a sociolinguística, que se detém no exame da interação entre língua e sociedade; a psicolinguística, que estuda o comportamento do indivíduo como participante do processo de aquisição da linguagem e da aprendizagem de uma segunda língua.” (pág.19)

“A tarefa do gramático se desdobra em dizer o que é a língua, descrevê-la, e ao privilegiar alguns usos, dizer como deve ser a língua. Na verdade, a conjunção do descritivo e do normativo efetuada pela gramática tradicional opera uma redução do objeto de análise que, de intrinsecamente heterogêneo, assume uma só forma: a do uso considerado correto da língua. Na maioria dos casos, é esse uso o único que vai ser estudado e difundido pela escola, em detrimento de um conhecimento mais amplo da diversidade e variedade dos usos linguísticos.” (pág.19)

“Abordar a língua exclusivamente sob uma perspectiva normativa contribui para gerar uma série de falsos conceitos e até preconceitos, que vêm sendo desmistificados pela Linguística.” (pág. 20).

“Todas as línguas naturais possuem os recursos necessários para a comunicação entre seus falantes. Se uma língua não possui um vocabulário extenso num determinado domínio, significa que os seus falantes não necessitam dessas palavras; caso contrário, ao tomar contato com novas realidades, novas tecnologias, os falantes dessa língua serão fatalmente levados a criar novos termos ou a tomá-los emprestado.” (pág.20)

“Ao comparar as línguas em qualquer que seja o aspecto observado, fonologia, sintaxe ou léxico, o linguista constata que elas não são melhores nem piores, são, simplesmente, diferentes.” (pág. 20).

“Todas as línguas até hoje estudadas constituem um sistema de comunicação estruturado, complexo e altamente desenvolvido. Nenhum traço da estrutura linguística pode ser atribuído a um reflexo da estrutura diferenciada de uma sociedade agrícola ou de uma sociedade moderna industrializada.” (pág. 20).

“A visão prescritiva da linguagem não admite mais de uma forma correta, nem aceita a possibilidade de escolha, que uma forma seja mais adequada para um uso do que para outro, como seria o caso de uma expressão mais apropriada à língua escrita do que à falada, ao uso coloquial do que a uma situação formal de comunicação. A abordagem descritiva assumida pela Linguística entende que as variedades não padrão do português, por exemplo, caracterizam-se por um conjunto de regras gramaticais que simplesmente diferem daquelas do português padrão.” (pág.21)

“A Linguística, portanto, como qualquer ciência, descreve seu objeto como ele é, não especula nem faz afirmações sobre como a língua deveria ser.” (pág.21)

“A Linguística é empírica porque trabalha com dados verificáveis por meio de observação; é objetiva porque examina a língua de forma independente, livre de preconceitos sociais ou culturais associados a uma visão leiga da linguagem.” (pág.21).

“Para Chomsky não basta apenas observar e classificar os dados, é necessária uma teoria explicativa que preceda os dados e que possa explicar não só as frases realizadas, mas também as que potencialmente seriam produzidas pelo falante. Para esse autor e seus seguidores, um fenômeno só é explicado quando se pode deduzi-lo de leis gerais.” (pág.21).

“A teoria da gramática, como é conhecida, trata de todas as frases gramaticais, isto é, todas as frases que pertencem à língua; não se confunde com a gramática normativa porque não dita regras, apenas explica as frases realizadas e potencialmente realizáveis na língua. proposta. A intuição do falante é o único critério da gramaticalidade ou agramaticalidade da frase - conceitos que não se confundem com a gramática normativa. É a competência do falante que vai organizar os elementos linguísticos que constituem uma sentença, conferindo-lhes gramaticalidade.” (pág.22).

“A gramática é gerativa, porque de um número limitado de regras permite gerar um número infinito de sentenças. Reflete o comportamento do locutor que, a partir de uma experiência finita e acidental da língua, pode produzir e compreender um número infinito de frases novas.” (Pág.22).

Cunha, A.F da Costa, M.A; MARTELOTTA, M.E. Linguística. In: Martelotta, M.E. (org). Manual de linguística. 2. Ed. São Paulo: Contexto, 2011.

“A linguística é definida, na maioria dos manuais especializados, como a disciplina que estuda cientificamente a linguagem. Essa definição, pouco elucidativa por sua simplicidade, nos obriga a fazer algumas considerações importantes. Primeiramente precisamos, determinar o que estamos entendendo pelo termo” linguagem”, que nem sempre é empregado com o mesmo sentido. Precisamos também delimitar o que significa estudar cientificamente a linguagem.” (pág. 15)

“(...) Entendendo linguagem com habilidade, os linguistas definem o termo como a capacidade que apenas os seres humanos possuem de se comunicar por meio de línguas.” (pág. 16).

“ A linguística , como ocorre em outras ciências, apresenta diferentes escolas teóricas que diferem na sua maneira de compreender o fenômeno da linguagem. Em uma tentativa de apresentar uma visão mais geral e , sobretudo, imparcial em relação a essas escolas, propomos que a capacidade da linguagem, eminentemente humana, parece implicar um conjunto de características.” (pág. 16)

“A linguagem é um dos ingredientes fundamentais para a vida em sociedade. Desse modo, ela está relacionada à maneira como interagimos com nossos semelhantes, refletindo tendências de comportamento delimitadas socialmente. Cada grupo social tem um comportamento que lhe é peculiar e isso vai manifestar também na maneira de falar de seus representantes: os cariocas não falam como os gaúchos ou como os mineiros e, do mesmo modo, indivíduos pertencentes a um grupo social menos favorecido tem características de fala distintas dos indivíduos de classes favorecidas.” (pág.19)

“É também importante registrar que nossas vidas, em função da evolução cultural, mudam com o tempo. Assim, as línguas acabam sofrendo mudanças decorrentes de modificações nas estruturas sociais e politicas” (pág. 19).

“A linguística considera, pois, que nenhuma língua é intrinsecamente melhor ou pior do que outra, uma vez que todo sistema linguístico é capaz de expressar adequadamente a cultura do povo que a fala. Desse modo, uma língua indígena por exemplo, não é inferior a línguas de povos considerados ‘mais desenvolvidos’, como o português, o inglês, ou o francês.” (pág. 20).

“ Pode-se, portanto, dizer que a linguística executa duas tarefas principais: o estudo das línguas particulares como um fim em si mesmo (...), como um meio para obter informações sobre a natureza da linguagem de um modo geral” (pág. 21).

“ É difícil delimitar o campo de atuação da semiologia, mas costuma-se caracterizar esse campo de pesquisa como a ciência geral dos signos.” (pág. 22).

“Quanto a diferença entre linguística e fisiologia, podemos dizer que a ultima é uma ciência eminentemente histórica, que por tradição se ocupa do estudo de civilizações passadas através da observação dos textos escritos que elas nos deixaram, como o intuito de interpreta-los, comenta-los, fixa-los e de esclarecer ao leitor o processo de transmissão textual” (pág. 23).

“A fisiologia se interessa pelo estudo do texto escrito, enquanto a linguística, embora não despreze a escrita, se volta para a linguagem oral. Essa estratégia se justifica pelo fato de a fala refletir no funcionamento da linguagem de modo mais natural e espontâneo do que da escrita, que é mais planejada e, muitas vezes, retificada em nome de um texto mais elaborado. Isso faz da fala um material mais interessante para que se possa compreender funcionamento da linguagem humana” (pág. 24).

“os linguistas, portanto, estão interessados no que é dito, e não no que alguns acham que deveria ser dito. eles descrevem a língua em todos os seus aspectos, mas não prescrevem regras de correção.” (pág. 25).

“os linguistas tem plena consciência da importância da norma-padrão para o ensino do português e reconhecem que o aprendizado ou não desse padrão tem implicações importantes no desenvolvimento sociocultural dos indivíduos.” (pág. 26).

“Uma segunda diferença entre a linguística e a gramatica tradicional é que os linguistas consideram a língua falada, e não a escrita como primária.” (pág.26).

“A literatura especializada frequentemente emprega uma definição operacional de linguística aplicada: a linguística aplicada é uma abordagem multidisciplinar para a solução de problemas associados à linguagem. Logo é uma característica central dessa disciplina o fato de que ela esta relacionada a tarefas, orientada para problemas, centrada em projetos e guiada para demanda.” (pág. 27).

“Os estudiosos da língua tem usado informações linguísticas em tarefas educacionais, e os professores de língua tem se debruçado sobre as descobertas dos estudiosos para definir tanto o que será ensinado em sala d aula quanto o modo como será ensinado. Nesse sentido, a aplicação de informações linguísticas na resolução de problemas reais não pode ser considerada uma orientação recente.” (pág.28)

“Poderíamos propor que a função da linguagem é transmitir informações de um individuo a outro ou de uma geração a outra. Mas essa visão se mostra, no mínimo, ingênua quando presenciamos o seguinte dialogo entre duas pessoas que se encontra na rua: um deles pergunta “como vai? Tudo bem?”, o outro responde com mesma pergunta “como vai? Tudo bem?”, e ambos continuam seu caminho com a consciência de ter cumprido seu papel social. Não podemos dizer que, em casos como esse, tenha ocorrido de fato, transmissão de informação.” (pág. 31).

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