Literatura e educação, Gabriel Perissé
Por: cashtonwins • 2/11/2017 • Resenha • 1.488 Palavras (6 Páginas) • 880 Visualizações
UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA [pic 1]
DISCENTE: Nathália Louise Borges Silva
DOCENTE: César Costa Vitorino
COMPONENTE CURRICULAR: Prática pedagógica III
RESENHA: Literatura e educação, Gabriel Perissé.
PERISSÉ, Gabriel. Literatura e educação. 2. Ed. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2014.
Apresentado em seis capítulos, Gabriel Perissé, constrói Literatura e educação. Nele, é mostrada a literatura como uma das bases para educação e um dos meios de funcionamento da sociedade. Com o prefácio de Jean Lauand, a intenção do livro fica ainda mais clara, quando o leitor se depara com palavras tão claras sobre a importância da utilização da literatura com a educação, partindo do pressuposto que a educação desperta diversos aspectos emocionais, sensoriais e morais no aluno.
Seu primeiro capítulo, a palavra criadora de mundos, trata como a palavra transforma. Traz noções de como a palavra é importante para a formação do homem lógico, que se comunica com o uso dela, que se utiliza dela pra mostrar suas emoções, que tem um poder imenso de transformar, de ser viva, de ser provocadora. Traz também a palavra em um dos momentos mais mágicos que podem existir: o encontro com a palavra, que é muitas vezes quase relatado como uma dependência de escrever algo (caso do escritor Grahan Greene). Esse encontro com as palavras deve ser algo essencial, e desvinculado do processo de educar tradicional e intransponível, faz parte da educação verbal. E o que seria essa educação verbal? A criação de condições para que seu aluno tenha noção de como a linguagem se faz no mundo e nesse momento entra mais uma vez os escritores como auxiliadores dessa prática, uma vez que, quando se escreve, pode-se dar diversos significados a uma mesma palavra.
No segundo capítulo, temas vitais, tem-se inicialmente a discussão acerca da estética que nos é imposta e que, mesmo sem perceber, tomamos para vida. Quando isso ocorre, tudo a nossa volta parece sem sentido, não se consegue sentir nada, vivemos no automático, aparentemente sabendo o que faz da vida, mas não na vida. Isso transforma a relação ente apatia e irritabilidade em uma linha tênue, que nos faz transformar a aparente felicidade em uma euforia e posteriormente um sentimento melancólico, triste. Traz, por fim, uma reflexão baseada no pensador espanhol Alfonso López Quintás, que criou o método “lúdico-ambiental”, basicamente é um forma de ler mergulhando na obra, redescobrindo a todo momento o livro lido. Trazendo também o que seria argumento (o literal) e tema (o proposto). A leitura deve, então, ser um exercício de dialogal e como descoberta da realidade humana, transformando tudo isso em lucidez. Em sala de aula, o professor deve dar esse espaço para o aluno descobrirse através da leitura, dar caminhos para que ele possa tirar sua interpretação a partir de uma passagem do personagem, ou algo do tipo. Não deve impor, mas sugerir.
No terceiro capítulo, leitura e descobertas, mostra a leitura como aprendizado que se torne algo saboroso, algo com sentido e que não apenas sejam escolhidos livros somente pelo rótulo de best-sellers que carregam. Traz o que seria o diágoge como uma forma de reviver e isso junto com o exercício da literatura se torna uma descoberta. No entanto, quando esse habito não é feito com frequência transforma o leitor em alguém pobre, e não somente no sentido de argumentação e ideias, mas pobre de experiências vividas no ato de ler. A leitura verdadeira não é apenas a decodificação de termos, é mais. Nesse processo de leitura completo tira-se as lições de moral que cada história tem para dar, mesmo que, não necessariamente, estejam escritas e destacadas no papel, e que mesmo que a história da vida não seja como nos contos de fadas e nelas, as trágicas e cheias de percalços, que se tiram as melhores vivências. Mesmo que estejam sendo tratados temas comuns como paixão, quando trabalhados genialmente como no clássico Romeu e Julieta de Shakespeare, tira-se lições para a vida ou meios de sair de situações difíceis. E quando isso ocorre, quando a volta à realidade acontece, a literatura se faz em sua melhor forma, na forma de descoberta, de provocadora, de fazer seu leitor pensar e problematizar acerca do tema.
No quarto capítulo, os clássicos pessoais, inicialmente constrói a ideia de que as pessoas não são estimuladas corretamente para a leitura, como deveriam ser. Não há idade para iniciar o habito de leitura, desde muito pequenos, quando ainda nem saibam decodificar os termos, as crianças já podem ser inseridas na literatura. Em sala, não basta o professor dar diversos tipos de textos, mas não trabalha-los da forma correta, mostrando caminhos. Deve-se levar para a sala de aula o habito de ler, independente da rede que ensine, porém principalmente na rede pública, constantemente negligenciada. Tornar, para os alunos, algo educativo se tornará, no futuro, uma coisa terapêutica que, como se espera, promova mudanças, que ensine e que eduque. E a partir do momento que ele percebe a importância desse exercício, torná-lo um habito, serão escolhidos os tipos de literatura que mais o agrada, que mais ele consegue se identificar, transformará o livro em algo íntimo, em um amigo que sempre recorrerá quando sentir necessidade, quando sentir que aquele é o momento. O aluno, que tem essa ideia formada, sentirá que é preciso voltar àquela obra e revivê-la. O papel da escola, da universidade e dos meios midiáticos é, por tanto, apresentar esses clássicos, foco no apresentar e não impor, no momento que deixa de ser uma coisa prazerosa para se tornar uma tortura.
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