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Manual Barca do Inferno

Por:   •  31/5/2015  •  Trabalho acadêmico  •  3.139 Palavras (13 Páginas)  •  386 Visualizações

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MANUAL DA BARCA DO INFERNO

Aline Chaves, Raimundo Santos, Taiz Melo e Yuri Lopes [1]

RESUMO

Este trabalho tem como finalidade identificar na obra O Auto da Barca do Inferno, do poeta e dramaturgo português, Gil Vicente, obra essa que faz parte da famosa Trilogia das Barcas – O Auto da Barca do Inferno, O Auto da Barca do Purgatório e o Auto da Barca da Glória – os muitos símbolos, alegorias e entrelinhas contidos ao longo do texto, que definem a corrupção contida nas personagens da obra e fazer um comparativo com a realidade em que vivemos nos dias atuais, a fim de comprovar que como um bom clássico a obra é atemporal, e é aplicável a qualquer época.

Entende-se por Auto uma obra teatral curta, que tem como intuito instruir ou divertir. No caso d’O Auto da Barca do Inferno, ambas as características podem ser encontradas, pois trata-se de um auto moralista, que denuncia a corrupção e a falsa moral da sociedade através de personagens comuns que representam as diversas classes sociais do contexto histórico-social da época.

O Diabo é o personagem principal da obra, ele é a personificação do Mau, e conduz os que levaram uma vida de pecado ao Inferno, através da sua Barca; por outro lado, está o implacável Anjo, que conduz muitos poucos ao Céu, por meio da Barca da Glória.

No decorrer da obra, esses dois juízes vão apontando características sobre cada personagem; muitas delas com múltiplos sentidos, assim como diversas alegorias que podemos notar ao longo de toda a trama, sendo nosso objetivo aqui, apontar, identificar e discorrer sobre osdiversos sentidos de tais alegorias e onde, na atualidade, podemos identificá-las, seja nos indivíduos ou nas instituições.

Palavras-chave: Gil Vicente; Auto ; Barca do Inferno; Teatro Português; Poesia Portuguesa; Humanismo.

INTRODUÇÃO

 Este é um trabalho acadêmico, solicitado pela professora Martha Maldonado, professora da atual disciplina Literatura Portuguesa – Poesia, que tem como exigência a apresentação e subsequente postagem do mesmo para contemplação das Atividades Práticas Supervisionadas.

 O tema foi de livre escolha, contanto que o mesmo se baseasse em qualquer dos conteúdos abordados na disciplina supra-citada ao longo do semestre vigente.

 O tema em questão, Manual da Barca do Inferno, surgiu após constante leitura e pesquisa da obra, por meio da obra em si, de resumos e resenhas de outros alunos e estudiosos do assunto além de visualização de vídeos e documentários online.

 A obtenção do tema também foi de comum acordo entre os graduandos envolvidos no trabalho, após deliberação e debate sobre o tema em questão. A ideia original seria discorrer sobre toda a Trilogia das Barcas, e logo depois, apenas sobre a Barca do Inferno, mas, após mais deliberações, chegamos a conclusão de abordar apenas a obra O Auto da Barca do Inferno a fim de expor as entrelinhas do texto e de que forma elas denunciam a falsa moral e corrupção da sociedade da época por meio de alegorias, metáforas e toda uma simbologia característica dos personagens, fazendo uma comparação aos dias atuais.

 O objetivo aqui é de proporcionar aos leitores da obra uma visão além do texto, a fim de poder compreender o que cada personagem e seus trejeitos, apetrechos e manias representam – além de um estereotipo – e de que forma o autor via cada tipo de pessoa na sociedade a qual estava inserido. O leitor vai ser capaz de identificar que esta, mesmo sendo uma obra antiga, é atual, e sua crítica é aplicável da mesma forma, nos dias de hoje.

  1. BREVE INTRODUÇÃO A O AUTO DA BARCA DO INFERNO

Auto da Barca do Inferno (ou Auto da Moralidade) é uma complexa alegoria dramática de Gil Vicente, representada pela primeira vez em 1517. É a primeira parte da chamada trilogia das Barcas (sendo que a segunda e a terceira são respectivamente o Auto da Barca do Purgatório e o Auto da Barca da Glória).

Os especialistas classificam-na como moralidade, mesmo que muitas vezes se aproxime da farsa. Ela proporciona uma amostra do que era a sociedade lisboeta das décadas iniciais do século XVI, embora alguns dos assuntos que cobre sejam pertinentes na atualidade.

Diz-se "Barca do Inferno", porque quase todos os candidatos às duas barcas em cena – a do Inferno, com o seu Diabo, e a da Glória, com o Anjo – seguem na primeira. De facto, contudo, ela é muito mais o auto do julgamento das almas.

O Auto tem uma estrutura definida, não estando dividido em atos ou cenas, por isso para facilitar a sua leitura divide-se o auto em cenas à maneira clássica, de cada vez que entra uma nova personagem. A estrutura é vista pelo percurso cénico de cada personagem, que demonstra as suas acções enquanto "julgado".

Existe um percurso cênico padrão - as personagens começam por se dirigir à Barca do Inferno (que está mais enfeitada, que salta mais à vista), percebem que aquela barca se dirige ao "arrais infernal" e vão à Barca da Glória. As personagens que não podem entrar nesta barca, voltam à Barca do Inferno, onde acabam por ficar.

Embora o Auto da Barca do Inferno não integre todos os componentes do processo dramático, Gil Vicente consegue tornar o Auto numa peça teatral, dar unidade de acção através de um unico espaço e de duas personagens fixas "diabo e anjo".

A peça inicia-se num porto imaginário, onde se encontram as duas barcas, a Barca do Inferno, cuja tripulação é o Diabo e o seu Companheiro, e a Barca da Glória, tendo como tripulação um Anjo na proa.

As Alegorias[2] e seus reflexos na atualidade

 A peça inteira trata-se de uma alegoria, e é fácil constatar que cada personagem compreende uma alegoria isolada, todas fazendo alusão à sociedade na qual o autor estava inserido. O Desevolvimento da trama vai nos dando aos poucos, informações sobre a personalidade de cada personagem, não somente sua personalidade, mas como sua índole e seu caráter (ou falta dele).

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