Minha Gente
Artigos Científicos: Minha Gente. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: geovannaoncinha • 29/10/2014 • 3.282 Palavras (14 Páginas) • 311 Visualizações
Minha Gente (Sagarana) - Guimarães Rosa
Escrito por SOS Estudante.com
PERSONAGENS:
Doutor: O narrador é o protagonista. Só sabemos que é um "Doutor" por intermédio da fala de José Malvino, logo no início da narrativa: "( Se o senhor doutor está achando qlguma boniteza..."), fora isso, nem mesmo seu nome é mencioando. Santana: Inspetor escolar intinerante. Bonachão e culto. Tem memória prodigiosa. É um tipo de servidor público facilmente encontrável. José Malvino: Roceiro que acompanha o protagonista na viagem para a fazendo do Tio Emílio. Conhece os caminhos e sabe interpretar os sinais que neles encontra. Atencioso, desconfiado, prestitavo e supersticioso. Tio Emílio: Fazendeiro e chefe político, para ele é uma forma de afirmação pessoal. É a satisfação de vencer o jogo para tripudiar sobre o adversário. Maria Irma: Prima do protagonista e primeiro objeto de seu amor. É inteligente, determinada, sibilina. Elabora um plano de ação e não se afasta dele até atingir seus objetivos. Não abre seu coração para ninguém, mas sabe e faz o que quer. Bento Porfírio: Empregado da fazendo de Tio Emílio. É companheiro de pescaria do protagonista e termina assassinado pelo marido da mulher com quem mantinha um romance.
O CONTO:
O protagonista-narrador vai passar uma temporada na fazenda de seu tio Emílio, no interior de Minas Gerais. Na viagem é acompanhada por Santana, inspetor escolar, e José Malvino. na fazenda, seu tio está envolvido em uma campanha política. O narrador testemunha o assassinato de Bento Porfírio, mas o crime não interfere no andamento da rotina da fazenda. O narrador tenta conquistar o amor da prima Maria Irma e acaba sendo manipulado pro ela e termina casando-se com Armanda, que era noiva de Ramiro Gouvea. Maria Irma casa-se com Ramiro. Histórias entrecuzam-se na narativa: a do vaqueiro que buscava uma rês descagarrada e que provocara os marinbondos contra dois ajudantes; o moleque Nicanor que pegava cavalos usando apenas artimanhas; Bento Porfírio assassinado por Alexandre Cabaça; o plano de Maria Irma para casar-se com Ramiro. Mesmo contendo os elementos usuais dos outros contos analisados até aqui, este conto difere no foco narrativo ena linguagem utilizada nos demais. O autor utiliza uma linguagem mais formal, sem grandes concessões aos coloquialismos e onomatopéias sertanejas. Alguns neologismos aparecem: suaviloqüência, filiforme, sossegovitch, sapatogorof - mas longe da melopéia vaqueira tão gosto do autor. A novidade do foco narrativo em primeira pessoa faz desaperecer o narrador onisciente classíco, entretanto quando a ação é centrada em personagens secundárias - Nicanor, por exemplo - a oniscência fica transparente. É um conto que fala mais do apego à vida, fauna, flora e costumes de Minas Gerais que de uma história plana com princípios, meio e fim. Os "causos" que se entrelaçam para compor a trama narrativa são meros pretextos para dar corpo a um sentimento de integração e encantamento com a terra natal.
ANÁLISE DO CONTO MINHA GENTE
Por: Carla Heveline, Débora Sibelle e Valéria Batista.
O conto “Minha Gente” pertence às publicações da obra Sagarana (1946), situada no período literário contemporâneo, especificamente na geração de 45, época marcada pelo surgimento de novas tendências artísticas na cultura brasileira. Comprovando esse fato através da criação de toda uma individualidade quanto ao modo de escrever e criar palavras, transformando e renovando radicalmente o uso da língua
Tendo como autor João Guimarães Rosa nascido em Cordisburgo-MG em 1908, filho de comerciante, cursou medicina, vindo a trabalhar em várias cidades do interior de Minas Gerais, onde tomou contato com o povo e o cenário da região. Quanto ao seu reconhecimento literário veio mesmo na década de 50, quando da publicação de Grande Sertão: Veredas e Corpo de Baile, ambos de 1956.
Dentro desse contexto, Guimarães Rosa, introduz em suas obras, grandes novidades nas formas linguísticas da tradição regionalista, criando uma linguagem rica em coloquialismo próprios da fala sertaneja, como também neologismo com a intenção de reinventar palavras que caracterizem a imagem do caipira.
“é rastro, seu doutor... Estou vendo o sinal de passagem de um boi arribado. A estrada- mestra Deve de ter passado uma boiada. O boi fujão espirrou, e os vaqueiros decerto não deram fé” p. 217.
Além disso, notamos em suas obras a presença de temas, que fazem parte dos conflitos e inquietações do homem como: o bem e o mal, Deus e o diabo, a morte, a traição e algumas lições de vida. A morte como consequência de uma traição, na qual o traído procura na morte do traidor, recuperar sua honra manchada. “Não há... Não há... Não ouço mais o Bento. Há qualquer coisa estranha aqui... Há mais alguém aqui! Não tenho coragem de voltar o rosto... um grito de raiva, uma pancada, o t’bum n’água de uma queda pesada, como um pulo de anta..., Alexandre, o marido de calças arregaçadas. Só as calças arregaçadas, os pés enormes, em rendilha... Daí, a foice, na mão do Alexandre..., o morto não se vê. Está no fundo. p. 233 – 234.
A obra Sagarana, inova a partir do título da obra que através do hibridismo une o idioma brasileiro com a matriz européia, Sagarana, que vem de "SAGA", radical de origem germânica, que significa “canto heróico”, e "RANA", língua indígena, que significa “à maneira de”. Composta por nove contos, narrados no interior de Minas Gerais, Guimarães cria diversas experiências humanas, caraterizando o mundo regional através das paisagens e mitos do sertão.
O enredo se passa em dois momentos distintos, percorrido por nosso narrador personagem, que assim como no conto, inicia sua história a partir de uma viagem que o levará a fazenda de seu tio Emilio que Segundo GANCHO (2006) poderíamos classificá-lo como sendo a exposição, o começo da história. E é durante essa viagem que o nosso narrador-personagem descreve todo o cenário, por onde ele passa de uma forma que nos faz recriar a paisagem, em nossas mentes, a partir descrição das coisas.
“E a vista se dilatara: léguas e léguas batidas, de todos os lados: colinas redondas, circinadas, contornadas por fitas de caminhos e serpentinas de trilha de gado; convales tufados de mato musgoso; cotilédones de outeiros verde-crisoberil; casas de arraias...”p. 216.
Num segundo
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